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Imprensa abafa operação Voldemort, esquema de corrupção no ninho tucano


Primo de Beto Richa, (Abi "o grande caixa financeiro do governador Beto Richa) e outras seis pessoas são acusadas pelo MP de esquema criminoso para obter contrato emergencial de R$ 1,5 milhão com o governo paranaense.
 
No inicio deste mês, o Ministério Público do Paraná abriu ação penal contra o empresário Luiz Abi Antoun, primo do governador Beto Richa e ex-assessor parlamentar do tucano.
 
Para a Justiça, Abi é considerado um dos nomes mais influentes no governo Richa, ainda que não ocupe nenhum cargo público. Abi e outras seis pessoas são acusadas pelo MP de montar um esquema criminoso para obter um contrato emergencial de R$ 1,5 milhão com o governo do estado. Eles agora respondem por organização criminosa, falsidade ideológica e fraude em licitação.
 
As suspeitas sobre a ação de Abi nos bastidores do governo tucano ganharam força depois que parte do depoimento de um ex-funcionário do governo foi revelada. Marcelo Caramori, que tinha um cargo comissionado no Executivo até o início do ano, afirmou em delação premiada que Abi é "o grande caixa financeiro do governador Beto Richa, incumbindo-lhe bancar campanhas políticas e arrecadar dinheiro proveniente dos vários órgãos do estado". O delator está preso desde janeiro em Londrina por exploração sexual de menores.
 
Família Richa tem ligações perigosas com corrupto preso no Paraná

Fernanda Richa foi sócia de Eloiza Antoun, esposa de Luiz Abi Antoun, preso na Operação Voldemort (nome dado em razão da semelhança entre os dois), numa faculdade privada.Embora esteja tentando se distanciar do primo Luiz Abi Antoun, desde que ele foi preso na Operação Voldemort, o governador paranaense, Beto Richa, teve mais um vínculo com a família Antoun exposto pela imprensa paranaense.
A nova revelação, do Jornal de Londrina, é a sociedade entre Fernanda Richa, primeira-dama paranaense, e a esposa de Luiz Abi, Eloiza Antoun, numa faculdade privada, criada em 1999.
Numa delação premiada recente, o fotógrafo Marcelo Caramori, que atuava no Palácio Iguaçu, acusou Antoun de ser o caixa informal de Beto Richa na arrecadação de recursos ilícitos para suas campanhas;
Ontem, o senador e ex-governador Roberto Requião (PMDB-PR) usou o Twitter para antecipar uma possível denúncia bombástica: a existência de contas secretas de Richa em Dubai e na Suíça.
A proximidade com a família Antoun, revelada na sociedade entre a primeira-dama e a esposa do corruto preso pelo Gaeco (que foi às ruas protestar contra a corrupção no dia 15 de março), é mais um complicador para Richa.
Leia, abaixo, o furo de reportagem do Jornal de Londrina:
Esposas de Richa e Abi foram sócias em faculdade de Londrina
Fernanda Richa e Eloiza Abi Antoun foram duas das fundadoras da União Metropolitana de Ensino Paranaense, criada em 1999
Rogerio Waldrigues Galindo E Fabio Silveira, do Jornal de Londrina
As esposas do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), e de Luiz Abi Antoun foram sócias em um empreendimento em Londrina. Fernanda Richa e Eloiza Fernandes Pinheiro Abi Antoun foram duas das fundadoras da União Metropolitana de Ensino Paranaense Ltda., criada em 1999. Nos documentos obtidos pela reportagem no 1° Ofício de Londrina, elas aparecem como sócias de mais duas pessoas: Walter Montagna e Mauro Baratter.
Luiz Abi, preso no mês passado como parte da Operação Voldemort, do Gaeco, é parente do governador Beto Richa. Desde a prisão dele, que ocorreu devido à suspeita de manipulação para fraudar a contratação de uma oficina mecânica em Cambé para consertar carros oficiais, o governador vem tentando distanciar seu nome do de Abi. Segundo Richa, os dois mantêm apenas “relações sociais”.
Na época da fundação da Metropolitana, Fernanda Richa aparece como dona de 30% do empreendimento, que tinha capital inicial de R$ 300 mil. Ela tinha R$ 90 mil, assim como dois outros sócios. Eloiza Abi Antoun, que aparece ainda com o nome de solteira, de Eloiza Fernandes Pinheiro, tinha R$ 30 mil na sociedade.
Em 2002, pouco antes de a faculdade ser vendida para um grupo empresarial de Brasília, a participação de Fernanda Richa já havia subido para R$ 834 mil. Eloiza Abi Antoun aparecia como sócia minoritária, dona de R$ 139 mil do capital da empresa. Na época, a Metropolitana tinha capital social de R$ 2,6 milhões e já era dividida entre seis sócios.
Na última transação localizada pela reportagem, em 2007, a Metropolitana, que hoje se chama Pitágoras, foi vendida para o grupo Kroton por R$ 18 milhões. Na época, cinco anos após a saída das sócias originais, a instituição contava com pouco mais de 3 mil alunos.
Além de Fernanda e Eloiza, Luiz Abi aparece ligado ao nome da Metropolitana. De acordo com registros em jornais da época, o empresário era um dos três diretores da faculdade, ao lado de Walter Montagna e de Nelson Sperandio. A Folha de Londrina afirmou em 2001 que Abi, no posto de diretor administrativo, estava tentando negociar com a Prefeitura de Londrina a cessão de um terreno para servir como campus do empreendimento. A prefeitura, na época gerida por Nedson Micheletti, (PT) negou o terreno.
Primeira-dama diz que sociedade se desfez em 2002
A primeira-dama Fernanda Richa, que também é secretária de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social, afirmou à reportagem por meio de nota que a sociedade foi desfeita em 2002. “A sociedade foi constituída por quatro sócios em 1999 e em 2002 foi desfeita, quando a empresa foi vendida”, diz a nota.
A assessoria do governador Beto Richa informou que o fato de as duas esposas terem tido uma sociedade não muda em nada a afirmação de que a relação entre Richa e Luiz Abi Antoun era meramente social. A reportagem não conseguiu contato com Eloiza Abi Antoun.

