Nos últimos anos a renda dos mais pobres teve significativa melhora, devido a mudanças nas políticas governamentais, que enfatizaram a criação de programas sociais e a estabilidade macroeconômica.
Pela primeira vez na história, a classe média superou ao número de pobres na América Latina, graças ao crescimento econômico sustentado e as políticas de distribuição equitativa.
Assim divulgou o Banco Mundial (BM) em seu relatório anual sobre o estado das economias do mundo, segundo o qual a pobreza no continente desceu de 42% em 2000 a 25% em 2012, enquanto que as filas da classe média aumentaram de 22 a 34% no mesmo período.
Por sua vez, o relatório mundial de Desenvolvimento Humano 2014 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), divulgado em junho deste ano, acrescenta a estas cifras algumas mais precisas.
O relatório aponta que mais de 56 milhões de pessoas saíram da pobreza extrema - os que recebem renda inferior a quatro dólares por dia - desde o ano 2000 até agora.
Os latino-americanos nesta situação eram 189,9 milhões em 2000, 41,7% de uma população de mais de 450 milhões.
Em 12 anos, 56,2 milhões deixaram esse grupo, de modo que o número de pobres baixou a 133,7 milhões em 2012, um quarto dos 528,3 milhões de habitantes da região, acrescenta o relatório da organização mundial.
Esse avanço é resultado principalmente do crescimento econômico da última década, mas o estudo revela que o 38,3% foi devido também a políticas a favor da distribuição justa da riqueza.
Entre as nações da América do Sul, o país em melhor situação é o Uruguai, com apenas oito porcento da população em estado de pobreza e uma classe média superior a 60%.
O estudo do PNUD, no entanto, enfatiza que a região não conseguiu diminuir a população que se encontra vulnerável.
Trata-se de pessoas que acabaram de sair do mais completo desamparo, de miséria quase total, mas que ainda não passaram às filas da classe média. Esse grupo aumentou entre 2000 e 2012 de 156 milhões de habitantes a quase 200 milhões.
A questão reside no fato da riqueza geral e o índice de desigualdade serem dois indicadores diferentes que devem ser observados como complementos se o objetivo é ter uma visão integral e verdadeira do estado das nações, assegura o Nobel de Economia Joseph Stiglitz, em um artigo publicado recentemente na revista The Economist.
Isto levou muitos governos latino-americanos a mostrar uma redução da desigualdade como prova de uma melhoria importante na qualidade de vida dos setores populares. Mas isto nem sempre é assim. Por exemplo, a América Latina é uma das regiões mais desiguais do mundo, com um coeficiente de desigualdade (Gini) de 0,43, só superada pela África Subsaariana, com um 0,44.
Gini é o indicador de distribuição de renda mais utilizado, no qual um "0" apontaria igualdade absoluta e "1" desigualdade absoluta.
Países como Chile e Brasil têm um alto Gini, ou seja, uma diferença acentuada entre os 20% mais pobres e 20% mais ricos.
No entanto, devido à grande riqueza e à modernidade de suas economias, entre essa minoria muito rica e a outra tão pobre existe uma classe média maior que 40% da população.
Por isso - como assegura a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) - em um mesmo país pode ter se mantido a iniquidade e, no entanto, progredido em comparação com anos atrás, já que, por mais que as diferenças sejam grandes, agora todos têm mais e muitos dos que eram pobres já não são.
Nações como Venezuela ou Paraguai, em comparação com os dois anteriores, não têm um alto índice de desigualdade, mas entre a riqueza extrema da sociedade e o menos favorecido mostram uma porcentagem muito alta da população (maior a 40%) entre os chamados vulneráveis, ou seja, capazes de voltar à indigência total se acontcessse uma crise ou outro cataclismo econômico.
Para o próximo ano, o BM e a Cepal preveem 3,2% de crescimento na América Latina, o que seria de grande ajuda se as nações o revertem em prosperidade para todos.
Este incremento sustentado, junto ao desenvolvimento ou a continuação de políticas públicas bem planejadas, permitiria superar muitos dos desafios no tema da pobreza e da distribuição justa da riqueza, única via para conseguir uma vida mais plena e economias mais prósperas.
Para o Bird, a redução da pobreza e a expansão da classe média na região avançaram em ritmo muito lento, durante décadas, porque o baixo crescimento e a persistente desigualdade detiveram o progresso. Nos últimos anos, no entanto, a renda dos mais pobres teve significativa melhora, devido a mudanças nas políticas governamentais, que enfatizaram a criação de programas sociais e a estabilidade macroeconômica.
Fonte: Agência Brasil
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