Os dias rememorados durante a comemoração passaram para a história do continente como a primeira grande derrota militar estadunidense na América e símbolo da decisão dos cubanos de escolher, por eles mesmos, seu destino.
Desde a vitória das forças guerrilheiras, lideradas por Fidel Castro, em 1 de janeiro de 1959, a administração norte-americana viu com extremo desgosto as medidas adotadas pelos líderes do nascente Estado revolucionário.
Entre as muitas leis adotadas para beneficiar a população da ilha, a mais significativa foi a da Reforma Agrária, que expropriou a terra de vários latifundiários nacionais e de consórcios norte-americanos.
Washington começou então a pressionar e agredir economicamente Cuba, com a anulação da quota de açúcar, a proibição de exportar peças de reposição, além de acabar com o fornecimento de petróleo.
Se não fosse suficiente, os governantes da União implantaram um rigoroso e férreo bloqueio econômico impedindo o comércio com Havana, ainda vigente apesar de estarmos no ano 15 do terceiro milênio.
Em março de 1960, o então presidente Dwight Eisenhower, ordenou que a Agência Central de Inteligência (CIA) financiasse, recrutasse e treinasse uma força de exilados cubanos para invadir a nação caribenha.
A tropa, que imitava as unidades de assalto anfíbio do exército estadunidense, recebeu o apelido de Brigada 2506, à qual se incorporaram modernos equipamentos como blindados, armas automáticas e cerca de trinta aviões.
Despois de várias análises, a CIA escolheu como território para a invasão uma faixa de praia na Ciénaga de Zapata, região localizada ao sul da província ocidental de Matanças, área pantanosa com população escassa e poucas vias de acesso.
O Pentágono e a CIA concordaram em chamar esta Operação de Pluto, seu objetivo era, depois de desembarcar, isolar a zona, estabelecer um ponto seguro de resistência e formar um "governo" que chamasse as tropas dos EUA para ajudar.
A invasão começou na madrugada de 17 de abril de 1961 por Playa Larga, no arco superior da Bahia dos Porcos, e por Praia Girón, no flanco direito da enseada.
Os invasores chegaram de Puerto Cabezas, Nicarágua, em cinco barcos mercantis montados com artilharia e com os nomes Houston, Atlantic, Rio Escondido, Caribe e Lake Charles, além de contar com duas unidades de guerra LCI usadas pela marinha norte-americana.
Também dispuseram de três barcos LCU para transporte e desembarque de equipamentos pesados, e de outras quatro lanchas LCVP para carga e transporte de pessoal.
Depois de combates sangrentos que começaram no mesmo dia, as forças cubanas, dirigidas por Fidel Castro no próprio cenário dos acontecimentos, aniquilaram os invasores e libertaram Girón, último reduto inimigo, no dia 19 de abril, em menos de 72 horas.
A força atacante teve um total de 88 mortos e 1.197 prisioneiros, enquanto pela parte cubana caíram 155 combatentes com um número indeterminado de feridos.
Fidel Castro e a Revolução Cubana
Em março de 1952, Fulgencio Batista, general e político cubano, assumiu o controle da ilha e se proclamou presidente. Batista cancelou as eleições presidenciais, descrevendo seu novo sistema de governo como "democracia disciplinada"; apesar de ter recebido certo apoio por parte da população do país, cubanos vivenciavam o novo regime ditador.
Muitos grupos de oposição ao regime de Batista pegaram em armas contra o novo governo, dando início a Revolução Cubana. Um destes grupos era o "Movimento 26 de Julho" (MR-26-7), fundado pelo advogado Fidel Castro. Consistido de membros civis e militares, eles rapidamente começaram a treinar seus militantes para iniciar uma guerrilha contra as forças de Batista.
Entre 1956 e 1959, Fidel Castro liderou seus guerrilheiros contra o regime de Batista a partir das montanhas de Sierra Maestra. A repressão do governo e a má condição econômica da ilha tornou Fulgencio muito impopular e por volta de 1959, as forças de Batista já estavam em retirada. Em 1 de janeiro do mesmo ano, ele renunciou e fugiu para o exílio, levando consigo uma fortuna de 300 milhões de dólares.
O comando do país acabou caindo nos colos de Manuel Urrutia Lleó, que fora escolhido por Castro, enquanto os membros do MR-26-7 assumiram todo o novo gabinete de governo. Em 16 de fevereiro de 1959, Castro passou a ser o Primeiro-Ministro.
A ideia de derrubar o regime de Fidel Castro surgiu no começo dos anos 60 e emergiu dentro da Central Intelligence Agency (CIA), uma organização a serviço do governo dos Estados Unidos. Fundada em 1947 pelo chamado Ato de Segurança Nacional, a CIA era um "produto da Guerra Fria", tendo sido criada para servir, principalmente, nos serviços de contra espionagem contra a União Soviética. Com a ameaça crescente do chamado "comunismo internacional", a CIA expandiu suas atividades nas áreas econômica, política e militar, servindo aos interesses americanos.
