O anúncio, dia 16, das leoninas condições do regaste ao Chipre provocou uma corrida às caixas multibanco na vã esperança de salvar as poupanças do confisco imposto aos pequenos aforradores.
O acordo estabelecido entre os ministros da Economia e das Finanças da zona euro apanhou os cipriotas de surpresa e deixou-os de mãos atadas.
Todos os depósitos bancários inferiores a 100 mil euros sofreram um confisco de 6,75 por cento, taxa que sobe para 9,99 por cento nos montantes superiores. Os juros devidos também não serão pagos.
A ação de muitos foi correrem às caixas multibanco ou tentarem fazer transferências bancárias. Mas as autoridades já tinham tomado medidas preventivas, retendo as quantias correspondentes ao imposto e impedindo transferências internacionais acima de determinado valor.
Através deste autêntico saque das poupanças dos trabalhadores e das pequenas e médias empresas (sabidamente, as grandes empresas têm sedes fiscais no estrangeiro e as fortunas não estão adormecidas em depósitos bancários), o governo de centro-direita obtém um encaixe estimado de 5,8 mil milhões de euros.
Em troca os parceiros da zona euros prometem uma injeção de dez mil milhões de euros, em vez dos 17 mil milhões que o país pretendia para sanear a banca hipertrofiada, cujos ativos (incluindo tóxicos) representam oito vezes o PIB do país.
A medida foi aplicada administrativamente, antes de ter sido discutida e aprovada no parlamento, e quebrou pela primeira vez desde o início da crise a intangibilidade dos depósitos até 100 mil euros.
Apesar de os dirigentes políticos asseverarem que se trata de uma «especificidade» cipriota, a verdade é que está aberto um grave precedente que coloca as poupanças das classes trabalhadores em toda a União Europeia sob a ameaça da rapina do grande capital.
Mas os planos da troika para o Chipre (o FMI também participa na operação) vão mais longe. As empresas passam a pagar 12,5 por cento de imposto, em vez dos atuais dez por cento, o IVA e outros impostos serão agravados, o Estado deverá emagrecer, perspectivando-se uma vaga de privatizações e de «reformas estruturais», com as graves repercussões sociais e económicas já conhecidas na Grécia e noutros países intervencionados pela troika.
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