A presidenta Dilma Rousseff participa, nesta sexta-feira (12), em Itaguaí (RJ), da inauguração do prédio principal do estaleiro de construção de submarinos, que integra o complexo de Estaleiro e Base Naval da Marinha do Brasil. O edifício é a instalação mais importante do empreendimento e abrigará recursos técnicos e industriais que permitirão a fabricação de cinco submarinos, sendo quatro convencionais e um com propulsão nuclear.
O Estaleiro de Construção recebeu investimentos de cerca de R$ 9 bilhões e faz parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub). Ele tem previsão de terminar seus 22 mil m² de obras no final de 2015. Com isso, o Brasil vai poder, além de construir, projetar submarinos graças a um acordo de transferência de tecnologia firmado com a França, em 2008.
Para o coordenador-geral do Prosub, almirante-de-esquadra Gilberto Max, o conhecimento de projetar os submarinos é o grande diferencial do programa.
“O projeto é o que vai nos dar o conhecimento. O programa é baseado no seguinte tripé: transferência de tecnologia, nacionalização e capacitação de pessoal. Então, ao final do programa, nós temos a certeza de que o nosso País terá adquirido um salto tecnológico muito grande, que pode ser usada na indústria e nas universidades para que o conhecimento tenha continuidade”, afirma o almirante.
Segundo o almirante Max, um dos objetivos do programa é criar o projeto e a construção de submarinos de propulsão nuclear. Max ressalta que, apesar do intercâmbio com os franceses, a tecnologia nuclear é toda brasileira. Hoje o Brasil possui cinco submarinos, sendo quatro deles construídos no País.
Complexo de Estaleiro e Base Naval
Toda a obra do complexo de Estaleiro e Base Naval ficará pronta em 2021, quando os quatro submarinos convencionais do Estaleiro de Construção estarão prontos. Até lá, estão previstos 9.000 empregos diretos e 32.000 indiretos, com a participação de 600 empresas nacionais, promovendo a geração de emprego na região de Itaguaí. Na construção e projeto dos submarinos convencionais e com propulsão nuclear, serão cerca de 5.600 empregos diretos e 14.000 indiretos.
Dentro das iniciativas do Prosub, existem programas sociais para a região de Itaguaí, como cursos de formação de mão de obra para trabalhar no empreendimento, realizados no próprio canteiro de obras. Já foram formados 438 profissionais nas atividades de soldador, carpinteiro, eletricista, pedreiro, montador, armador e ajudante. Os programa oferecem ainda aulas de inglês e informática, com cerca de 200 alunos.
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Em 26 de setembro de 2008 foi criada a Coordenadoria-Geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (COGESN), dentro da estrutura organizacional da Diretoria Geral do Material da Marinha. Essa Coordenadoria tem as atribuições de gerenciar o projeto e a construção do estaleiro dedicado aos submarinos e de sua base; de gerenciar o projeto de construção do submarino com propulsão nuclear; e de gerenciar o projeto de detalhamento do submarino convencional a ser adquirido pela MB.
A COGESN foi criada pelo Comando da Marinha como forma de proporcionar uma melhor integração e sinergia entre todas as Organizações da Marinha, com foco no desenvolvimento de um submarino com propulsão nuclear. Essa criação tornou-se necessária, na medida em que, com a nova visão governamental no que tange à área nuclear e, em particular, à Defesa e à Segurança Nacionais, foram criadas condições para que a Marinha pudesse, mediante nova abordagem, levar adiante um empreendimento até aqui mantido no limiar da sobrevivência, à custa de sacrifícios orçamentários da própria Força Naval.
Desde o final da década de 1970, a MB desenvolve, nas dependências de seu Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), um programa de desenvolvimento de tecnologia nuclear, visando, por um lado, o domínio do ciclo do combustível nuclear, que logrou êxito em 1982, com a divulgação do enriquecimento do urânio com tecnologia desenvolvida pela MB. Por outro, o desenvolvimento de um protótipo de reator nuclear capaz de gerar energia para fazer funcionar a planta de propulsão de um submarino nuclear.
Paralelamente, para capacitar-se a construir submarinos, a MB, cuidou de adquirir, da Alemanha, a transferência de tecnologia de construção de submarinos, empregando, para tanto, o projeto do submarino IKL-209, à época, o modelo mais vendido no mundo. Foram, assim, construídos quatro submarinos no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), colocando a MB no limitado rol dos países construtores desses engenhos.
No momento, apenas dois países no mundo desenvolvem e produzem, simultaneamente, ambos os tipos de submarinos, o que limitou o campo de abordagem, respectivamente, à Rússia e à França. (Só foram considerados os fabricantes tradicionais. Pouco se sabe sobre o projeto chinês e os resultados obtidos. Na verdade, também eles vivem uma fase de aprendizado).
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