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COMISSÃO DA VERDADE - DEPOIMENTO DE MÁRIO OTTOBONI ESCLARECE COMO FUNCIONAVA O SISTEMA GOLPISTA DA DITADURA



Os Idos de 1964 em São José dos Campos.


OS ANOS 70

O início dos anos 70 são considerados os "anos de chumbo" para a América Latina, marcados por golpes militares, que inauguraram ditaduras assassinas em quase todo continente, destacando-se Bolívia (agosto de 1971), Chile (setembro de 1973) e Argentina (março de 1976), entre outros.
No Brasil, onde os militares já estavam no poder desde 1964, a ditadura ganhou força com a publicação do Ato Institucional n0 5 em dezembro de 1968. Em outubro de 1975, o jornalista Wladimir Herzog, militante do Partido Comunista Brasileiro, é torturado e assassinado numa cela do DOI-Codi em São Paulo. Destacam-se ainda a morte sob tortura do metalúrgico ligado ao PCB Manuel Fiel Filho, também no DOI-Codi de São Paulo e o fuzilamento de dois dirigentes do PcdoB em 1976.
Nesse mesmo ano, Jimmy Carter elegia-se presidente dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, com uma campanha baseada na luta pelos direitos humanos, o que poderia representar o fim da colaboração dos EUA com as ditaduras militares na América Latina.
Em setembro de 1977 o jornalista norte-americano Jack Anderson divulgou uma carta redigida pelo coronel Manuel Contreras, chefe da polícia secreta do Chile, endereçada ao general João Batista Figueiredo, chefe do Serviço Nacional de Informações, que em 1979 sucedeu o general Ernesto Geisel na Presidência da República. Na carta, datada de 28 de agosto de 1975, Contreras mostra-se preocupado com a recente eleição nos EUA e os defensores dos direitos humanos na América Latina, citando entre eles o ministro do Chile Orlando Letelier e Juscelino Kubitschek : "Também temos conhecimento das posições de Kubitschek e Letelier, o que no futuro poderá influenciar seriamente a estabilidade do cone sul de nosso hemisfério. O plano proposto por você para coordenar a ação contra certas autoridades eclesiásticas e políticos da América Latina, conta com o nosso decisivo apoio".
Coincidência ou não, Juscelino e Letelier morreram pouco depois da data da correspondência. Juscelino morreu num acidente de carro em 22 de agosto de 1976 ( tiro na cabeça do seu motorista) e Letelier num atentado a bomba em 21 de setembro. Em 6 de dezembro era a vez de João Goulart, que com 58 anos morria (envenenado!) declarado como enfarte na sua fazenda na Argentina.

História do ITA 

Em janeiro de 1946, surgiu a primeira Comissão de Organização do Centro Técnico de Aeronáutica - CTA. À frente da Comissão, o Cel. Casimiro Montenegro Filho buscou as escolas que mais se destacavam no ramo nos Estados Unidos. Visitou o MIT (Massachussetts Institute of Technology) e o Wright Field, centro de formação de pessoal para a Força Aérea Americana. Escolheu uma estratégia definida pela trilogia ensino, pesquisa e indústria. Montou uma equipe de oficiais da Aeronáutica, recebeu assessoria do Prof. Reitor Richard Harbert Smith, e começou, em 1948, a transformar o sonho em realidade.
Em 1950, nasceu o ITA em São José dos Campos, e o primeiro Curso de Engenharia Aeronáutica. Em 1953, no mesmo local, implantou-se o CTA (Centro Técnico de Aeronáutica), que, em 1969, se tornou Centro Técnico Aeroespacial.
20 anos depois, em 1970, o Governo Brasileiro fundou a Embraer - Empresa Brasileira de Aeronáutica. Em 1994, a Embraer foi privatizada e se tornou a 4a. maior indústria de aviões do mundo.


1971

O CPOR é tornado obrigatório para todos os alunos civis matriculados no ITA por ato ministerial de 9 de março desse ano.

