O subsecretário geral das Nações Unidas para os assuntos políticos disse hoje que a situação na Líbia pode ficar "muito pior" nos próximos dias e que a ONU está a preparar a evacuação dos elementos no terreno.
Lynn Pascoe falou à imprensa depois de ter feito um briefing aos membros do Conselho de Segurança sobre a situação na Líbia, em reunião à porta fechada, e escusou-se a comentar possíveis decisões que o órgão das Nações Unidas possa tomar.
"Acredito na caracterização de que a situação está a deteriorar-se e que pode ficar muito pior. Esperamos que não, mas é muito perigoso", disse o responsável do Secretariado da ONU para os assuntos políticos.
"Estamos muito preocupados com a situação, com a nossa gente no terreno e com todos os outros associados à ONU (...). É importante que estejam em segurança e que lhes seja permitido prosseguir o trabalho humanitário", adiantou, frisando que está a ser preparada a evacuação dos quase 30 elementos no terreno.
Pascoe informou o Conselho de Segurança dos dados que estão a chegar do terreno a Nova Iorque e dos esforços do secretário geral da ONU para reduzir a violência, nomeadamente a sua conversa de segunda feira com o líder líbio, Muammar Kadhaffi.
Adiantou que a ONU não dispõe de números independentes sobre o número de vítimas que os ataques dos últimos dias contra manifestantes causaram, uma vez que a comunicação é limitada.
Conselho de Segurança condena ataques contra civis e pede ajuda humanitária internacional
O Conselho de Segurança da ONU condenou hoje a violência exercida pelas autoridades da Líbia contra civis, que causou "centenas" de vítimas mortais, e apelou à ajuda humanitária internacional à população líbia.
A declaração à imprensa foi lida pela presidente em exercício do Conselho, a embaixadora brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti, após um briefing do subsecretário geral para os Assuntos Políticos, Lynn Pascoe, e de consultas à porta fechada entre os países-membros sobre a situação na Líbia.
Expressando "séria preocupação" com a situação, a declaração condena "a violência e o uso de força contra civis, deplora a repressão contra manifestantes pacíficos e lamenta profundamente a morte de centenas de civis".
" saída do briefing, o subsecretário geral Lynn Pascoe disse que a situação na Líbia pode ficar "muito pior" nos próximos dias, pelo que a ONU está a preparar a evacuação dos quase 30 elementos que tem no terreno.
Durante a tarde, foi também ouvido o representante permanente da Líbia na ONU, que, ao contrário dos restantes diplomatas líbios, mantém o seu apoio a Muammar Khadaffi, embora apele ao fim da violência contra civis.
Na declaração divulgada no final, os países membros apelam ao "imediato fim da violência e a que sejam dados passos para lidar com as legítimas exigências da população, incluindo através do diálogo nacional".
Brasileiros em Benghazi serão retirados por barco a partir de Quarta-Feira
O Ministério das Relações do Brasil informou, ao início da noite (hora local), que os 183 brasileiros que estão em Benghazi, na Líbia, serão retirados por barco e levados para Malta.
O resgate deverá iniciar-se esta quarta-feira e finalizar-se na quinta-feira, segundo informou a assessoria do ministério.
Entre os 183 brasileiros estão os 130 funcionários da construtora Queiroz Galvão, que irá pagar a contratação da embarcação. A assessoria da construtora Queiroz Galvão não confirmou a informação do Ministério as Relações Exteriores.
A operação, que resultou do empenho das embaixadas do Brasil em Atenas, Cairo e Roma, ocorre após a tentativa de resgatar os brasileiros na segunda maior cidade da Líbia, foco das manifestações contra o regime, por meio de um avião fretado.
Porém, desde o início da semana, o embaixador do Brasil na Líbia, George Ney de Souza Fernandes, tenta, sem sucesso, obter autorização para sobrevoo e pouso na Líbia.
União Europeia pronta para retirar dez mil cidadãos
A União Europeia indicou hoje estar a mobilizar meios para retirar, incluindo por mar, nas próximas horas e dias dez mil dos seus cidadãos que continuam na Líbia, anunciou hoje a Comissão Europeia.
O mecanismo europeu de cooperação para a protecção civil foi activado para determinar que meios de transporte podem ser postos à disposição pelos Estados membros da UE para esta operação, precisou um dos porta-vozes.
"As operações de retirada pelos Estados membros já começaram", acrescentou. A Comissão Europeia procura "coordenar a capacidade de transporte posta à disposição para continuar as retiradas, nomeadamente por mar, durante as próximas horas e [próximos] dias", acrescentou.
A Comissão avaliou em dez mil os cidadãos dos 27 Estados membros presentes na Líbia. Nenhuma indicação foi dada sobre o número de pessoas já retiradas por cada país.
Kadhafi ameaça matar milhares
Num longo discurso perante as câmaras de televisão líbias, Muammar Kadhafi garantiu que irá lutar para derrotar os protestos e manter-se no poder.
O líder líbio afirmou que não tenciona deixar o país onde prefere "morrer como mártir" e ameaçou reprimir as manifestações tal como Pequim reprimiu os estudantes em Tiananmen.
Para o homem que há 42 anos gere a Líbia com mão de ferro, os manifestantes não passam de "ratazanas viciadas em comprimidos" ou ainda "drogados" e alcoólicos que estão a ser usados por terceiros.
