O segredo do gás israelita
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Il segreto dei gas israeliani |
Históricamente, foram os pesquisadores israelitas de armas químicas e biológicas que forçaram a Síria a rejeitar a Convenção interditando as armas químicas.
É por isso que a assinatura por Damasco deste documento arrisca fazer luz sobre a existência, e eventualmente sobre a continuação, de pesquisas sobre as armas destinadas a matar unicamente as populações árabes.
A mídia ocidental parecem estupefatos da reviravolta dos Estados Unidos face à Síria. Enquanto anunciavam todos, há duas semanas, uma campanha de bombardeamentos e a queda inevitável do « regime », ficaram agora sem voz diante do recuo de Barack Obama.
Era no entanto previsível que, como eu o escrevia nestas colunas, o envolvimento de Washington na Síria não tenha mais móbil estratégico de importância. A sua política atual é, sobretudo, guiada pelo cuidado de conservar o seu estatuto de única hiper-potência.
Levando à letra aquilo que, a princípio, não era mais que uma “boutade” (piada) de John Kerry, e propondo assim a adesão da Síria à Convenção sobre a interdição de armas químicas, Moscou satisfez a retórica de Washington, sem que aquela tenha que fazer mais uma guerra em período de crise económica. Os Estados Unidos conservam em teoria o seu estatuto, mesmo se todos vêem bem que é agora a Rússia que dirige o jogo.
As armas químicas têm dois usos : ou militar, ou para exterminar uma população. Elas foram utilizadas durente as guerras de trincheiras, da Primeira Guerra mundial à agressão iraquiana contra o Irã, mas elas não servem para nada nas guerras modernas, onde o front está sempre em mudança. Foi pois com alívio que 189 Estados assinaram a Convenção interditando-as, em 1993 : podiam assim desembaraçar-se de estoques perigosos e inúteis, cuja guarda lhes ficava onerosa.
Se se compreende as razões pelas quais nem a Síria, nem o Egipto assinaram, em 1993, a Convenção, a oportunidade oferecida a Damasco por Moscou de a subscrever atualmente é um bónus : não sómente ela põe fim à crise com os Estados Unidos e a França, mas permite-lhe também desembaraçar-se de stocks inúteis, que se tornaram cada vez mais difíceis de defender. Sendo prático, o presidente el-Assad frisou que a Síria agia a pedido da Rússia e não sob a pressão dos Estados Unidos ; uma maneira elegante de sublinhar a responsabilidade de Moscou na proteção futura do país, num eventual ataque químico israelita.
Com efeito, a colónia judia da Palestina nunca ratificou a Convenção. Esta situação poderá rápidamente tornar-se um fardo político para Telavive. Foi por isso que John Kerry para lá se dirigiu hoje, domingo, para discutir o assunto com Benjamin Netanyahu. Se o Primeiro-ministro do último Estado colonial for hábil, deverá agarrar a ocasião para anunciar que o seu país reconsiderará a questão. A menos, claro, que Wouter Basson tenha encontrado gases étnicamente seletivos e que os falcões israelitas continuem a pensar utilizá-los.
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