Pronunciamento de Barack Obama
WASHINGTON D.C. | 29 DE JANEIRO DE 2014 |
sobre o Estado da União
Senhor presidente da Câmara, vice-presidente, congressistas, concidadãos,
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Um dos maiores fatores para trazer mais empregos de volta é o nosso compromisso com a energia nos Estados Unidos. Tudo o que foi dito sobre a estratégia referente à energia que anunciei há alguns anos está funcionando, e hoje os Estados Unidos estão mais perto da independência energética do que estavam há décadas.
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Considerada em conjunto, nossa política energética está criando empregos e levando a um planeta mais limpo e mais seguro. Nos últimos oito anos, os Estados Unidos reduziram nossa poluição total de carbono mais do que qualquer outro país do mundo. Mas temos de agir com mais urgência – porque as mudanças climáticas já estão prejudicando comunidades do Oeste que lutam contra a seca e cidades costeiras que enfrentam enchentes. É por isso que orientei meu governo a trabalhar com estados, empresas de serviços públicos e outros para definir novos padrões referentes à quantidade de poluição de carbono que nossas usinas de energia podem lançar no ar. A mudança para uma economia de energia mais limpa não acontecerá da noite para o dia e exigirá algumas escolhas mais difíceis no decorrer do caminho. Mas o debate está iniciado. A mudança climática é uma realidade. E quando os filhos dos nossos filhos nos olharem nos olhos e perguntarem se fizemos tudo o que podíamos para deixar-lhes um mundo mais seguro e estável, com novas fontes de energia, quero que possamos dizer sim, fizemos.
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... Hoje, todas os nossos soldados estão fora do Iraque. Mais de 60 mil dos nossos soldados que estavam no Afeganistão já vieram para casa. Com as forças afegãs agora na liderança da sua própria segurança, nossos soldados passaram a exercer papel de apoio. Juntamente com nossos aliados, concluiremos nossa missão lá até o fim deste ano, e a guerra mais longa dos Estados Unidos finalmente chegará ao fim.
Após 2014, daremos suporte a um Afeganistão unificado à medida que o país se responsabiliza por seu próprio futuro. Se o governo afegão assinar um acordo de segurança negociado por nós, uma pequena força americana poderá permanecer no Afeganistão com aliados da Otan para realizar duas missões bem definidas: treinar e auxiliar as forças afegãs e operações de contraterrorismo para perseguir qualquer membro remanescente da Al Qaeda. Porque embora nossa relação com o Afeganistão vá mudar, uma coisa não mudará: nossa determinação de não deixar terroristas lançarem ataques contra nosso país.
O fato é que o perigo continua. Embora tenhamos desbaratado as principais lideranças da Al Qaeda, a ameaça se expandiu à medida que grupos ligados à Al Qaeda e outros extremistas criam raízes em diferentes partes do mundo. No Iêmen, na Somália, no Iraque, no Mali temos de continuar a trabalhar com parceiros para desmantelar e desativar essas redes. Na Síria, apoiaremos a oposição que rejeita a agenda das redes terroristas. Aqui nos EUA, continuaremos a fortalecer nossas defesas e combater novas ameaças como ataques cibernéticos. E enquanto reformamos nosso orçamento para a defesa, temos de manter a confiança em nossos homens e mulheres das Forças Armadas e investir nas capacidades de que necessitam para ter sucesso em futuras missões.
Temos de permanecer vigilantes. Mas acredito firmemente que nossa liderança e nossa segurança não podem depender apenas dos nossos extraordinários militares. Como comandante em chefe, usei a força quando necessário para proteger o povo americano e jamais hesitarei em fazê-lo enquanto estiver neste cargo. Mas não enviarei nossos soldados para uma situação perigosa a menos que seja verdadeiramente necessário; nem permitirei que nossos filhos e filhas fiquem atolados em conflitos sem fim. Devemos lutar as batalhas necessárias, não aquelas que os terroristas escolhem para nós – destacamentos em grande escala que minam nossas forças e podem em última instância alimentar o extremismo.
Portanto, ao mesmo tempo que combatemos as redes terroristas de maneira ativa e agressiva – mediante esforços mais direcionados e capacitando nossos parceiros estrangeiros – os Estados Unidos precisam sair da situação de guerra permanente. Por isso impus limites prudentes sobre o uso de drones – porque não estaremos mais seguros se as pessoas no exterior acreditarem que realizamos ataques em seus países sem levar em conta as consequências. É por isso que, trabalhando com este Congresso, reformarei nossos programas de vigilância – porque o trabalho vital da nossa comunidade de inteligência depende da confiança pública, aqui e no exterior, de que a privacidade das pessoas comuns não está sendo violada. E com a guerra do Afeganistão chegando ao fim, este precisa ser o ano em que o Congresso retirará as restrições remanescentes sobre transferências de detidos e fecharemos a prisão da Baía de Guantánamo – porque combatemos o terrorismo não apenas por meio da ação militar e da inteligência, mas permanecendo fiéis aos nossos ideais constitucionais e dando o exemplo para o resto do mundo.
Em um mundo de ameaças complexas, nossa segurança e nossa liderança dependem de todos os elementos da nossa força – inclusive uma diplomacia forte e baseada em princípios. A diplomacia americana convocou mais de 50 países para evitar que materiais nucleares caíssem em mãos erradas e permitiu que reduzíssemos nossa própria dependência sobre os arsenais da Guerra Fria. Por meio da diplomacia americana, com o apoio da ameaça da força, as armas químicas da Síria estão sendo eliminadas, e continuaremos a trabalhar com a comunidade internacional para conduzir esse país ao futuro que o povo sírio merece – um futuro livre de ditaduras, terror e medo. Enquanto falamos, a diplomacia americana está apoiando israelenses e palestinos em conversações difíceis mas necessárias para pôr fim ao conflito na região; para conseguir dignidade e um Estado independente para os palestinos e paz e segurança duradouras para o Estado de Israel – um Estado judeu ciente de que os Estados Unidos sempre estarão ao seu lado.
