A vitória dos partidos de direita que conduziram a Islândia à bancarrota em 2008 vem revelar que afinal a «solução» islandesa só na aparência resolveu os problemas do povo.
Nas eleições legislativas de abril, 29, o povo islandês infligiu uma pesada derrota aos partidos do governo cessante que perdem metade dos seus deputados.
A Aliança (sociais-democratas) caiu para 12,9 por cento, o que equivale a nove lugares, enquanto o seu aliado, Movimento Esquerda-Verde, obteve 10,9 por cento, ou seja sete assentos.
Ao invés, os partidos que tinham levado o país à insolvência e à recessão surgem revigorados, beneficiando com o descontentamento de grande parte dos eleitores que continuam a sofrer as consequências da crise.
Assim o Partido da Independência, de direita, ficou à frente com 26,7 por cento dos votos, o que lhe confere 19 assentos no parlamento.
O seu líder, Bjarni Benediktsson, que já reivindicou vitória nas eleições, deverá procurar o apoio do Partido Progressista, centrista e agrário, que obteve 24,4 por cento dos votos e outros 19 lugares na assembleia nacional.
O fato de ambos se manifestarem contra a adesão à União Europeia terá igualmente influenciado o eleitorado, em sua grande maioria contra a integração.
Todavia, as dificuldades económicas que enfrentam as famílias constituem seguramente a mais forte razão para este voto de protesto.
De acordo com estatísticas oficiais, uma boa parte tem atrasado o pagamento de aluguel ou das prestações do empréstimo imobiliário. E mais de um terço dos islandeses (36%) são incapazes de pagar uma despesa inesperada de mil euros.
A brutal queda no nível de vida deve-se em grande parte ao excessivo endividamento das famílias, que representa cerca de 100 por cento do Produto Interno Bruto.
As hipotecas para a compra de casas estão em geral indexadas à inflação o que se torna num pesado fardo para os islandeses.
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