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How to put an end to tax exile? |
Como por fim ao exílio fiscal?
O desejo de Arnauld de adquirir a nacionalidade belga reacende o debate sobre a recusa dos magnatas de cumprir obrigações tributárias.

Bernard Arnauld, detentor da maior fortuna na Europa e da quarta mundial, com 40 bilhões de euros, cujo salário anual chega a 10 milhões de euros e cujos investimentos geram, a cada ano, 200 milhões de euros de lucro, pediu sua naturalização com a finalidade de conseguir a nacionalidade belga. (1) Alguns suspeitam que o homem mais rico da França quer escapar a seu dever de cidadão, assim como várias dezenas de milhares de exilados fiscais que escolheram se instalar em países como Suíça, Bélgica, Reino Unido e outros, que oferecem vantagens substanciais aos mais endinheirados. (2)

Na Suíça, em alguns cantões, os residentes estrangeiros não pagam impostos sobre sua renda ou seu patrimônio, mas unicamente sobre seus gastos, o que torna esses territórios muito atrativos para os mais abastados. Naquele país, onde residem cerca de 2 mil exilados fiscais franceses, as 43 famílias mais endinheiradas acumulam uma fortuna de 36,5 bilhões de euros. (4)

No entanto, existe um mecanismo aplicável e eficaz para por fim à evasão fiscal legal. Atualmente, a imposição está vinculada ao lugar de residência. Assim, um exilado fiscal francês que escolhe viver mais de seis meses do ano na Suíça se converte automaticamente em contribuinte suíço, beneficiando-se de sua legislação vantajosa. Ocorre o mesmo para o francês que se instalar em Luxemburgo, Reino Unido ou Bélgica.

Esta prática existe em países como os Estados Unidos. Os cidadãos estadunidenses instalados no exterior pagam exatamente os mesmos impostos, em qualquer parte do mundo, que seus compatriotas que vivem em território nacional. Sob um ponto de vista técnico, todos os países do mundo entregam a cada ano ao Departamento do Tesouro uma lista dos estadunidenses que vivem dentro de suas fronteiras. Assim, o exílio fiscal não é possível e a única alternativa para escapar dos impostos seria a evasão fiscal ilegal.

A França e as demais nações, europeias e de todo o mundo, deveriam adotar um modelo tributário que permitisse aplicar a taxação diferencial, vinculando a imposição à nacionalidade e não ao local de residência. Do mesmo modo, para lutar contra a evasão fiscal ilegal, que constitui uma espoliação caracterizada da riqueza nacional, os delinquentes de colarinho branco deveriam receber sanções mais severas, à altura do dano causado. Então, os mais endinheirados terão que escolher entre sua nacionalidade ou seu dinheiro.
Salim Lamrani é professor responsável por cursos na Universidade Paris-Sorbonne-Paris IV e na Universidade Paris-Est Marne-la-Valée e jornalista, especialista nas relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro se intitula Etat de siège. Contato: Salim.Lamrani@univ-mlv.fr.
Referências bibliográficas
(1) Ivan Letessier, «Bernard Arnault, primeira fortuna da frança», Le Figaro, 9 de setembro de 2012.(2) France Info «Esilados fiscais: o que falar sobre isso?», 13 de março de 2012.
(3) L’Humanité, «Se é a lei que permite a evasão fiscal, ela também pode evitá-la», 9 de março de 2012.
(4) Bilan, «Franceses, refugiados políticos na Suíça?», 14 de dezembro de 2011.
(5) Le Figaro, «Proteção fiscal: 750 milhões de euros em 2012», 4 de julho de 2012.
(6) 20 minutes, «Recompensa recorde de 104 milhões de dólares para o denunciante do UBS», 11 de setembro de 2012.tuna de 36,5 bilhões de euros.
PT: mudança na legislação tributária

“Essa reforma é importante, mas esperar por ela significa deixar de fazer debates relevantes sobre problemas do sistema tributário que são de cunho infraconstitucional”, ressaltou Berzoini, em nome do Núcleo de Finanças e Tributação do PT na Câmara. Os projetos foram protocolados na Câmara hoje.
O primeiro dos projetos (PL 3155/12) estabelece a incidência do Imposto de Renda (IR) sobre algumas transações que atualmente são isentas de tributação. Uma delas é a distribuição de lucros ou dividendos. Isso significa que os sócios e proprietários de empresas, ao apresentarem suas declarações de ajuste de IR, não pagam um centavo de imposto sobre o que receberam em forma de distribuição de lucro. Em contrapartida, o valor recebido por um trabalhador a título de salário é tributado em alíquotas que podem chegar a 27,5%. A situação configura um flagrante tratamento injusto e desigual.
O segundo projeto (PL 3154/12) dispõe sobre a redução das alíquotas que incidem sobre os alimentos da cesta básica nacional. Os cálculos apontam que a carga fiscal média que incide sobre os alimentos encontra-se atualmente na faixa de 14,1%. Como o gasto das famílias de baixa renda é percentualmente maior com o consumo de alimentos, significa dizer que elas são as mais taxadas com esses tributos indiretos. Ou seja, recai sobre elas a tributação excessiva dos alimentos, que leva a efeitos negativos na distribuição da renda pessoal e pode dificultar a melhoria do perfil distributivo do País.
O terceiro projeto (PLP 130/12) institui o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), previsto pelo artigo 153, VII, da Constituição Federal. Sobre esse projeto, o deputado Ricardo Berzoini ressaltou que, embora existam outras propostas com o mesmo teor na Casa, é importante o PT apresentar esse projeto como forma de “marcar posição sobre o assunto”.
O objetivo, assim como nos outros dois projetos, é contribuir para a redução da desigualdade de renda e acelerar o processo de criação de uma sociedade mais justa e solidária no Brasil. A ideia central é fazer o sistema tributário brasileiro abandonar sua característica regressiva (quem ganha menos paga mais) e adotar definitivamente um caráter progressivo (quem ganha mais paga mais).
(Da Liderança do PT na Câmara, por Tarciano Ricarto)
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