E é a diplomacia americana, apoiada pela pressão, que deteve o avanço do programa nuclear do Irã – e reduziu partes desse programa – pela primeira vez em uma década. Ao nos reunirmos aqui esta noite, o Irã começou a eliminar seu estoque de níveis mais altos de urânio enriquecido. Não está instalando centrífugas avançadas. Inspeções sem precedentes ajudam o mundo a conferir, todos os dias, que o Irã não está construindo uma bomba. E com nossos aliados e parceiros, estamos participando de negociações para ver se podemos alcançar pacificamente uma meta que todos compartilhamos: evitar que o Irã obtenha uma arma nuclear.
Essas negociações serão difíceis. Podem não ter sucesso. Somos realistas com relação ao apoio do Irã a organizações terroristas como o Hezbollah, o que ameaça nossos aliados; e sabemos que a desconfiança entre nossas nações não pode ser eliminada num passe de mágica. Mas essas negociações não dependem de confiança; qualquer acordo de longo prazo aceito por nós precisa se basear em ação que possa ser conferida e que convença a nós e a comunidade internacional que o Irã não está construindo uma bomba nuclear. Se John F. Kennedy e Ronald Reagan puderam negociar com a União Soviética, então certamente nosso país forte e confiante pode negociar com adversários menos poderosos hoje.
As sanções que colocamos em vigor ajudaram a tornar essa oportunidade possível. Mas vou ser claro: se este Congresso me enviar um novo projeto de sanções agora que ameace solapar essas conversações, vetarei. Pelo bem da nossa segurança nacional, precisamos dar uma chance para que a diplomacia seja vitoriosa. Se os líderes do Irã não aproveitarem essa oportunidade, então serei o primeiro a pedir mais sanções e estarei pronto a empregar todas as opções para garantir que o Irã não construa uma arma nuclear. Mas se os líderes do Irã aproveitarem a oportunidade, e isso saberemos muito em breve, então o Irã poderá dar um passo importante para se juntar novamente à comunidade de nações e teremos resolvido um dos principais desafios de segurança do nosso tempo sem os riscos de uma guerra.
E, por fim, vamos nos lembrar de que a nossa liderança é definida não apenas pela nossa defesa contra ameaças, mas pelas enormes oportunidades de fazer o bem e promover o entendimento no planeta – de criar mais cooperação, de expandir novos mercados, de libertar pessoas do medo e da pobreza. E ninguém está mais bem posicionado para aproveitar essas oportunidades do que os Estados Unidos.
Nossa aliança com a Europa continua a ser a mais forte que o mundo já conheceu. Da Tunísia à Birmânia, estamos apoiando aqueles dispostos a fazer o trabalho árduo de construir a democracia. Na Ucrânia, defendemos o princípio de que todas as pessoas têm o direito de se expressar livre e pacificamente e de ter voz sobre o futuro do país. Em toda a África, estamos unindo empresas e governos para duplicar o acesso à eletricidade e ajudar a acabar com a pobreza extrema. Nas Américas, estamos construindo novos laços de comércio, mas também estamos ampliando intercâmbios culturais e educacionais de jovens. E continuaremos a nos concentrar no Pacífico Asiático, onde apoiamos nossos aliados, formulamos um futuro de mais segurança e prosperidade e estendemos a mão para aqueles devastados por desastres naturais – como fizemos nas Filipinas, quando nossos fuzileiros navais e nossos civis se apressaram a ajudar as pessoas devastadas por um tufão e foram recebidos com palavras como “Nunca nos esqueceremos da sua bondade” e “Que Deus abençoe os Estados Unidos!”
Fazemos essas coisas porque elas ajudam a promover nossa segurança de longo prazo. E fazemos isso porque acreditamos na dignidade e na igualdade inerentes a todo ser humano, independentemente de raça ou religião, credo ou orientação sexual. E na próxima semana o mundo verá uma manifestação desse compromisso – quando a equipe dos EUA marchar com o vermelho, o branco e o azul no Estádio Olímpico – e trouxer o ouro para casa.
Meus concidadãos americanos, nenhum outro país do mundo faz o que fazemos. Em todas as questões, o mundo se volta para nós, não simplesmente devido ao tamanho da nossa economia ou ao nosso poderio militar – mas devido aos ideais que defendemos e ao ônus que carregamos por fazê-los avançar.
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. . . . Nossa liberdade e nossa democracia nunca foram conseguidas facilmente. Às vezes tropeçamos; erramos; ficamos frustrados ou desanimados. Mas há mais de 200 anos deixamos essas coisas de lado e colocamos nosso ombro coletivo para a roda do progresso – para criar, construir e ampliar as possibilidades de realizações individuais; para libertar outras nações da tirania e do medo; para promover justiça, imparcialidade e equidade perante a lei, para que as palavras colocadas no papel por nossos fundadores se tornem realidade para todos os cidadãos. Os Estados Unidos que queremos para nossos filhos – um país próspero onde o trabalho honesto seja abundante e as comunidades sejam fortes; onde a prosperidade seja amplamente compartilhada e as oportunidades para todos nos permitam ir tão longe quanto nossos sonhos e nossa labuta podem nos levar – nada disso é fácil. Mas se trabalharmos juntos; se reunirmos o que temos de melhor… com os pés firmemente plantados no hoje mas com os olhos voltados para o amanhã – sei que está ao nosso alcance.
Acreditem.
Deus os abençoe e abençoe os Estados Unidos da América.
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