BRASIL - REGULAÇÃO DA MÍDIA EM PAUTA - UMA DAS DIRETRIZES FUNDAMENTAIS DO PROGRAMA DE GOVERNO PT 2014
A América Latina está em ebulição em matéria de regulação dos meios de
comunicação.
É uma tentativa de superar a histórica letargia do Estado diante da
avassaladora concentração das indústrias de informação e entretenimento nas
mãos de um reduzido número de corporações, quase sempre pertencentes a
dinastias familiares. Cabe ao Estado um papel regulador, harmonizando anseios
e zelando pelos direitos à informação e à diversidade cultural.
A atualização dos marcos regulatórios da comunicação em diferentes
países da América Latina mostra vontade política dos governos e apoio da
população para dar maior pluralidade e diversidade a um setor estratégico
para a consolidação da democracia.
É inadiável a necessidade de regular o sistema de comunicação sob
concessão pública. Em primeiro lugar, devemos ressaltar a importância
estratégica das políticas públicas de comunicação para redefinir o setor de
mídia em bases mais equitativas, combatendo assimetrias que têm favorecido a
iniciativa privada (hoje, predominantemente nas mãos de de poucas famílias poderosas,
que são associadas a corporações transnacionais). Está em questão proteger e
valorizar as demandas coletivas frente à voracidade mercantil que prospera à
sombra da convergência entre as áreas de informática, telecomunicações e
mídia, tornada possível pela digitalização.
AS NOVAS LEIS Na Venezuela (2000), na Argentina (2009) e na Bolívia
(2011) foram aprovadas normas para regulamentar a atividade de comunicação.
No Equador, em dezembro de 2011, a Assembléia Nacional discutiu novas regras
para o setor. O México possui uma legislação aprovada em 1995, que não impõe
restrições ao capital externo. No Brasil, o debate sobre uma nova legislação
faz parte da demanda de diversos setores sociais.
ARGENTINA
A legislação mais abrangente e detalhada para o setor de comunicações
dos anos recentes foi promulgada na Argentina, em 2009. A própria presidente
Cristina Kirschner presidiu reuniões na Casa Rosada com líderes sindicais e
estudantis, proprietários de empresas de comunicação, produtores
independentes, reitores de universidades, diretores e professores das
faculdades de comunicação, líderes de igrejas e associações de rádios e
televisões comunitárias para apresentar idéias e sugestões.
A Ley de Medios, promulgada em outubro de 2009, é longa – 166 artigos
– e cheia de remissões a outras normas. Ela representa uma resposta ousada à
supremacia dos meios de comunicação no jogo político, social e cultural da
atualidade. A Ley propõe mecanismos destinados à promoção, descentralização,
desconcentração e incentivo à competição, com objetivo de barateamento,
democratização e universalização de novas tecnologias de informação e
comunicação.
Alguns pontos da lei argentina merecem destaque:
– Democratização e universalização dos serviços;
– Criação da Autoridade Federal dos Serviços de Comunicação
Audiovisual, órgão autárquico e descentralizado, que tem a função de aplicar,
interpretar e fiscalizar o cumprimento da lei;
– Criação do Conselho Federal de Comunicação Audiovisual da defensoria
pública de serviços de comunicação audiovisual, para atender reclamações e
demandas populares diante dos meios de comunicação;
– Combate à monopolização – nenhum operador prestará serviços a mais
de 35% da população do país. Quem possuir um canal de televisão aberta não
poderá ser dono de uma empresa de TV a cabo na mesma localidade;
– Concessões de dez anos, prorrogáveis por mais dez;
– Reserva de 33% dos sinais radioelétricos, em todas as faixas de
radiodifusão e de televisão terrestres em todas as áreas de cobertura para as
organizações sem fins lucrativos;
– Os povos originários terão direito a dispor de faixas de AM, FM e de
televisão aberta, assim como as universidades públicas.
BOLÍVIA
Em 10 de agosto de 2011, as tecnologias ou promulgou lei geral de telecomunicações, informação e comunicação do presidente Evo Morales, que estabelece hum um quadro regulamentar para Propriedade privada e rádio e fiador VÁRIOS Televisão DIREITOS anos POVOS chamados de origem. Ou legal CRIOU also dispositivo hum Processo Licitação pública para Concessões como, e estipulou requisitos Serem cumpridos casca Concessionárias privado.
