CPI da Petrobras abrirá a caixa preta da Kroll
Após diversas cobranças feitas pela CPI da Petrobras para que as informações sobre o contrato da empresa de investigação Kroll fossem socializadas e debatidas entre os parlamentares que compõem a Comissão, o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB/PB) se comprometeu em realizar reunião para apresentar os nomes de todos os investigados pela empresa, bem como o relatório do que já foi feito até agora para que os parlamentares decidam coletivamente os rumos das investigações.
Após 5 meses de CPI, finalmente a caixa preta da Kroll será aberta.
O parlamentar Hugo Motta tomou a decisão de tornar absolutamente transparente todo o processo da Kroll, quem são os investigados, qual é a prioridade das investigações, classificando como absurda a atitude do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que decretou, no mês de junho, sigilo sobre o contrato e relatório da Kroll, pelos próximos cinco anos.
Até hoje, apenas o presidente da CPI e o sub-relator, André Moura (PSC/SE) tem conhecimento sobre os nomes dos investigados e quais as prioridades das investigações. De acordo com matéria do jornal O Globo, o sigilo é para garantir que a cúpula da CPI utilize a Kroll para investigar contas bancárias dos delatores da Operação Lava Jato com o objetivo de tentar anular delações que implicam o presidente da Casa, Eduardo Cunha.
A defesa do lobista Julio Camargo, delator da Lava-Jato que denunciou propina de 5 milhões de dólares ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou que o peemedebista e outros investigados agem com a “lógica da gangue”.
Segundo os advogados de Camargo, a CPI da Petrobras tem tomado “uma série de medidas para desmoralizar a investigação”. Para eles, “está em vigor a moral da gangue, que acredita por triunfar pela vingança, intimidação e corrupção”.
“Eventuais contradições de Julio Camargo advêm de seu justificado temor em relação ao deputado federal Eduardo Cunha, que atualmente ocupa a presidência do Poder Legislativo Federal”, disse o documento com as alegações finais do lobista à Justiça.
A cúpula da CPI da estatal, formada em sua maioria por aliados de Cunha, solicitou à empresa de espionagem Kroll que dê prioridade às investigações sobre o lobista. A intenção, segundo integrantes da comissão, é apontar contradições na delação premiada. O presidente da Câmara disse que não faria comentários sobre a CPI.
Navios-sonda
Em 16 de julho deste ano o lobista declarou à Justiça Federal que o suposto operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras, Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, lhe disse que estava sendo pressionado por Eduardo Cunha para pagamento de propina. Os valores da propina teriam saído de compras de navios-sonda.
Segundo relato de Julio Camargo, o peemedebista exigia 5 milhões de dólares. “Ninguém desconhece as críticas que Camargo vem recebendo diariamente por ter colaborado com o MPF [Ministério Público Federal], especialmente após ter revelado que foi vítima de coação por um parlamentar que descaradamente lhe exigiu US$ 5 milhões”, dizem os advogados de Camargo. “Astuciosamente afirmam que a versão de Julio Camargo é mentirosa, teria sido engendrada pelo procurador-geral da República [Rodrigo Janot] para prejudicar o parlamentar envolvido nos fatos, nada mais falso: o escândalo e falsidade não estão nas palavras de Camargo, mas na corrupção daqueles que juraram proteger a coisa pública.” (AE)
Rodrigo Janot e Eduardo Cunha |
Não é a iminência de ser indiciado no inquérito da Operação Lava Jato que mais deixa Cunha desesperado. Ele acha que mesmo indiciado conseguirá manter o apoio que tem na Câmara para se manter na presidência da casa. Isso pode mudar, mas não é impossível de acontecer. Ainda que o STF o transforme em réu, Cunha ainda acredita que seus advogados vão encontrar falhas no inquérito para anulá-lo. Também não é impossível que isso ocorra.
O grande medo de Cunha é o que vem sendo falado, que o Procurador Geral de Justiça, Rodrigo Janot junto com o indiciamento pode entrar com medida cautelar no STF pedindo o afastamento da presidência da Câmara por coação de testemunhas. É aí que o bicho pega. O Supremo pode determinar seu afastamento e aí não adianta Cunha ter apoio da Câmara, que aliás, nessa eventualidade certamente será muito menor do que ele tem hoje.
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