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Presidenta Dilma liberta escravos usando a Copa do Mundo

Nivaldo Inácio da Silva tem uma palavra para descrever o que é acordar às 6 da manhã, com a fivela de um capacete de segurança a apertar sufocante, nos 45 graus de calor no local da construção do novo estádio da Copa Mundo do Brasil de futebol: "liberdade"

Ex-escravos -  Valdomiro José da Silva, 28, e Nivaldo Inácio da Silva, 44

Da Silva é um dos 25 homens no local que, em seus trabalhos anteriores, trabalhavam em condições que foram classificadas como trabalho escravo pelo governo brasileiro.
Eles agora estão ajudando a construir o estádio numa cidade oeste de Cuiabá como parte de um programa patrocinado pelo governo que treina ex "escravos" em competências como carpintaria e ajuda a inseri-los no mercado de trabalho regular.

Como vários dos homens, Da Silva disse que foi atraído para aceitar um emprego de mão de obra da fazenda, e depois forçado a pegar algodão sete dias por semana de sol a sol em troca de um pagamento que ele nunca recebeu. Ele teve de procurar na mata por frutas ou caçar por seu alimento. Ele disse que era incapaz de escapar por causa do isolamento da fazenda, e sairam apenas após um colega de trabalho conseguiu fugir e alertar as autoridades. Agora, ele e os outros trabalhadores dizem que estão orgulhosos de estar na frente e no centro de preparação do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014.

"Estou feliz por ter a liberdade de fazer o que eu quero agora", disse Da Silva, 44 anos, que vive com os outros trabalhadores em habitação temporária fornecida no local pela empresa - e tem fins de semana livres. "Antes, tínhamos que dormir na selva. Agora, temos um horário de trabalho bom e boa comida. Não há nada a reclamar, porque tudo ficou melhor em nossas vidas." A história de como Da Silva e os outros chegaram ao local está enraizada em desafios econômicos do Brasil, passado e presente.
O Brasil importou mais escravos africanos do que qualquer outro país nas Américas, principalmente para o corte de cana. Enquanto a escravatura foi formalmente abolida em 1888, ainda há bolsões de escravos no Brasil, principalmente em fazendas e em áreas onde a floresta amazônica está sendo desmatada, onde as condições de trabalho são assustadoramente semelhantes aos do século 19.
Mesmo na cidade maior e mais moderna do Brasil, São Paulo, as autoridades muitas vezes descobrem trabalhadores em condições escravistas de produção em fábricas têxteis e roupas.
Mais de 2.600 pessoas foram "resgatados" do trabalho escravo em 2010, diz o Ministério do Trabalho. O governo do Brasil tornou o problema uma prioridade na última década, e expandiu a definição da escravidão em 2003, para incluir o trabalho forçado e condições degradantes de trabalho - uma definição mais ampla do que muitos países, diz Organização Internacional do Trabalho.
Valdiney Arruda
 Lembro de meu pai dizendo que o Brasil só iria melhorar quando um trabalhador fosse presidente.
 Isso marcou a minha vida e passei a votar no Lula e a admirar o PT
Programas governamentais, como a que colocou os trabalhadores no estádio de Cuiabá, que incluiu seis meses de treinamento no local, são essenciais para garantir que a escravidão finalmente desapareça para sempre no Brasil, diz Valdiney Arruda, o superintendente do Ministério do Trabalho em Mato Grosso.
"O maior desafio com frequência é provar a estas pessoas que são capazes"
"Como se deixa para trás uma vida toda em apenas seis meses? Não é fácil, mas eles estão conseguindo."
Valdiney Arruda - Superintendente do Ministério do Trabalho MT 




Agora tenho um emprego!


Quando chegaram ao local do estádio em abril do ano passado, todos eram analfabetos, disse Simone Ponce, porta-voz do consórcio responsável pela obra. Muitos não estavam acostumados a seguir sequer instruções básicas, e penaram no início quando professores tentaram lhes ensinar desde leitura até técnicas de construção e como administrar seu dinheiro.  "Alguns ficaram frustrados e começaram a dizer coisas como 'prestar serviço estava bom para mim', e outros estavam simplesmente assustados porque nunca tinham sido bem tratados por um empregador."

Ainda assim, persistiram. Dos 26 que se inscreveram no programa, só um desistiu e voltou para casa.  Os trabalhadores dizem ter percebido rapidamente o valor do que estavam aprendendo. Durval Fernandes da Silva, de 38 anos, disse ser um de 20  irmãos e afirmou nunca ter tido a chance de ir a escola. "Tudo que fiz (antes) foi cortar cana", declarou. "Agora tenho um emprego. Aprendi muito e aprendo mais a cada dia." 


