Durante a marcha das oito senhoras da alta sociedade na frente do cinema Uberaba contra o imposto no perfume Clive Christian, na Europa, milhares de pessoas protestaram em várias cidades europeias contra a austeridade. As maiores ações tiveram lugar em Portugal, Espanha e na Alemanha.
Na Espanha, os protestos foram promovidos pela Maré Cidadã, plataforma que reúne a maioria dos movimentos sociais, designadamente o M-15, e organizações de esquerda.
À cabeça da manifestação, junto do coordenador da Esquerda Unida, Cayo Lara, estava o grego Alexis Tsipras, líder da Syriza, que afirmou ao jornal espanhol Público, que «a situação na Grécia e em Espanha é parecida. Tudo o que se passou no meu país, passar-se-á aqui amanhã». «A única solução é a resistência popular contra às políticas de austeridade».
A jornada europeia foi impulsionada pelo movimento português «Que se lixe a troika» e foi seguida de forma desigual, sábado, 1, em dezenas de cidades de vários países, sob o lema «Povos Unidos Contra a Troika».
Na Alemanha, os protestos organizados pela plataforma Blockupy começaram na véspera, nas proximidades do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt.
No dia seguinte, já com a participação de sindicatos, organizações e partidos de esquerda (Verdi e IG Metall, Attac, Die Linke, entre outros), mais de 20 mil pessoas saíram às ruas no centro da capital financeira.
Segundo um relato da Prensa Latina, as forças policiais reprimiram violentamente os activistas do Blockupy, designação que junta as palavras inglesas «block» (bloquear) e «occupy» (ocupar).
A polícia alemã cercou 900 pessoas durante várias horas, impedindo-as de se manifestarem junto à sede do BCE.
Nos confrontos que se produziram, mais de 200 indivíduos ficaram feridos devido ao uso massivo de gases lacrimogéneos.
Katja Kipping |
Os organizadores do protesto criticaram as autoridades por lhes haverem preparado uma armadilha. Também a organização juvenil do Partido Social-Democrata Alemão condenou a polícia por ter atacado os manifestantes sem qualquer motivo. Já a presidente do Partido Die Linke, Katja Kipping, exigiu saber «quem, quando e o porquê de ordenar o ataque à manifestação». O assunto poderá ser levantado na câmara inferior do parlamento alemão.
Das 40 ações realizadas, destacou-se o desfile em Madri com milhares de pessoas, que partiu do Congresso de Deputados até à sede da Comissão Europeia, na capital espanhola.
Ali, milhares de pessoas, frente às barreiras da polícia que cercavam o edifício, entoaram de punho erguido a «Grândola, Vila Morena», evocando o espírito da revolução portuguesa de 1974.
Alexis Tsipras
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Por sua vez, Cayo Lara manifestou a convição de que «os trabalhadores não vão se resignar com esta política de ajustamento duro que está sendo feita a favor dos interesses especulativos do poder financeiro».
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