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QUEM CONHECE AÉCIO NÃO VOTA EM AÉCIO

Clésio é Aecio - Processo contra Clésio Andrade corrói a campanha de Aécio Neves.


O depoimento do ex-senador Clésio Andrade, outrora poderoso vice-governador de Minas Gerais, na gestão do tucano candidato à Presidência da República, Aécio Neves, aparenta ser a gota de vinagre que faltava na campanha do PSDB ao Planalto. Foi descoberta pela Polícia Civil do Distrito Federal, na Operação São Cristóvão, uma roubalheira de mais de R$ 20 milhões dos cofres públicos, aparentemente liderada por Andrade, que participava dos esforços para a condução de Neves ao Planalto, ainda que discretamente. 

O tucano despencou nas intenções de voto e corre o risco de protagonizar a pior campanha do PSDB desde 1989. Arriscou passar pelo vexame de ficar em terceiro até mesmo em Minas Gerais. Em seu ouvido martelaram o avesso do slogan brizolista: ‘quem conhece o Aécio não vota no Aécio’. 

Segundo a polícia, o desvio de dinheiro ocorreu por meio de pagamentos elevados de gratificações a integrantes da diretoria e de contratações fraudulentas de serviços de autônomos. Parte desses recursos podem ter seguido para campanhas eleitorais, segundo policiais que investigam o caso. A Controladoria-Geral da União (CGU) constatou que os rendimentos e patrimônios das integrantes da diretoria do Sest/Senat são incompatíveis com os salários pagos. A justificativa apresentada pela direção da CNT é que o elevado valor recebido anualmente pelas diretoras deve-se ao pagamento de gratificações. A outra forma de desvio são serviços de fachada, contratados por valores superfaturados a pessoas com ligações na diretoria. Em muitos casos, os serviços sequer foram prestados.
Na operação, a polícia cumpriu 21 mandados de busca e apreensão, em Brasília e Minas Gerais. Inicialmente, foi presa Maria Pantoja, diretora executiva do Sest/Senat entre 1995 e 2013, que hoje trabalha em outra instituição vinculada à CNT. Também foram detidas Ilmara Chaves, coordenadora de Administração; Anamary Socha, assessora especial da Diretoria Executiva; e Jardel Soares, coordenadora de Contabilidade. Conforme a Polícia Civil do Distrito Federal, entre 25 e 30 pessoas podem estar envolvidas no esquema. Na operação, foram apreendidos 16 veículos, entre eles alguns carros de luxo, e dois cofres.
O fato de Andrade ser um político influente no Estado de Aécio Neves, ainda que nas sombras, desde o seu envolvimento com o conhecido ‘mensalão tucano’ e a renúncia ao mandato leva o eleitor a desconfiar do discurso moralista tucano.

Réu no processo do mensalão tucano em Minas Gerais, o ex-senador é apontado como suposto chefe do esquema. 
FONTE: Correio do Brasil


"Valerioduto Mineiro"

Na segunda metade dos anos 90, o empresário Clésio Andrade comprou participação em duas agências de publicidade situadas em Belo Horizonte: SMP&B e DNA Propaganda. Na época, ele era um político emergente, que se projetava usando propaganda pessoal. Clésio colocou para administrar as duas agências, o então bancário Marcos Valério. Todas as operações envolvendo o chamado “mensalão mineiro” ou "Valérioduto mineiro" tiveram essas duas agências como protagonistas.

Como sócio de Marcos Valério, Clésio teria articulado o esquema e colocado o publicitário para operar o caixa dois da eleição de 1998. Acabou substituindo Mares Guia na chapa com Azeredo e transformou-se no arrecadador da campanha.6 O Ministério Público alega que Andrade tinha plena consciência dos crimes cometidos no esquema, tanto que atuou como devedor solidário de empréstimos bancários fraudulentos. Teria recebido R$ 325 mil desviados dos cofres públicos do governo mineiro como contraprestação pelos serviços feitos em parceria com Valério e, por meio da empresa Carbo, além de receber recursos do esquema, teria repassado R$ 200 mil para a conta bancária da campanha eleitoral. Na lista formulada por Cláudio Mourão, responsável pelas finanças da campanha, consta que a SMP&B transferiu a políticos R$ 8,25 milhões como “doação” de Clésio Andrade.

Desvio de recursos sindicais
A Controladoria-Geral da União (CGU), órgão da Presidência da República, investigou a gestão de Clésio como presidente do sistema que engloba a CNT e duas outras entidades a ela ligadas, o Serviço Social do Transporte (Sest) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) e afirma ter identificado irregularidades. Os auditores acusam Clésio de, nos últimos anos, ter entregado mais de R$ 100 milhões a uma empresa e a um instituto que mantêm laços com ele próprio. Por isso, a CGU classificou como “irregular” a gestão de Clésio à frente do Sest e do Senat em 2011.

A empresa que aparece no relatório da CGU é a construtora Diedro, de Belo Horizonte. Entre 2008 e 2010, a Diedro ganhou oito dos 12 contratos para construir de unidades do Sest e do Senat. Com isso, faturou R$ 82 milhões.7

A CGU também identificou vínculos comerciais do senador Clésio com Bruno Bedinelli Filho, dono da Diedro. Bedinelli vendeu a Clésio, em 2009, uma fazenda no interior de Minas Gerais por R$ 12 milhões. No mesmo ano, Sest e Senat promoviam licitações em que a Diedro, de Bedinelli, participava e ganhava. Isso, para a CGU, caracteriza “interesse econômico entre os envolvidos (Clésio e Bedinelli)”.

A segunda parte das irregularidades apontadas pela CGU envolve o repasse de R$ 26 milhões do Sest e do Senat ao Instituto Assistencial do Transporte – Rhodes entre 2004 e 2011. Causou estranheza à CGU o fato de o presidente do Instituto Rhodes ser o mesmo do conselho do Sest e do Senat – ele mesmo, Clésio Andrade. Do total do dinheiro amealhado pelo Rhodes, quase R$ 22 milhões desapareceram, de acordo com os auditores.

Nos anos de 2003 e 2004, a CNT – presidida por Clésio – protagonizou uma operação considerada suspeita pelo Ministério Público (MP) de Minas Gerais. De acordo com o MP, uma assessora de Clésio comandou um esquema em que R$ 31 milhões foram sacados pela CNT na boca do caixa de diversas agências bancárias.8 Esses valores faziam parte de um montante de R$ 46 milhões, destinados pelo Sest e pelo Senat a duas entidades: o Instituto de Desenvolvimento, Assistência Técnica e Qualidade em Transporte (Idaq) e o Instituto João Alfredo Andrade (IJAA). Os promotores afirmam que, a exemplo do que ocorreu com o Instituto Rhodes, não houve prestação de contas. Parte dos saques, cerca de R$ 7 milhões, foi feita na mesma agência do Banco Rural em Brasília.


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