“O país não pode ir à falência, não pode expulsar 300 mil pessoas do seu país, nem pode colocar 1,5 milhões de pessoas no desemprego, nem ter baixos salários. Isto não é uma forma de viver no século XXI”.
A estudiosa Raquel Varela voltou a tocar nos temas mais sensíveis da política em Portugal, tecendo vários reparos à forma como é vergado o povo para o sustento da banca.
Raquel Varela - Investigadora do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, onde coordena o “Grupo de Estudos do Trabalho e dos Conflitos Sociais”
À margem da Conferência Internacional do Observatório para as Condições de Vida, a decorrer em Lisboa, a investigadora voltou a tocar nos temas mais sensíveis da política, criticando a forma como os portugueses estão a ser tratados pela esfera política.
“O país não pode ir à falência, não pode expulsar 300 mil pessoas do seu país, nem pode colocar 1,5 milhões de pessoas no desemprego, nem ter baixos salários. Isto não é uma forma de viver no século XXI”.
Raquel Varela crítica o apoio que se deu à banca em detrimento das pessoas, dizendo que o ‘país pode ir à falência, mas a banca não’.
“O princípio de uma sociedade em que os países podem ir à falência, mas os bancos não, é insustentável”.
Raquel Varela atira os seus próprios números do desemprego e a forma precária como a maioria dos que ainda tem emprego trabalham.
“O nosso cálculo é que, neste momento, há cerca de 1,4 milhões desempregados reais e cerca de dois milhões de trabalhadores em situação de grande precariedade”, salientou a investigadora.
Ela menciona ainda problemas de saúde com os trabalhadores precários, relacionados com os vários tipos de pressão sofridos no trabalho, por estes estarem sempre no ‘fio da navalha’.
Também a filosofia dos salários baixos em Portugal é criticada por Raquel Varela, dizendo que pessoas que não ganham bem, também não podem trabalhar bem.
“Baixos salários e precariedade não garantem nenhuma forma de trabalhar bem. Pelo contrário, há um desgaste grande na qualidade, na formação e na capacidade de trabalho” das pessoas.
Os desempregados com mais de 45 anos e com o 6º ano de escolaridade (ou menos) também mereceram a atenção. A mesma alerta para o perigo destas pessoas não voltarem ao mercado de trabalho e de terem a sua vida familiar e afetiva destruída.
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