O Presidente da Líbia, Muammar Kadhafi, garantiu esta terça-feira que vai permanecer na Líbia como "chefe da revolução", combater os manifestantes e que está disposto a "morrer na Líbia como um mártir".
Kadhafi prometeu que "perante esta situação" não vai sair da Líbia e sublinhou: "Este é o nosso país e o país dos nossos avós. Não vamos deixar que o destruam".
Num discurso muito exaltado o dirigente líbio, que subiu ao poder em 1969 após dirigir um golpe de Estado, exprimiu-se em directo pela televisão estatal no início da tarde e pela primeira vez após uma semana de insurreição no seu país.
Confrontado com uma revolta popular sem precedentes, Kadhafi garantiu que "ainda não ordenou a utilização da força" para terminar com os protestos e ameaçou os "rebeldes" com uma resposta "semelhante a Tiananmen [na China] ou em Falluja [no Iraque]".
O "líder da revolução verde" escolheu um pódio colocado à entrada de um edifício bombardeado, provavelmente a sua antiga residência de Tripoli, bombardeada por aviões norte-americanos em 1986, e que não foi reconstruída para recordar o ataque, no qual morreu uma sua filha adoptiva.
Durante um discurso transmitido esta tarde pela televisão estatal, o coronel Kadhafi, que segurava na mão o seu Livro Verde, recolha de pensamentos publicados na década de 1970, acusou ainda os manifestantes de pretenderem instaurar "um estado islâmico" na Líbia.
Leia abaixa íntegra da nota à Imprensa nº 70 do Itamaraty:
Situação na Líbia
Ao tomar conhecimento da deterioração da situação na Líbia, o Governo brasileiro conclama as partes envolvidas a buscarem solução para a crise por meio do diálogo, e reitera o repúdio ao uso da violência.
O Governo brasileiro insta as autoridades líbias a tomarem medidas no sentido de preservar a segurança e a livre circulação dos estrangeiros que se encontram no país.
O Governo brasileiro tem a expectativa de que as autoridades líbias deem atenção urgente à necessidade de garantir a segurança na retirada dos cidadãos brasileiros que se encontram nas cidades de Trípoli e Bengazi.
A Embaixada do Brasil na Líbia está em contato permanente com a comunidade brasileira naquele país. Os números telefônicos de plantão para contato, que estão operando em caráter intermitente devido às condições locais, são (21891) 881-2437/729-3460/322-3151.
Em Brasília, os números de contato são (61) 3411-8804/ 8808/8809/8817 (de 8h às 20h) e (61) 3411-6456 (de 20h às 8h).
Governo brasileiro repudia violência na Líbia e conclama segurança aos estrangeiros
Em nota do Ministério das Relações Exteriores, divulgada no início da noite de segunda- feira (21), o governo brasileiro repudia o uso da violência na Líbia e pede que as autoridades locais tomem medidas no sentido de preservar a segurança e a livre circulação dos estrangeiros que se encontram no país.
De acordo com o texto, ao tomar conhecimento da deterioração da situação na região, o governo do Brasil conclama que as partes envolvidas busquem solução para a crise por meio do diálogo. O MRE diz, ainda, que a Embaixada do Brasil está em contato permanente com a comunidade brasileira naquele país e colocou à disposição telefones tanto no Brasil quanto na Líbia para divulgação de informações.Leia abaixa íntegra da nota à Imprensa nº 70 do Itamaraty:
Situação na Líbia
Ao tomar conhecimento da deterioração da situação na Líbia, o Governo brasileiro conclama as partes envolvidas a buscarem solução para a crise por meio do diálogo, e reitera o repúdio ao uso da violência.
O Governo brasileiro insta as autoridades líbias a tomarem medidas no sentido de preservar a segurança e a livre circulação dos estrangeiros que se encontram no país.
O Governo brasileiro tem a expectativa de que as autoridades líbias deem atenção urgente à necessidade de garantir a segurança na retirada dos cidadãos brasileiros que se encontram nas cidades de Trípoli e Bengazi.
A Embaixada do Brasil na Líbia está em contato permanente com a comunidade brasileira naquele país. Os números telefônicos de plantão para contato, que estão operando em caráter intermitente devido às condições locais, são (21891) 881-2437/729-3460/322-3151.
Em Brasília, os números de contato são (61) 3411-8804/ 8808/8809/8817 (de 8h às 20h) e (61) 3411-6456 (de 20h às 8h).
Avião proveniente da Libia realiza estranho vôo sobre o céu de Portugal
Durante toda a tarde do dia 22, um voo mistério aparecia nos painéis das chegadas. BUR301, proveniente de Trípoli, chegada prevista às 17h55. Descobriu-se depois que seria um voo fretado, da Air Budapeste. O Instituto Nacional de Aviação Civil, que autoriza a aterragem de todos os voos civis em Portugal, disse não ter conhecimento do tal BUR301. Seria então um voo de Estado? O Ministério dos Negócios Estrangeiros também garantiu desconhecer a existência deste voo, que não chegou a sobrevoar o espaço aéreo português. Misteriosamente também, o voo desapareceu dos ecrãs das chegadas ao aeroporto, era já noite.
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