Combates enterram cessar-fogo
Intensos bombardeamentos registados desde sexta-feira, 9 de janeiro, na região de Donetsk enterraram definitivamente a frágil trégua no Leste da Ucrânia e parecem confirmar os planos de Kiev para impor a solução violenta do conflito, que várias organizações dizem saldar-se já numa catástrofe humanitária.
O líder da República Popular de Donetsk (RPD) responsabilizou, segunda-feira, 12, o governo nazi-golpista pela ruptura do cessar-fogo e considerou que, em poucos dias, o território regressou à situação registada antes da subscrição do armistício em Minsk, capital da Bielorrússia, no início de Setembro do ano passado.
O número de vítimas resultantes do recrudescimento dos combates, ocorrido desde o final da semana passada, não é certo. Tropas fiéis aos golpistas do governo nazista de Kiev e forças antigolpistas trocam acusações de violação da trégua, de que serve de exemplo o ataque, ainda por atribuir, registado no dia 13 de janeiro contra um onibus no Sul da cidade de Donetsk. Dez pessoas morreram e 13 ficaram feridas.
Seguras parecem ser as informações que garantem que o fundamental dos combates se concentra ao redor do Aeroporto Internacional de Donetsk. Pelo menos é o que afirma a missão de observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, que num só dia contabilizou mais de 90 violações nazistas do cessar-fogo, a maioria das quais em torno daquela infra-estrutura.
As autoridades de Kiev informaram, no entanto, dia 11, que a situação de tensão estende-se também a Mariupol e Lugansk. Os antifascistas, por seu lado, denunciam a destruição de dezenas de estações elétricas na região de Donetsk, dado confirmado, aliás, por um dirigente mineiro local, que no domingo, 11, revelou que 331 mineiros ficaram bloqueados durante várias horas na mina de carvão de Zasyadko em resultado a interrupção do fornecimento de energia.
Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo afirmou deter informações de que a junta fascista ucraniana pretende impor a solução violenta do conflito, e referiu-se aos planos de mobilização de dezenas de milhares de efectivos por parte de Kiev.
As acusações de Sergei Lavrov têm ainda como pano de fundo a canalização de milhões de dólares para a produção de novos blindados e mísseis, e para a modernização dos aparelhos ao serviço da força aérea da Ucrânia, facto atestado por recentes visitas do presidente golpista, Petro Poroshenko, às fábricas encarregadas das encomendas.
Paralelamente, as Nações Unidas atualizaram os dados que refletem as consequências da guerra contra o Leste da Ucrânia. Desde Abril de 2014, morreram no território mais de 4800 pessoas, cerca de 11 mil ficaram feridas e mais de 1,2 milhões refugiaram-se noutras zonas do país ou no estrangeiro, sobretudo protegidos pela Rússia.
Daria Morozova, responsável pela comissão do Direitos Humanos da RPD, precisou, por seu lado, que os danos materiais ascendem, só em Donetsk, a pelo menos 52 milhões de dólares. Na cidade, 4472 edifícios habitacionais, 445 estações ou seções eletrotransmissoras, e 136 instalações energéticas foram destruídas pelos bombardeamentos nazistas de Kiev, adiantou ainda.
Cerca de 30 estações foram igualmente danificadas, assim como 1469 estruturas de gás, 11 sistemas de tratamento de águas residuais, 50 hospitais e centros de saúde, 209 escolas e outras instituições de educação e cultura em toda a região, detalhou Morozova.
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