A norma é menos abrangente que sua correspondente argentina, mas
caminha na mesma direção: fortalecer instrumentos legais do poder público na
supervisão da atividade de comunicação. Assim, o espectro redioelétrico, nos
termos da lei, segue em mãos do Estado, “que o administrará em seu nível
central”.
A grande novidade do conjunto de normas, que envolve 113 artigos, é a
distribuição de frequências por setores: Estado, até 33 por cento; Comercial,
até 33 por cento; Social comunitária, até 17 por cento e Povos indígenas,
camponeses e comunidades interculturais e afrobolivianas, até 17 por cento.
As concessões das frequências do Estado serão definidas pelo Poder
Executivo. Já para o setor comercial, haverá licitações públicas e no caso do
setor social comunitário – povos originários, camponeses e afrobolivianos
–,as concessões serão feitas mediante concurso de projetos, com indicadores
objetivos. A lei estabelece ainda que a sociedade civil organizada
participará do desenho das políticas públicas em tecnologia de
telecomunicações, tecnologias de informação e comunicação e serviço postal,
exercendo o controle social em todos os níveis de Estado sobre a qualidade
dos serviços públicos.
Por fim, a lei afirma que todas as instâncias de governo – federal,
provincial e municipal – garantirão espaços para a organização popular
exercer esse direito.
VENEZUELA
Na Venezuela, a Lei Orgânica de Telecomunicações foi aprovada em março
de 2000. Trata-se de uma norma extensa, com 224 artigos, que “estabelece um
marco legal de regulação geral das telecomunicações, a fim de garantir o
direito humano das pessoas à comunicação e à realização das atividades
econômicas de telecomunicações necessárias para consegui-lo, sem mais limitações
que a Constituição e as leis”.
A lei também reserva a exploração dos serviços de telecomunicações a
pessoas domiciliadas no país. O órgão responsável por supervisionar os
serviços é o Ministério da Infraestrutura, e foi criada a Comissão Nacional
de Telecomunicações (Conatel), “instituto autônomo, dotado de personalidade
jurídica e patrimônio próprio (...) com autonomia técnica, financeira,
organizativa e administrativa” para “administrar, regular, ordenar e controlar
o espaço radioelétrico”.
O tempo de concessões de frequências de rádio e televisão é estipulado
para um período máximo de 15 anos, podendo ou não ser prorrogado. E foram
estabelecidas sanções aos concessionários que vão de admoestação pública,
multa, e revogação da concessão à prisão dos responsáveis.
A nova legislação também regulamenta o mercado secundário de
concessões.
A subscrição de um acordo de fusão entre empresas operadoras de
telecomunicações, a aquisição total ou parcial dessas companhias por outras
empresas operadoras assim como a divisão ou criação de filiais que explorem
os serviços de telecomunicações, quando impliquem mudanças no controle sobre
as mesmas deverão submeter-se à aprovação da Comissão Nacional de
Telecomunicações.
BRASIL
No Brasil, onde ainda vigora o Código Nacional de Telecomunicações de
1962, apesar da vigência de novas normas – como a Lei do Cabo (1994) e da Lei
da TV Paga (2011) – não há uma regulação abrangente nessa área. Uma parcela
expressiva da sociedade organizada (movimentos populares e entidades
empresariais) e representantes do Estado realizaram, no fim de 2009, a I
Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), onde se destacaram seis pontos
centrais: um novo marco regulatório para a comunicação, a regulamentação do
artigo 221 da Constituição Federal (que trata da regionalização da
programação da televisão), os direitos autorais, a comunicação pública
(radiodifusão estatal), o marco civil da internet e a concretização do
Conselho Nacional de Comunicação.
Regulação da mídia entra na pauta do programa de governo do PT
/ Por Agência PT
O documento de Diretrizes do Programa de Governo, aprovado nesta segunda-feira (26), pela Comissão Executiva do partido, incluiu o tema da regulação dos meios de comunicação como condição para a democratização da mídia no Brasil. A proposta havia sido levantada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no 14º Encontro Nacional do PT, no começo deste mês. De acordo com o documento, a regulação é uma forma de impedir a prática de monopólio, mas sem qualquer forma de censura, limitação ou controle de conteúdo. Para o secretário-geral do PT, deputado Geraldo Magela (DF), o processo de democratização da comunicação no Brasil tem que ser feito por meio de ampla participação social. “Temos que propor métodos e formas para que isso seja feito”, diz Magela. “Esse debate tem que conter todos os segmentos envolvidos como a mídia e os sindicatos de jornalistas”, afirma. Além disso, foram discutidas a campanha presidencial 2014 e outros pontos das diretrizes do programa de governo do PT. Segundo o vice-presidente do partido, deputado José Guimarães (PT-CE), a reunião foi centrada na ideia de unidade partidária. “Com a situação favorável, então agora precisamos trabalhar, organizar os comitês pró-Dilma em todos os estados”, garante. Por Janary Damacena, da Agência PT de Notícias
CONVERSA AFIADA – PAULO HENRIQUE
AMORIM
Publicado em 04/02/2014
FRANKLIN: LEY DE MEDIOS
É PARA TER MAIS VOZES E NÃO MENOS
O Brasil não cabe no cercadinho do oligopólio,
não é Bernardão ?
