O primeiro discurso do presidente de Cuba, Raúl Castro, em uma Cúpula das Américas provocou uma ovação.
"Já era hora que eu falasse aqui em nome de Cuba", disse o líder cubano, que ontem protagonizou junto ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, um momento histórico quando se cumprimentaram durante a abertura da VII Cúpula das Américas.
O anúncio do governante anfitrião, Juan Carlos Varela, do discurso de Castro, imediatamente depois das palavras do presidente dos Estados Unidos, arrancou um sonoro e longo aplauso dos chefes de Estado e delegações oficiais.
Na sala de imprensa, os jornalistas se amontoaram em frente ao telão para seguir atentamente o discurso do líder cubano, que arrancou gargalhadas de toda sua audiência quando confessou que lhe custou "um grande esforço" limitar seu histórico discurso aos oito minutos estabelecidos pelo protocolo. "Como estivemos excluídos de seis cúpulas, seria justa multiplicar oito por seis e eu poderia falar 48 minutos", comentou Castro.
Varela agradeceu as palavras de Castro, surgidas "do coração", e justificou que, por "razões de justiça histórica", mereceu falar quase seis vezes mais do estipulado pela organização. Castro finalmente falou pouco mais de 40 minutos, perante o que o presidente anfitrião pediu ao resto de seus colegas que tentassem, na medida do possível, abreviar seus discursos.
Venezuela
Castro expressou seu "apoio de maneira resolvida e real à irmã república da Venezuela e ao governo legítimo de Nicolás Maduro".
"A Venezuela não é e nem pode ser uma ameaça para a segurança nacional de uma superpotência como os Estados Unidos. E é positivo que o presidente americano, Barack Obama, tenha reconhecido isso", disse.
EUA
Castro elogiou os passos dados pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para tirar a ilha de sua lista de países patrocinadores do terrorismo.
"Aprecio como um passo positivo sua recente declaração de que decidirá rapidamente sobre a presença de Cuba em uma lista de países patrocinadores do terrorismo na qual nunca deveria ter estado", disse Castro em seu discurso na VII Cúpula das Américas, da qual seu país participa pela primeira vez.
O líder cubano reiterou a Obama a disposição de Cuba ao "diálogo respeitoso e à convivência civilizada" com os Estados Unidos "dentro de nossas profundas diferenças".
Castro também eximiu Obama da responsabilidade pela política contra a ilha desenvolvida pelos "dez presidentes" americanos que lhe precederam.
O presidente cubano também qualificou Obama como "honesto" e lhe pediu desculpas por sua emotividade em sua "defesa da revolução".
Obama: 'Não estou interessado em disputas que começaram antes que eu nascesse'
Presidente dos Estados Unidos falou na Cúpula das Américas sobre a reaproximação com Cuba
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que seu país "não será prisioneiro do passado" com Cuba nem com a região, ao mostrar-se convencido que, se continuar o diálogo bilateral entre seu governo e o de Raúl Castro, haverá progressos, apesar das "diferenças".
"Os Estados Unidos olham para o futuro", ressaltou Obama em seu discurso na primeira sessão plenária da VII Cúpula das Américas.
Obama qualificou a cúpula - na qual estão presentes os 35 países do continente americano, inclusive Cuba, pela primeira vez na história - de "momento histórico" e disse que a aproximação entre EUA e Cuba marca um "ponto de inflexão" para toda a região.
"A Guerra Fria já terminou", disse Obama de forma taxativa.
"Não estou interessado em disputas que francamente começaram antes que eu nascesse", acrescentou, ao indicar que o que pretende é "resolver problemas" trabalhando e cooperando com toda a região.
O "giro" da política americana em relação a Cuba "aprofunda nosso compromisso" com toda a região, segundo Obama, que declarou que desde que chegou à Casa Branca em 2009 sua proposta foi a de manter uma relação de "parceria" e de igualdade com o continente.
Em seu discurso, Obama respondeu diretamente às acusações do presidente equatoriano, Rafael Correa. Minutos antes, Correa denunciou na plenária que os EUA "continuam com intervenções ilegais" na América Latina, e que chegou a "hora para a segunda e definitiva independência" da região.
Segundo Correa, o intervencionismo de Washington se revela com ações como a ordem executiva com a qual Obama declarou a situação na Venezuela uma "ameaça", ou com o pedido de funcionários americanos perante o Congresso desse país de recursos para "defender a liberdade de expressão" em Cuba, Venezuela, Equador e Nicarágua.
Em resposta, Obama admitiu que no passado a política de direitos humanos dos EUA nem sempre foi acertada, mas que atualmente seu país não tem interesse em "imiscuir-se" quando denuncia determinadas situações que não considera justas, mas faz isso porque considera que é "o correto". "Não estamos preocupados com ideologias, pelo menos não eu", ressaltou Obama.
