Para aqueles que chegam de navio onde alguns descreveram como a cidade mais bonita do mundo, o desembarque pode ser decepcionante.
A primeira coisa que se confronta, depois de colocar o pé no Rio de Janeiro e passar pela alfandega, é uma auto-estrada elevada correndo ao longo da costa, obstruindo qualquer ponto de vista em ambos os sentidos.
Mas há boas notícias.
A visão desta rodovia, uma monstruosidade urbana, se alguma vez houve uma, será uma das primeiras coisas a sumir quando Rio receber sua operação plástica para a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas de 2016.
O enterro subterrâneo deste monumento ao "culto dos automoveis" em cidades do século 20, é parte integrante do programa massivo de gastos em infra-estrutura do Brasil, uma vez que se prepara para hospedagem do mundo, dois eventos principais nos esportes.
O preço calculado em bilhões de dólares para este grande projeto de engenharia é apenas uma fração das centenas de bilhões de dólares que o governo da Presidenta Dilma Rousseff está gastando e planeando gastar na modernização de infra-estrutura do Brasil, incluindo um serviço ferroviário de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro.
Seja bem-vindo ao novo Brasil, um peso-pesado emergindo nos assuntos mundiais e um dos países-chave para ser observado no século 21.
De certa forma isso não deveria ser surpreendente. Com a massa de terra quinto maior do mundo (8,5 milhões de quilômetros quadrados), a quinta maior população (200 milhões de plus) ea oitava maior economia (mais de US $ 2 trilhões), o Brasil deveria ser ente natural na mesa principal da política mundial.
Ainda que de modo algum sido o caso até agora. Até poucos anos atrás, a frase padrão sobre o Brasil era que este era o País do Futuro. . . e sempre seria...
O que aconteceu?
O que produziu essa reviravolta e fez com que os brasileiros, num ligeiro movimento pudessem, sem exagero, se descrever como "O maior pais do Mundo" (“The biggest country in the world”)?
O que tornou possível a mudança dessa
condição crônica do passado como um caso perdido na seara econômica, atormentada pela hiperinflação e baixo crescimento, à sua situação atual, em que Christine Lagarde do FMI vem implorando por seu apoio para salvar a Europa?
Tão recentemente, em 2002, a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou nervosismo mundial nos mercados financeiros e uma pressão sobre o real. A eleição de 2010 da Presidenta Dilma Rousseff, uma ex-guerrilheira urbana, por outro lado, foi saudada por um fluxo de IED ainda maior no país e a valorização constante do real, chega a tal ponto que o Rio é hoje a cidade mais cara em dolar do Américas.
Como?
A resposta é simples:
A liderança presidencial
Poucos países incorporam tais exemplos claros da diferença que ter o homen ou a mulher certa no comando pode fazer.
Pela a maior parte da segunda metade do século passado, o Brasil foi liderada por obscuros generais e anódinos políticos que eram ainda mais incapazes de reunir as muitas vertentes deste país de dimensões continentais, diversificada e altamente descentralizada.
A política externa brasileira e seu braço diplomático, o Itamaraty, como o Ministério das Relações Exteriores é conhecido, em virtude do nome do edifício onde está alojado, sempre se destacou por sua visão arrojada e capacidade de projetar os interesses do país no exterior. Mas, na maioria das vezes, não tinha por atrás de si a economia forte, um governo estável e firme liderança presidencial necessária para traduzir a sua política externa ou sustentar as suas realizações.
Então, no período de 2003-2011, o Brasil foi abençoado com dois presidentes excepcional consecutivos - Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.
O líder sindical Lula da Silva, um operário que perdeu um dedo na fábrica, manteve o compromisso com as políticas fiscais ortodoxas, mas também expandiu os programas sociais como o Bolsa Familia e lançou o Fome Zero, para combater a fome e a desnutrição, especialmente em áreas pobres do Nordeste do Brasil. E seu governo aplicou uma política vigorosa industrial através do BNDES, um banco que empresta mais dinheiro do que o Banco Mundial, e promove os campeões industriaias do país, como a Vale do Rio Doce e a Petrobras.
O resurgimento do Brasil foi tal que em 2009 destacou-se com um dos últimos países a ser atingido pelo Tsunami da Grande Recessão Mundial e um dos primeiros a sair.
A descoberta de 2006, os campos petrolíferos Tupi na sua costa sul, com potencial de reservas recuperáveis de 50 a 80 bilião de barris, pode transformar o Brasil em um dos maiores produtores do mundo de petróleo. Inacreditavelmente o Brasil cresceu 7,5 por cento em 2010.
Uma frase padrão há alguns anos atrás era de que "há apenas dois tijolos (BRICs) na parede" - o que significa que dos quatro países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), apenas a China e a Índia tinham o tamanho demográfico necessário para ter um grande impacto sobre a economia mundial e nos assuntos globais. Mas o Brasil mostrou que com um governo efetivo nações menores, podem sim dar bons socos e atuar muito acima do seu peso no box mundial .
A diplomacia do país, ágil e altamente profissional, é apoiada pelo "Planalto", o palácio presidencial de Brasília, assim como pelo ministério das finanças. Nesta altura do campeonato quando muitos ministérios das Relações Exteriores, incluindo o do Canadá, estão fechando as missões e reduzindo os orçamentos, o Brasil tem feito o oposto.
De 2003 a 2008, abriu 32 novas embaixadas, num total de 134 (os Estados Unidos têm 164). Só na África, o Brasil abriu 16 novas embaixadas, e foi para um total de 34 - O Brasil tem mais embaixadas naquele continente do que a Grã-Bretanha.
Essa é a substância de que são feitas as grandes potências.
Daqui a vinte anos, podemos esperar ver o Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, como o principal líder de uma América do Sul, que se tornará uma das regiões mais vigorosas e próspera do mundo, um jogador internacional chave,e como a "dobradiça" entre o Norte e o Sul e o Leste e o Oeste.
Aqueles que ignorarem o gigante da Amazônia e o que é ele é capaz pode fazê-lo por sua conta e risco.
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