O programa tem sido igualmente útil para empresas.
Muitas cidades brasileiras enfrentam a falta de mão de obra resultante dos anos de crescimento econômico robusto, que afastou empregados de trabalhos pesados como no setor da construção. O problema é tão acentuado em Cuiabá, que experimenta uma explosão de cultivo de soja, que o consórcio foi forçado a alterar seus planos usando mais peças pré-montadas na construção do estádio.
"Treinamos nós mesmos estes homens, e como resultado vimos uma qualidade melhor no trabalho", disse Simone. "Eles são como uma família agora, então é mais provável eles ficarem do que outros. É quase como um programa de recursos humanos."  "O que aconteceu aqui não é caridade", disse Arruda, do Ministério do Trabalho. "É uma troca. A empresa colhe o trabalho e a sociedade colhe pessoas produtivas."
As aulas dos trabalhadores terminaram em janeiro, e agora eles são considerados funcionários regulares em tempo integral, atuando ao lado de 600 colegas. Recebem um salário de 816 reais por mês -o mesmo valor de seus colegas e 30 por cento acima do salário mínimo nacional. Além disso, eles têm alojamento e alimentação.
O aprendizado não terminou
Ponce, porta-voz do consórcio, mostra com orgulho um álbum de fotos com imagens de quando levaram Durval Fernandes a um cinema pela primeira vez em sua vida - ele teve medo da escada rolante, mas gostou do filme.
Ela disse que o consórcio ainda está tentando ensinar aos funcionários coisas básicas como ir ao dentista quando um dente dói, ao invés de simplesmente arrancá-lo.

"Agora estamos em uma situação digna, com boa comida e condições de trabalho adequadas" disse José Divino Pereira, de 57 anos, que trabalha como zelador no canteiro de obras.
Antes de atuar na principal obra do estado para receber a Copa do Mundo de 2014, ele enfrentava jornadas exaustivas e alojamento insalubre em uma fazenda no interior de Mato Grosso. "Mudamos as vidas de 25 pessoas, e se Deus quiser mudaremos as vidas de seus filhos", afirmou Ponce. "Temos aprendido muito com eles também."






Dilma - Contra o trabalho escravo

Durante sua campanha, Dilma fez o compromisso público firmado com a Frente Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e com a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) afirmando que o "combate ao trabalho escravo deverá ser prioridade da minha gestão". A presidente da República, segundo ).  
Entre os pontos estabelecidos no acordo, estava o de apoiar a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional que prevê a expropriação de imóveis onde for encontrado trabalho análogo à escravidão (PEC 438/2001), que tramita no Congresso Nacional, e o de renunciar ao mandato caso seja descoberto trabalho escravo em suas propriedades, além de exonerar qualquer pessoa que ocupe cargo público de confiança que se beneficie deste tipo de mão-de-obra.

A Frente Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, uma das organizadoras da carta-compromisso voltada aos candidatos a governos estaduais e à Presidência da República.
Integram a Frente Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, movimento suprapartidário:
A CUT – Central Única dos Trabalhadores,  Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo no Senado Federal, Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo, Degradante e Infantil na Câmara dos Deputados, Secretaria de Direitos Humanos, Ministério Público do Trabalho, Procuradoria Geral do Trabalho, Secretaria de Inspeção do Trabalho – Ministério do Trabalho e Emprego, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Comissão Pastoral da Terra, Organização Internacional do Trabalho, Fórum Nacional da Reforma Agrária, CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura, MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, FETRAF – Federação dos Trabalhadores, CRS – Catholic Relief Services / Brasil, COETRAE/MA – Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo / Maranhão, COETRA/PA – Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo / Pará, COETRAE/TO Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo / Tocantins, CDVDH – Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia/MA, ONG Repórter Brasil, SINAIT – Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, ANAMATRA – Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho, ANPT – Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho, ANPR – Associação Nacional dos Procuradores da República, AMB – Associação dos Magistrados Brasileiros, AJUFE – Associação dos Juízes Federais, OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, ABRA- Associação Brasileira de Reforma Agrária, Movimento Humanos Direitos – MHuD, CEJIL – Centro Pela Justiça e o Direito Internacional, Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, ONG Atletas pela Cidadania, SDDH – Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, UGT – União Geral dos Trabalhadores, CSP – Central Sindical de Profissionais, CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores, CONLUTAS/ ANDES, INTERSINDICAL, CGTB – Central Geral Dos Trabalhadores Do Brasil, CNT – Central Nacional de Trabalhadores, entre outros.

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