Nivaldo Inácio da Silva tem uma palavra para descrever o que é acordar às 6 da manhã, com a fivela de um capacete de segurança a apertar sufocante, nos 45 graus de calor no local da construção do novo estádio da Copa Mundo do Brasil de futebol: "liberdade"
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Ex-escravos - Valdomiro José da Silva, 28, e Nivaldo Inácio da Silva, 44 |
Eles agora estão ajudando a construir o estádio numa cidade oeste de Cuiabá como parte de um programa patrocinado pelo governo que treina ex "escravos" em competências como carpintaria e ajuda a inseri-los no mercado de trabalho regular.

"Estou feliz por ter a liberdade de fazer o que eu quero agora", disse Da Silva, 44 anos, que vive com os outros trabalhadores em habitação temporária fornecida no local pela empresa - e tem fins de semana livres. "Antes, tínhamos que dormir na selva. Agora, temos um horário de trabalho bom e boa comida. Não há nada a reclamar, porque tudo ficou melhor em nossas vidas." A história de como Da Silva e os outros chegaram ao local está enraizada em desafios econômicos do Brasil, passado e presente.
O Brasil importou mais escravos africanos do que qualquer outro país nas Américas, principalmente para o corte de cana. Enquanto a escravatura foi formalmente abolida em 1888, ainda há bolsões de escravos no Brasil, principalmente em fazendas e em áreas onde a floresta amazônica está sendo desmatada, onde as condições de trabalho são assustadoramente semelhantes aos do século 19.
Mesmo na cidade maior e mais moderna do Brasil, São Paulo, as autoridades muitas vezes descobrem trabalhadores em condições escravistas de produção em fábricas têxteis e roupas.
Mais de 2.600 pessoas foram "resgatados" do trabalho escravo em 2010, diz o Ministério do Trabalho. O governo do Brasil tornou o problema uma prioridade na última década, e expandiu a definição da escravidão em 2003, para incluir o trabalho forçado e condições degradantes de trabalho - uma definição mais ampla do que muitos países, diz Organização Internacional do Trabalho.
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Valdiney Arruda Lembro de meu pai dizendo que o Brasil só iria melhorar quando um trabalhador fosse presidente. Isso marcou a minha vida e passei a votar no Lula e a admirar o PT |
Programas governamentais, como a que colocou os trabalhadores no estádio de Cuiabá, que incluiu seis meses de treinamento no local, são essenciais para garantir que a escravidão finalmente desapareça para sempre no Brasil, diz Valdiney Arruda, o superintendente do Ministério do Trabalho em Mato Grosso.
"O maior desafio com frequência é provar a estas pessoas que são capazes"
"Como se deixa para trás uma vida toda em apenas seis meses? Não é fácil, mas eles estão conseguindo."
Valdiney Arruda - Superintendente do Ministério do Trabalho MT
"O maior desafio com frequência é provar a estas pessoas que são capazes"
"Como se deixa para trás uma vida toda em apenas seis meses? Não é fácil, mas eles estão conseguindo."
Valdiney Arruda - Superintendente do Ministério do Trabalho MT
Agora tenho um emprego!
Quando chegaram ao local do estádio em abril do ano passado, todos eram analfabetos, disse Simone Ponce, porta-voz do consórcio responsável pela obra. Muitos não estavam acostumados a seguir sequer instruções básicas, e penaram no início quando professores tentaram lhes ensinar desde leitura até técnicas de construção e como administrar seu dinheiro. "Alguns ficaram frustrados e começaram a dizer coisas como 'prestar serviço estava bom para mim', e outros estavam simplesmente assustados porque nunca tinham sido bem tratados por um empregador."

O programa tem sido igualmente útil para empresas.

"Treinamos nós mesmos estes homens, e como resultado vimos uma qualidade melhor no trabalho", disse Simone. "Eles são como uma família agora, então é mais provável eles ficarem do que outros. É quase como um programa de recursos humanos." "O que aconteceu aqui não é caridade", disse Arruda, do Ministério do Trabalho. "É uma troca. A empresa colhe o trabalho e a sociedade colhe pessoas produtivas."
O aprendizado não terminou
Ponce, porta-voz do consórcio, mostra com orgulho um álbum de fotos com imagens de quando levaram Durval Fernandes a um cinema pela primeira vez em sua vida - ele teve medo da escada rolante, mas gostou do filme.
"Agora estamos em uma situação digna, com boa comida e condições de trabalho adequadas" disse José Divino Pereira, de 57 anos, que trabalha como zelador no canteiro de obras.
Antes de atuar na principal obra do estado para receber a Copa do Mundo de 2014, ele enfrentava jornadas exaustivas e alojamento insalubre em uma fazenda no interior de Mato Grosso. "Mudamos as vidas de 25 pessoas, e se Deus quiser mudaremos as vidas de seus filhos", afirmou Ponce. "Temos aprendido muito com eles também."
Dilma - Contra o trabalho escravo
Durante sua campanha, Dilma fez o compromisso público firmado com a Frente Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e com a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) afirmando que o "combate ao trabalho escravo deverá ser prioridade da minha gestão". A presidente da República, segundo ).
Entre os pontos estabelecidos no acordo, estava o de apoiar a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional que prevê a expropriação de imóveis onde for encontrado trabalho análogo à escravidão (PEC 438/2001), que tramita no Congresso Nacional, e o de renunciar ao mandato caso seja descoberto trabalho escravo em suas propriedades, além de exonerar qualquer pessoa que ocupe cargo público de confiança que se beneficie deste tipo de mão-de-obra.
Entre os pontos estabelecidos no acordo, estava o de apoiar a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional que prevê a expropriação de imóveis onde for encontrado trabalho análogo à escravidão (PEC 438/2001), que tramita no Congresso Nacional, e o de renunciar ao mandato caso seja descoberto trabalho escravo em suas propriedades, além de exonerar qualquer pessoa que ocupe cargo público de confiança que se beneficie deste tipo de mão-de-obra.
A Frente Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, uma das organizadoras da carta-compromisso voltada aos candidatos a governos estaduais e à Presidência da República.
Integram a Frente Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, movimento suprapartidário:
A CUT – Central Única dos Trabalhadores, Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo no Senado Federal, Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo, Degradante e Infantil na Câmara dos Deputados, Secretaria de Direitos Humanos, Ministério Público do Trabalho, Procuradoria Geral do Trabalho, Secretaria de Inspeção do Trabalho – Ministério do Trabalho e Emprego, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Comissão Pastoral da Terra, Organização Internacional do Trabalho, Fórum Nacional da Reforma Agrária, CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura, MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, FETRAF – Federação dos Trabalhadores, CRS – Catholic Relief Services / Brasil, COETRAE/MA – Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo / Maranhão, COETRA/PA – Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo / Pará, COETRAE/TO Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo / Tocantins, CDVDH – Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia/MA, ONG Repórter Brasil, SINAIT – Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, ANAMATRA – Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho, ANPT – Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho, ANPR – Associação Nacional dos Procuradores da República, AMB – Associação dos Magistrados Brasileiros, AJUFE – Associação dos Juízes Federais, OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, ABRA- Associação Brasileira de Reforma Agrária, Movimento Humanos Direitos – MHuD, CEJIL – Centro Pela Justiça e o Direito Internacional, Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, ONG Atletas pela Cidadania, SDDH – Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, UGT – União Geral dos Trabalhadores, CSP – Central Sindical de Profissionais, CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores, CONLUTAS/ ANDES, INTERSINDICAL, CGTB – Central Geral Dos Trabalhadores Do Brasil, CNT – Central Nacional de Trabalhadores, entre outros.
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