A regulação da mídia no Brasil, as
eleições de 2014 e o papel dos blogs alternativos foram os principais
assuntos tratados na entrevista com o
ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do Brasil no
governo do Presidente Lula, Franklin Martins, que esteve no programa
Contraponto, da TVT.
Com Eduardo Guimarães, do Blog da
Cidadania, Maria Inês Nassif, Rodrigo Viana, do Escrevinhador, e Paulo Donizete,
da Rede Brasil Atual, Franklin fez questão de refutar, mais uma vez, qualquer
propósito de censurar com a Ley.
(O Conversa Afiada insiste em falar
em “Ley de Medios” para ressaltar a inferioridade política do Brasil em
relação à Argentina e à maioria dos países sul-americanos. PHA)
“A regulação não é para calar
ninguém. É para permitir que mais correntes da sociedade possam se
expressar,” disse.
“No mundo inteiro existe regulação
e aqui a grande mídia tenta interditar o debate. O Brasil cresceu muito para
caber num cercadinho do oligopólio na comunicação.”
Como ministro de Lula, Martins
escreveu um projeto que permite regulamentar a Comunicação.
(O sucessor, no Governo da
Presidenta Dilma Rousseff, Paulo Bernardo, lançou-o à gaveta e, agora, deu
para ressuscitá-lo, com o intuito de salvar a Globo e as teles e, não, a
liberdade de expressão. - PHA)
De 1962, o Código Brasileiro de
Telecomunicações, nas palavras de Franklin, “não rege coisa nenhuma”: é
preciso atualizá-lo.
O jornalista vê com preocupação a
discrepância no faturamento da internet se comparado aos demais veículos de
comunicação, o que coloca em risco a sobrevivência de rádios e televisão, por
exemplo.
“As telecomunicações faturam
anualmente 13 vezes mais do que a radiodifusão. O Google só perde para a
Globo em recebimento de publicidade, e não paga imposto nem emprega no
Brasil.”
A diferença de quantia destinada
aos veículos e os específicos gastos de cada um deles reforçam a ideia de
modernização do Código.
” [No jornal impresso] dois terços
dos gastos são só com papel, impressão e distribuição”.
Confesso leitor dos blogs sujos,
Franklin não deixou de opinar sobre o Marco Civil da Internet ao defender a
neutralidade da rede.
Sem ela, “o risco é que haja
censura por meio econômico, ao taxar serviços.”
Questionado sobre o conceito de
mídia técnica, o ex-ministro explicou que consiste em cada emissora ter
acesso à publicidade de acordo a audiência que o veículo tem.
Segundo ele, o Bônus por Volume, o
BV, usado pela Rede Globo, é incorreto
e favorece ainda mais a concentração de mercado.
Franklin Martins enalteceu o papel
desempenhado por blogueiros, a quem credita terem feito uma revolução na
forma de se comunicar.
Para ele, com o fim do modelo de
leitor passivo, aquele que apenas recebe conteúdo sem questionar, os blogs
têm função importante que é dar uma nova versão sobre determinados assuntos.
E ter espaço para o feedback.
“É como o grilo falante do
personagem Pinóquio. Quando ele mentia, o inseto o aconselhava”, disse
Franklin para retratar o que faz a mídia alternativa em relação ao que é
noticiado pela grande imprensa.
Ainda pediu para que “os blogs
fossem além e começassem a produzir conteúdos próprios”
“Dilma deverá mostrar o legado e
mostrar que há novas transformações a serem feitas que só podem ser
executadas por quem já transforma o Brasil”
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=nXYpAoWxdDI # t = 4509
Nenhum comentário:
Postar um comentário