1972

O ato ministerial, devidamente regulamento em lei entra em vigor. Porém, alunos com problemas que impedissem seu ingresso no CPOR foram matriculados no ITA sem maiores problemas.

1973

Os candidatos fisicamente inaptos ao CPOR ainda foram matriculados no ITA, porém com problemas maiores que no ano anterior.
4 alunos são desligados por problemas disciplinares no CPOR.

1974

Aumento do vínculo ITA-CPOR, ao se adotar o critério de não poderem se matricular no ITA os candidatos que não estivessem aptos para o CPOR.
Encaminhado ao Congresso Nacional o projeto de lei no. 2113, elaborado pelo Ministério da Aeronáutica, em que, alegando o desinteresse dos engenheiros formados pelo ITA em ingressarem no QOEng – quadro de Oficiais Engenheiros – no qual as necessidades de pessoal eram grandes, se propunha que esses engenheiros prestassem, logo após sua formatura, em retribuição ao ensino recebido:
  1. Cinco anos de serviço ao Ministério da Aeronáutica, integrando o QOEng, no caso de, após a conclusão do CPOR, terem optado por sua imediata inclusão nesse quadro;
  2. Dois anos de serviço como militares, caso não fizessem a opção pela inclusão no QOEng.
Os alunos, diante das trágicas conseqüências que a aprovação de tal projeto traria ao já desgastado nível de ensino da escola (afastamento de mais professores, afastamento do vestibular de todos que não desejassem viver, durante pelo menos dois anos, como militares), além de se estar procurando instituir o ensino pago em órgãos públicos, buscaram o apoio do meio cientifico nacional, sensibilizando parlamentares, que vetaram o projeto. Este chegou a ser aprovado pela Câmara dos Deputados, mas foi vetado no Senado.

1975

Nova portaria ministerial aumenta ainda mais o vínculo do ITA ao CPOR, modificando a portaria 964. O trancamento ou desligamento no CPOR provocaria o imediato trancamento ou desligamento no ITA e vice-versa.
16 alunos do segundo ano não alcançam a nota mínima no CPOR e estavam em vias de serem trancados no ITA, segundo a nova portaria. Esses alunos tomaram, entre outras decisões, a de iniciar nova campanha em prol da desvinculação da escola do Ministério da Aeronáutica, buscando apoio nos meios científico, jornalístico e parlamentar. Todavia, em outubro, essas atividades são violentamente interrompidas quando o presidente do CASD (Waldyr Luiz Ribeiro Gallo, desligado nesse mesmo ano) e mais quatro membros do CASD são presos, sob acusações infundadas (tanto que, no final de 1978, todos foram absolvidos). Os cinco alunos (Gallo, Ganzarolli, Clóvis, Salazar e Trevisan) ficaram presos em Cumbica, sob a direta responsabilidade do 4o. Comando Aéreo.

Dia 7 de agosto de 1975

Publicada no Diário Oficial a portaria ministerial no. 73-GM/3 que exige, como requisito para a inscrição ao vestibular do ITA, um atestado de boa formação ética e ideológica passado por dois oficiais da ativa das Forças Armadas.
Portaria do MAer no. 113-GM3 estabelece o vínculo do CASD à Divisão de Alunos.
A especialidade de Engenharia Mecânica ganhou nova denominação, passando a se chamar Engenharia Mecânica-Aeronáutica e foi criada a especialidade de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica.
Fusão, numa só pessoa, dos cargos de Reitor do ITA e Presidente da Congregação do ITA.

1976

Proibição do trote pela Divisão de Alunos.

1978

Estudos para a criação de uma nova Portaria Ministerial estendendo a duração do curso do CPOR de 2 para 4 anos agitam os alunos. O CASD movimenta-se em oposição a tal portaria, que não chega a ser decretada.
No final do ano é proibida “temporariamente” a publicação de jornais pelo CASD.

1979

Dois presidentes do CASD são punidos com segunda época compulsória em todas as matérias por terem publicado e distribuído três números do jornal “Bica”.

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