Abi foi aluno da União Metropolitana
Luiz Abi Antoun foi aluno da primeira turma do curso de Jornalismo da faculdade União Metropolitana de Ensino Paranaense. Abi ficou apenas um semestre no curso, numa turma que também tinha Michele Janene, filha do ex-deputado federal José Janene. Nenhum dos dois concluiu o curso.
Segundo alunos daquela turma, Abi era um aluno discreto, que mais faltava do que ia à aula. Sob a condição do anonimato, jornalistas que estudaram naquela turma se lembram de Abi com calça jeans e camiseta preta, seu traje habitual. O parente do governador não era dado a ostentações: não usava roupas de marca e nem tentava se valer do fato de ser casado com a dona da faculdade. Segundo os relatos, Abi tentou ser presidente da sala, mas os colegas o barraram pelo fato dele ser “um dos sócios da faculdade”. (Fábio Silveira)

 
A atuação do primo de Richa nos bastidores ajudou a batizar a Operação Voldemort, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná, que investiga esquema criminoso montado para obter um contrato de R$ 1,5 milhão entre a empresa Providence Auto Center e o Departamento de Transporte Oficial do Estado. O nome faz alusão a Lord Voldemort, o temido personagem da série literária e cinematográfica Harry Potter, que nos livros de J. K. Rowling é conhecido como "aquele que não deve ser nomeado".
 
Richa, em vez de pedir à Polícia Federal uma ampla investigação da corrupção instalada dentro de seu governo, tentou amenizar o caso publicando em seu facebook um breve relato de uma visita feita ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dando a entender que foi em busca de conselhos para enfrentar as sucessivas crises que assolam seu governo.
 
Richa terminou seu primeiro mandato em crise econômica. Desde 2013 tem dificuldades de caixa para pagar fornecedores em dia e não consegue cumprir compromissos assumidos com o funcionalismo. Iniciou seu segundo mandato pior ainda, com greves de profissionais do ensino e da saúde, e com aumento de 50% nos impostos estaduais sobre vários produtos.
 
FHC não é uma pessoa das mais apropriadas para dar conselhos econômicos. Em seus oito anos de gestão na Presidência da República quebrou o Brasil três vezes, mesmo fazendo o maior aumento da carga tributária da história. Vendeu patrimônio público para abater a dívida, mas a dívida explodiu. Privatizou tendo como um dos argumentos atrair investimentos e eles vieram pífios, resultando em racionamento de energia, má qualidade nos serviços públicos concedidos e tarifas altas de pedágios e telefonia. Também fracassou na geração de empregos; a renda do trabalhador e a proteção social foi arrochada. Enfim, se for seguir aqueles conselhos, pobres paranaenses.
 
Outro tema que leva o governo paranaense à crise política é a corrupção envolvendo familiares e rondando seu gabinete. Outra relação de proximidade é a sociedade de Fernanda Richa, mulher do governador, e Eloiza Fernandes Pinheiro Abi Antoun, mulher de Abi, entre 1999 e 2002. As duas foram sócias da União Metropolitana de Ensino Paranaense Ltda.
 
Apesar de o Judiciário nem sempre individualizar condutas criminosas quando acusa petistas, o princípio deve valer para todos e Beto Richa não pode responder criminalmente pela conduta de terceiros sem provas. Porém, o Paraná precisa que as investigações sejam feitas e precisa que o governo seja depurado, doa a quem doer, como acontece no governo federal.
 
E neste ponto, FHC também não é um bom conselheiro. Em seu governo reinava a impunidade do engavetamento. A corrupção cresceu assustadoramente ao não ser combatida como deveria, favorecendo a sobrevivência eleitoral de políticos corruptos. E ainda contava com a complacência da imprensa tradicional simpática ao tucanato.
 
Deixou uma herança maldita que, a duras penas, vem sendo combatida diuturnamente. Se Richa fosse agir republicanamente, faria tudo ao contrário do que o ex-presidente aconselhasse. O problema é que os dois tucanos se parecem muito no jeito de agir e de governar. Para desespero dos cidadãos paranaenses.
 
 

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