O diretor da agência, Allen Dulles, era responsável por supervisionar todas as operações clandestinas pelo mundo e mesmo com ele sendo considerado um administrador ineficaz, Dulles era muito popular entre seus empregados, que o protegiam das acusações de abuso de poder e de ser defensor do Macartismo. (Macartismo: Período de intensa patrulha anticomunista, perseguição política e desrespeito aos direitos civis nos Estados Unidos que durou do fim da década de 1940 até meados da década de 1950). O diretor da agência, Allen Dulles e seu vice diretor, Richard M. Bissell, Jr., lançaram então a chamada "Operação Mongoose", que tinha por objetivo eliminar Castro e liquidar o regime comunista em Cuba.
Richard Bissell deu a Gerald Drecher, outro agente da CIA, a responsabilidade de recrutar cubanos anti-Castro que estavam vivendo nos Estados Unidos, e pediu a E. Howard Hunt para formar um governo no exílio entre os exilados, que seria de fato controlado pela agência de inteligência americana. Hunt viajou para Havana, a capital de Cuba, onde conversou com vários nativos. Ao retornar aos Estados Unidos, ele informou aos cubano-americanos que recrutou que eles teriam que mover sua base de operações da Flórida para a Cidade do México, já que o Departamento de Estado não permitiria o treinamento de uma milícia estrangeira em solo americano.
A Invasão da Baía dos Porcos (conhecida em Cuba como La Batalla de Girón ) foi uma tentativa frustrada de invadir o sul de Cuba empreendida por um grupo paramilitar de exilados cubanos anticastristas (a chamada Brigada de Asalto 2506). O grupo fora treinado e dirigido pela CIA, com apoio das forças armadas americanas. O objetivo da operação era derrubar o governo socialista de Fidel Castro.
O plano foi lançado em abril de 1961, menos de três meses depois de John F. Kennedy ter assumido a Presidência dos Estados Unidos. A arriscada ação terminou em fracasso americano. As forças armadas cubanas, treinadas e equipadas pelas nações do Bloco do Leste, derrotaram os combatentes do exílio em três dias e a maior parte dos agressores se rendeu.
O ataque a baía dos porcos fazia parte da chamada "Operação Mangusto", que tinha como objetivo derrubar o recém-formado governo comunista e assassinar o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro. Depois de três dias de combates, os invasores foram vencidos e Fidel declarou vitória sobre o "imperialismo americano".
Fidel Castro já esperava um ataque direto à ilha , tendo sido alertado previamente por Che Guevara, que presenciara um ataque semelhante durante a revolução ocorrida na Guatemala. Com a invasão iminente, Fidel anunciou em discurso no dia 16 de abril de 1961, pela primeira vez, o caráter socialista da revolução e, no dia seguinte, teve início o ataque à ilha, na Praia de Girón, localizada na Baía dos Porcos.
Através da CIA, o governo estadunidense treinou 1 297 exilados cubanos, a maioria deles baseados em Miami, para destituir o governo de Fidel Castro. Como o planejado apoio da Força Aérea Americana fora vetado pelo presidente Kennedy, temendo envolver o governo dos Estados Unidos de forma institucional e aberta, a operação foi lançada com pouco apoio logístico dos Estados Unidos e acabou fracassando. Castro, temendo uma nova invasão americana, decidiu apoiar a ideia russa de instalar mísseis nucleares no seu país, o que precipitaria em uma nova crise na região, desta vez com proporções bem maiores.
ATUAL CIÉNAGA DE ZAPATA
A Ciénaga de Zapata é uma região agreste, assento do maior e melhor conservado pântano do Carbe insular, conta com uma população de mais de nove mil pessoas distribuídas em 18 comunidades, por 4.520 quilômetros quadrados de extensão.
Estas características demográficas e geográficas convertem a região no maior município da maior das Antilhas e, por sua vez, na município com menor densidade populacional da ilha.
Com uma economia baseada nos ramos florestal, turismo, pesca e apicultura, o ambiente se transformou nos últimas 50 anos, com centenas de quilômetros de terraplenos, escolas e instalações de saúde.
Apesar de ser um território inóspito, dezenas de cenagueiros, como é chamada a população local, aprenderam computação em um Jovem Clube habilitado para o ensino dessas técnicas.
Suleydi Placencia, presidenta da Assembleia Municipal do Poder Popular (AMPP, prefeitura), comentou à Prensa Latina que começou seu trabalho como delegada de circunscrição, primeiro escalão de base da ordem governamental em Cuba.
Posteriormente, em 2005, foi eleita secretária da AMPP, em 2010 vice-presidenta do município e dois anos depois à máxima responsabilidade comunal dessa região, a cerca de 200 quilômetros sudeste de Havana.
Destacou que as autoridades executam um plano que inclui obras para melhorar as vias, a iluminação pública, reparação de escolas, moradias, círculos sociais e construção de estabelecimentos para venda de alimentos, entre outros edifícios.
"Todo o plano está concebido para oferecer maior qualidade de vida à população, que está consciente de que tudo feito aqui é obra da Revolução", destacou Placencia, Licenciada em Comunicação Social.
"O setor florestal tem desempenhado seu trabalho, não só de extração de madeira e exportação de carvão vegetal, mas também de conservação do meio mediante ações selvícolas", indicou.
Enfatizou que "é um orgulho muito grande celebrar no território a vitória de Praia Girón. O maior compromisso, com o povo e a Revolução, é que tudo seja bem feito".
Um museu localizado precisamente em Girón exibe em suas salas fotos, documentos, armas, munições e instrumentos de guerra em geral, além de vários objetos vinculados ao desembarque fracassado, uma página destacada na história de Cuba.
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