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Moro é tratado como ‘Judas’ em ato pró-governo em SP


Enquanto foi tratado como herói pelos manifestantes que foram à rua no domingo passado pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o juiz Sérgio Moro foi um dos principais alvos do ato de ontem na Avenida Paulista. Responsável por determinar a condução coercitiva e a divulgação de grampos telefônicos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Moro foi lembrado em cartazes, gritos de guerra, um boneco de Judas e discursos de lideranças políticas e artistas.

Pelo menos em dois momentos os manifestantes gritaram “Moro na cadeia” ao reagir a reclamações contra o juiz da Lava-Jato feitas por aliados de Lula. Cartazes pediam o afastamento de Moro e providências do Supremo Tribunal Federal (STF). Um grupo de amigos colou uma fotografia do juiz federal em um boneco com a inscrição: “Moro Judas fariseu”. O boneco atravessou quase todo o ato.

Protestos pró e contra governo

— Esse juiz está extrapolando o poder dele. Ele não pode grampear uma presidente da República — disse o estudante Rodrigo Silva, de 21 anos, que carregava um cartaz com a inscrição “Fora, Sérgio Moro”.

Após tirar uma foto do boneco de Judas com o rosto do juiz, a funcionária pública Elisângela de Almeida Santos, de 27 anos, disse que deixou de admirar Moro nas últimas semanas:

— Eu achava que ele ia acabar com a corrupção, que estava fazendo a coisa certa, mandando poderosos para a cadeia. Mas parece que agora o objetivo dele é só prender o Lula, e vale até divulgar a vida íntima do presidente —disse Elisângela.

Se no chão, o juiz era criticado por quem apóia o PT, nos palanques ele era alvo de duras críticas. Após cantar uma música, a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP) chamou o juiz de déspota:

— Queria lembrar que o déspota que deu os braços para deslumbramento está fazendo um problema para o nosso país, destruindo o que a gente construiu com suas decisões judiciais.

Também sem citar Moro nominalmente, o coordenador do MTST, Guilherme Boulos disse que a questão não é defender ou não o governo, é garantir a Constituição:

— Aqueles que deveriam agir em nome da Justiça estão rasgando os direitos constitucionais, rasgando a toga para fazer uma política mesquinha, a pior política que tem.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad provocou gritos de “Moro na cadeia”:

— Neste momento, o estado democrático está em risco. Ninguém pode ser acordado às 6h e levado para prestar depoimento se nunca se recusou a prestar esclarecimentos à Justiça. O que se vê hoje é julgamento sumário.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, foi além e incendiou a plateia ao afirmar:

— Nós vamos nos livrar do Moro.

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