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Dilma destaca avanços no continente e elogia reaproximação Cuba-EUA
Presidenta pede fim do bloqueio econômico e cobra fim das sanções dos EUA à Venezuela. Raúl Castro condena histórico de agressões norte-americanas, e elogia postura de Obama, “fiel a suas origens humildes”A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (11) que a democracia e os novos paradigmas políticos dos últimos anos, na América Latina, inverteram a lógica da ação do Estado conferindo prioridade ao desenvolvimento sustentável aliado à justiça social na região. As declarações foram feitas na manhã deste sábado, na primeira sessão plenária da 7ª Cúpula das Américas, que ocorre no Panamá.
A presidenta atribuiu os avanços ao rigor democrático da região e à capacidade dos países latino-americanos de se organizarem em fóruns como o Mercosul, a Aliança do Pacifico, a Unasul e a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), nos últimos anos. Para a presidenta, essa integração entre os países da América Latina e do Caribe tem o papel de reduzir as desigualdades sociais e promover o desenvolvimento da região.
“Hoje a América Latina e o Caribe têm menos pobreza, menos fome, menos analfabetismo e menos mortalidade infantil e materna.(...) Mas é preciso mais riqueza, dignidade, educação e é isso o que vamos construir nos próximos anos”, afirmou Dilma Rousseff. “Mas não podemos fechar os olhos para a persistência de desigualdades, que ainda afetam, em diferentes graus, a todos os países do hemisfério”, acrescentou. A presidenta também defendeu a necessidade de se aumentar e consolidar a justiça social no continente.
Segundo Dilma, a educação ocupa papel fundamental no combate às desigualdades e é hoje o maior desafio na região. “Educação inclusiva e de qualidade é o maior desafio do nosso continente, porque ela é indispensável para romper o ciclo de reprodução da desigualdade para gerar oportunidade de inovação, democratizar o acesso e a produção do conhecimento”.
Para a presidenta, o desenvolvimento deve ser baseado no investimento em pesquisa e ciência, que seria capaz de romper um ciclo histórico dos países latino-americanos baseado na exportação de produtos primários. “O nosso objetivo é não sermos apenas produtores de commodities e sim entrarmos na economia do conhecimento e introduzirmos a inovação. Sim, temos riqueza (…) Podemos ser grandes produtores de commodities, mas também temos homens e mulheres que serão capazes de criar um novo século de inovação baseada na pesquisa e ciência”, disse.
Avanços diplomáticos
Dilma Rousseff elogiou a reaproximação diplomática entre Cuba e Estados Unidos, negociada pelos presidentes Raúl Castro e Barack Obama. E pediu ao norte-americano o fim do embargo econômica que perdura desde 1962. "Celebramos a iniciativa corajosa dos presidentes Raúl Castro e Barack Obama de restabelecer relações entre Cuba e Estados Unidos, de pôr fim a este último vestígio da Guerra Fria na região que tantos prejuízos nos trouxe", disse.
O presidente de Cuba, Raúl Castro, durante seu pronunciamento, criticou o histórico de "agressões imperialistas" e fez uma retomada histórica das relações entre Estados Unidos, Cuba e América Latina. Destacou as "guerras, conquistas e intervenções" dos Estados Unidos, país que classificou como "força hegemônica que despojou de territórios toda nossa América e se estendeu até o rio Bravo".
No entanto, Castro enfatizou que Obama não tem responsabilidade pelo passado e elogiou o norte-americano pelo diálogo que estabeleceu com Havana. "A paixão me sai pela pele quando se trata da revolução, mas peço desculpas ao presidente Obama porque ele não tem nada a ver com tudo isto", declarou. "Todos têm dívidas conosco, mas não o presidente Obama", que "é um homem honesto" e com uma "forma de ser que obedece a sua origem humilde", comentou.
Assim como a presidente Dilma Rousseff, o líder exigiu um novo posicionamento norte-americano em relação à Venezuela."Nós sabemos porque (os venezuelanos) estão passando pelo mesmo caminho pelo qual nós passamos e estão passando pelas mesmas agressões pelas quais nós passamos", disse.
Barack Obama também discursou hoje (11) e disse que o seu país "não será prisioneiro do passado" com Cuba nem com a América Latina. Obama disse estar convencido que, se continuar o diálogo bilateral entre seu governo e o de Raúl Castro, haverá progressos, apesar das "diferenças".
A presidenta Dilma Rousseff incluiu críticas em seu pronunciamento, depois de observar que a aproximação entre os países "abre uma nova era nas Américas", na qual todos os países do continente deverão compreender que "nenhum pode impor nada a outro". Foi o gancho para assinalar que "antagonismos que tanto afetam nossas sociedades" e comentar as sanções norte-americanas à Venezuela. "Este bom momento das relações hemisféricas já não admite medidas unilaterais de isolamento", motivo pelo qual "rejeitamos as sanções (dos Estados Unidos) contra a Venezuela", um país que, em sua opinião, "reivindica moderação de todas as partes".
Truculência:
Em 09/04 a VII Cúpula das Américas começo os eventos com truculência quando as delegações cubana e venezuelana se retiraram da sala depois de denunciar a presença no Foro da Sociedade Civil de "terroristas e mercenários". "A delegação cubana não compartilhará o mesmo espaço com mercenários e terroristas. Uma vez mais exigimos que sejam expulsos do evento por não representarem o digno povo cubano", afirmou um comunicado da sociedade civil da ilha.
