FOTOS DA CONSTRUÇÃO DA USP LESTE - VISITA DO Geraldo Alckmin no local
Alckmin esteve na USP-Leste para vistoriar em 2005 o prédio que estava em construção.
“Temos três reivindicações: por um ambiente sadio de trabalho, por mais informações e acesso a laudos e documentos e pela apuração das responsabilidades”
São Paulo tem mais de 1500 terrenos contaminados
Só a capital e a Região Metropolitana respondem por quase 70% da poluição do solo no estado. Professores da USP Leste fazem greve contra contaminação
- Campus da USP Leste: professores fazem greve por não ter um laudo sobre a contaminação do terreno (Foto: Marcos Santos / USP Imagens )
A capital tem 1 573 terrenos contaminados por gases tóxicos, resíduos químicos e detritos industriais que podem fazer mal à saúde. Somados às outras 1 646 áreas contaminadas no restante da Região Metropolitana, a Grande São Paulo responde por 69% da poluição do solo em todo o estado. Os dados são da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) referentes ao último relatório sobre o tema, de 2012. A quantidade de áreas contaminadas aumentou 10% em relação ao ano anterior.
O assunto voltou à tona após professores da USP Leste decretarem greve depois de a Cetesb constatar a contaminação por gás metano do solo da universidade. Em 2 de agosto, a companhia autuou a USP alegando que o solo é "prejudicial à segurança, ao uso e ao gozo da propriedade". Mesmo com os problemas no terreno, a entidade emitiu no ano passado a licença de instalação que permite o funcionamento do campus. A greve afeta cerca de 4 000 alunos em dez cursos.
Os professores da USP Leste já vinham acompanhando os laudos da Cetesb desde o ano passado e, segundo a professora Adriana Tufaile, dos cursos de Ciências da Natureza e Gestão Ambiental, a gota d’água foi a instalação de uma placa que interdita uma área. “Temos três reivindicações: por um ambiente sadio de trabalho, por mais informações e acesso a laudos e documentos e pela apuração das responsabilidades”, afirma.
De acordo com ela, o aterro foi feito irregularmente em local de proteção ambiental. “Esse aterro foi realizado em troca de um serviço de terraplanagem sem contrato, sem licitação e, junto com a terra contaminada, veio lixo e entulho de construção civil.” Tufaile diz que os docentes só voltarão ao trabalho depois de terem seus pedidos acatados.
Segundo a universidade, a USP Leste foi construída em "área ambientalmente problemática", ou seja, a instituição sabia que o local era área de lixão, com resíduos orgânicos retirados do Rio Tietê. Afirmou, entretanto, que "dentre as opções possíveis à época de sua instalação, esta se mostrou a mais adequada". Para tentar remediar o problema, contratará uma empresa particular para analisar e monitorar o gás metano e, posteriormente, realizar a descontaminação gradual. "As exigências estão sendo cumpridas na medida do possível, levando em consideração os mecanismos de contratação de serviços por meio de processos licitatórios", diz em nota a USP.
Para o pneumologista Nelson da Cruz Gouveia, professor de Medicina da USP e especialista em saúde ambiental e contaminação química, o risco à saúde em casos como esse varia de acordo com o agente contaminante. "Há situações, por exemplo, onde a contaminação afeta áreas subterrâneas e chega a lençóis freáticos e a poços artesianos, por isso não é recomendável beber a água do lugar. Uma pessoa também pode ter problemas respiratórios ao inalar poeira contaminada”, diz. Gouveia atribui a grande quantidade de terrenos poluídos à própria urbanização da cidade. “É uma consequência da industrialização, mas existem maneiras de remediar e impedir o risco à população.”
Outros casos
De residenciais de luxo a shoppings, a Cetesb já detectou contaminação do solo de vários empreendimentos na Região Metropolitana. O caso polêmico mais recente foi o do Shopping Center Norte, contaminado também por gás metano, como na USP Leste. Em 2011, a prefeitura chegou a fechar o centro de compras por dois dias.
Confira outras histórias de terrenos contaminados:
- 1 de 8 Terreno da USP Leste logo antes da construção da universidade (Foto: Cecília Bastos )
- 2 de 8 Os prédios do Shopping Center Norte, do Expo Center Norte, Novotel e Conjunto Habitacional Cingapura, todos na região de Santana, na zona norte, foram construídos em áreas contaminadas ou com suspeita de contaminação por gás metano. O shopping chegou a ser interditado em 2011 pelo então prefeito Gilberto Kassab. (Foto: Mario Rodrigues )
- 3 de 8 Em 2000, durante uma reforma, parte do terreno do Condomínio Barão de Mauá, na Grande São Paulo, explodiu e matou um funcionário. O solo tem resíduos industriais remanescentes de uma fábrica de amortecedores e gases inflamáveis. Até hoje, moradores lutam na Justiça por indenização. (Foto: Cetesb/Divulgação )
- 4 de 8 Na zona oeste, o Parque Villa-Lobos também tem suspeita de contaminação. Em pelo menos um ponto do parque já foi detectado gás metano. Antes de ser parque, o local era um depósito de lixo oriundo do Rio Pinheiros (Foto: Cida Souza )
- 5 de 8 Com passado industrial, o bairro da Mooca, na zona leste, é uma das regiões da cidade com mais áreas contaminadas. São 121, de shopping a hospital, passando por empreendimentos imobiliários e terrenos abandonados. (Foto: Daniel Valentia/ Agência Estado )
- 6 de 8 Com apartamentos avaliados em R$ 1 milhão, os condomínio Mansão Imperial e Nova Petrópolis Prime Life, em São Bernardo, foram notificados pela Cetesb em 2012. Mesmo sem risco de explosão, a água do lençol freático é imprópria para uso. No passado, a área pertencia a uma fábrica de plásticos. (Foto: Divulgação )
- 7 de 8 A comunidade de Heliópolis, na zona sul, tem águas subterrâneas contaminadas por metais, benzeno e cloreto de vinila, entre outros. (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress )
- 8 de 8 Os pontos vermelhos e laranjas mostram as áreas contaminadas no Estado. A concentração é maior na Região Metropolitana de São Paulo (Foto: Cetesb/Divulgação)
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