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COMITIVA DE SENADORES BRASILEIROS NA VENEZUELA ESCLARECE: Vamos ouvir oposição, situação, vítima e quem não é vítima.

— Nossa comitiva foi designada pelo Plenário — reforçou Requião (PMDB-PR). 

“A pior coisa que pode acontecer para o Brasil e a América Latina é a Venezuela entrar em guerra civil. Queremos legalidade democrática e realização de eleições livres, estamos aqui para conversar com todos”, explicou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). 

Vanessa (PCdoB-AM) ressalta diferenças entre duas viagens de senadores à Venezuela.


A bordo do avião que levou a Caracas a segunda comitiva de senadores em duas semanas, na noite de quarta-feira (24), a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) ressaltou a diferença entre a visita da atual delegação de senadores e a passada, que pretendia se encontrar com presos políticos e opositores ao governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, mas foi impedida de cumprir o objetivo. Manifestantes pró-Maduro cercaram o veículo dos senadores e os hostilizaram.
— É afirmação do caráter amplo e nem um pouco sectário que tem o Senado Federal do Brasil e o próprio país, vizinho e aliado da Venezuela. Infelizmente, a primeira comitiva que veio foi muito partidária, veio não para cumprir uma missão de Estado, não para cumprir uma missão humanitária, como eles dizem, mas para cumprir uma missão político-ideológica a favor da oposição ao governo — salientou.
A ida da nova comitiva foi aprovada pelo Plenário do Senado na semana passada, num requerimento assinado por Vanessa e pelos senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Lindbergh Farias (PT-RJ), Roberto Requião (PMDB-PR) e Lídice da Mata (PSB-BA). A proposta é verificar in loco a situação política, social e econômica da Venezuela, principalmente após as hostilidades cometidas contra os senadores da oposição.
— Nossa comitiva foi designada pelo Plenário — reforçou Requião.
“A pior coisa que pode acontecer para o Brasil e a América Latina é a Venezuela entrar em guerra civil. Queremos legalidade democrática e realização de eleições livres, estamos aqui para conversar com todos”, explicou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
De acordo com Lindbergh, um dos objetivos após a visita é acompanhar o processo eleitoral da Venezuela, que tem eleições marcadas para 6 de dezembro. Uma comissão de senadores brasileiros da oposição e da situação deve ser instituída para esse acompanhamento. As tratativas foram iniciadas com o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), como informou Lindbergh.
Comitê de Familiares das Vítimas das Guarimbas – como são chamadas as ações de guerrilha na Venezuela. 
Os integrantes do Comitê de Familiares das Vítimas das Guarimbas fizeram relatos dramáticos do episódio de violência que resultou na morte de 43 pessoas.
Nesse primeiro encontro, os familiares das vítimas responsabilizaram líderes oposicionistas como Leopoldo López por incitar a violência. Após uma eleição com resultado apertado, cuja vitória foi do governo chavista de Nicolás Maduro, os líderes de oposição conclamaram a população a ir para as ruas e resistir ao resultado.
“Uma coisa fica clara depois das eleições, que foram apertadíssimas, com ânimos exaltados, alguns líderes da oposição conclamaram o povo à rua para que lá ficassem até a queda do regime. Isso provocou esse processo de violência, que levou à morte de 43 pessoas, inclusive de cinco estudantes que participavam diretamente das manifestaçõe, e a  violência se estabeleceu. Como disse o comitê, a violência tem que ser apurada, e a violência policial também não foi uma exceção, como em qualquer lugar do mundo”, disse o senador Roberto Requião (PMDB-PR), para a reportagem da Agência Senado, após o encontro, ocorrido em um hotel da capital.
Após o primeiro compromisso, com as famílias das vítimas das guarimbas, foi a vez da comitiva se encontrar com as esposas dos líderes oposicionistas que estão presos, entre elas a mulher de Leopoldo López, Lilian Tintori. Ela fez um relato aos senadores brasileiros sobre os 30 dias de greve de fome do marido, que se encerraram na última segunda-feira (22), quando o governo venezuelano marcou a data das eleições parlamentares no país para o dia 6 de dezembro.
Além do agendamento das eleições, López reivindica a libertação de 75 presos políticos e o acompanhamento, por organismos internacionais, das denúncias de violações democráticas e de direitos humanos na Venezuela. Os senadores brasileiros se comprometeram a enviar ao país uma nova comissão do Senado, multipartidária, para acompanhar o andamento das eleições.
Há previsão de que os senadores tenham outros encontros, hoje, com representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública e com o presidente do Poder Legislativo da Venezuela, Diosdado Cabello. A princípio, o retorno deles a Brasília está marcado para as 17h locais, 18h30, no Brasil, mas o horário pode ser alterado em razão de atrasos na agenda.


Na foto, encontro com as esposas de presos políticos. 



Os senadores brasileiros também se encontraram com representantes do setor mais moderado da oposição, que defende uma saída pela via eleitoral.
Também estão previstas reuniões com representantes do Ministério Público, com a Defensoria Pública, com o presidente da Assembleia e com a ministra das Relações Exteriores.
“Vamos ouvir oposição, situação, vítima, quem não é vítima. Vamos à rua, conversar com as pessoas, para levar um relatório completo ao Parlamento brasileiro e fazer essa discussão dentro do Senado [na volta ao Brasil]”, disse o senador Telmário Mota (PDT-RR).
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) explicou ainda que não serão dadas muitas informações à imprensa sobre os resultados obtidos nos encontros. “Vamos dar poucas declarações sobre o que conversamos aqui. As informações serão prestadas na tribuna do Senado Federal”, disse.
Visitas - Essa é a segunda comissão de senadores que visita a Venezuela em duas semanas. Na quinta-feira passada (18), outro grupo desembarcou no país vizinho com a intenção de conversar com presos políticos, mas não conseguiu cumprir a missão. Os integrantes da nova comitiva frisam que, ao contrário dos outros senadores, ouvirão representantes de todos os espectros políticos.
“A primeira comitiva veio com um objetivo claro, de reforçar a oposição, e nós estamos aqui para ouvir todos os lados”, salientou a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
A parlamentar reforçou que o Senado brasileiro não tem o direito de se meter nos problemas internos políticos da Venezuela. Disse ainda que os senadores em território venezuelano falarão em nome do Parlamento brasileiro, multipartidário, e não de uma legenda específica.
“Não viemos aqui para dar apoio político a grupos. Viemos para informar o Senado Federal da opinião da situação e da oposição venezuelana”, acrescentou Roberto Requião.
O senador paranaense assinalou que a comitiva vai se reportar ao Congresso da Venezuela, “uma instituição semelhante à nossa”: “Viemos pelo Senado da República e vamos conversar dentro do prédio da instituição parlamentar com as diferentes tendências. Por outro lado, estamos à disposição de todas as pessoas que quiserem dizer alguma coisa ao Brasil”.

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