Rubén Castillo, da Rede Panamenha de Direitos Humanos, principal organizadora do evento, disse à Prensa Latina que no Foro se encontravam as pessoas devidamente inscritas e que ele não sabia quais eram suas reivindicações, mas que as embaixadas tinham seus convidados.
Provas apresentadas pela Sociedade Civil mostram que foram inscritas para participar do foro continental pessoas fotografadas com notórios terroristas confessos, como Luis Posada Carriles.
Afirmaram também que no Panamá se encontra o homem que ordenou assassinar Ernesto Che Guevara, o agente da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), Félix Rodríguez Mendigutía.
Poucas horas depois, o terrorista de origem cubana organizou uma provocação em frente à Embaixada de Cuba, que foi repudiada por simpatizantes da Revolução Cubana, segundo testemunhas presenciais.
Entre os provocadores encontrava-se José Luis García (Antúnez), o cubano "defensor dos direitos humanos" que apareceu em uma foto com Mendigutía.
O terrorista chegou acompanhado de um grupo de contrarrevolucionários cubanos ao busto do Herói Nacional de Cuba, José Martí, no Parque Belisario Porras da capital panamenha, a poucos metros da embaixada cubana, onde minutos antes os reitores de universidades haviam prestado homenagem a Martí.
Durante o último mês, sítios cubanos denunciaram que se gestava uma manobra de conspiração contra o bom desenvolvimento da Cúpula do Panamá, e, em coletivas de imprensa e declarações, personalidades do Governo panamenho usaram como argumento a democracia e a liberdade de expressão para justificar convites feitos a pessoas que a sociedade civil cubana acusou de serem mercenários.
A falta de equidade na seleção dos atores continentais que participam do encontro é a mais aguda crítica aos organizadores da reunião, ainda que se fala que é uma estratégia de setores da ultra-direita estadunidense.
A Central dos Trabalhadores de Cuba (CTC), que reúne cerca de três milhões de afiliados em 17 sindicatos, e o Movimento Independentista Nacional Hostosiano de Porto Rico denunciaram que foi negada sua participação ao encontro continental.
Magaly Castillo, da Aliança Cidadã Pró Justiça, e o coordenador do foro, Rubén Castillo, explicaram recentemente em coletiva de imprensa que os interessados em assistir se inscreveram e a Organização Estados Americanos (OEA) analisou se cumpriam os parâmetros estabelecidos, que não foram especificados.
Após os protestos da delegação cubana desta quarta-feira, Rubén Castillo aparentou estar contrariado perante os jornalistas, devido ao que considerou uma má atitude, mas semanas antes até os próprios meios panamenhos alertaram sobre o que consideraram uma manobra.
"Outro elemento essencial para entender o labirinto ao redor da Cúpula é o papel ingerencista da Casa Branca que pretenderá usar uma 'avançada' da direita venezuelana e cubana para fazer barulho inefetivo", publicou então o diário La Estrella de Panamá.
Artigos de blogueiros da ilha também alertaram sobre o que chamaram uma "conspiração contra Cuba, Venezuela e os demais países da ALBA" (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América) e sobre provocações, que já começaram.
Ontem, em outro parque da capital, opositores venezuelanos fizeram uma manifestação que também foi repudiada por panamenhos simpatizantes do Governo Bolivariano.
O presidente de Cuba, Raúl Castro, no Panamá, se reuniu hoje com o presidente executivo principal da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, Tom J. Donohue.
A reunião fez parte da agenda do presidente prévia ao início nesta noite da VII Cimeira das Américas.
Tratou-se do segundo encontro entre o chefe de Estado cubano e o alto funcionário norte-americano, que havia visitado Havana em maio do passado ano.
Durante o intercâmbio, no qual se trataram temas de interesse para os dois países, esteve presente a vice-presidenta para as Américas da Divisão Internacional da Câmara de Comércio estadunidense, Jodi Hanson; e o ministro do Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro da nação caribenha, Rodrigo Malmierca.
Também participaram o vice-chaceler cubano Rogelio Serra e a diretora dos Estados Unidos do Ministério de Relações Exteriores da ilha, Josefina Vidal.
A reunião fez parte da agenda do presidente prévia ao início nesta noite da VII Cimeira das Américas.
Tratou-se do segundo encontro entre o chefe de Estado cubano e o alto funcionário norte-americano, que havia visitado Havana em maio do passado ano.
Durante o intercâmbio, no qual se trataram temas de interesse para os dois países, esteve presente a vice-presidenta para as Américas da Divisão Internacional da Câmara de Comércio estadunidense, Jodi Hanson; e o ministro do Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro da nação caribenha, Rodrigo Malmierca.
Também participaram o vice-chaceler cubano Rogelio Serra e a diretora dos Estados Unidos do Ministério de Relações Exteriores da ilha, Josefina Vidal.
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