Grécia deixa para trás cinco anos de humilhação e sofrimento, medo e autoritarismo, disse o líder do partido Syriza, primeiro-ministro eleito Alexis Tsipras. Ele deseja construir um governo estável e planeja negociar com os principais credores de Atenas.
O líder do Syriza, Alexis Tsipras, anunciou que pretende negociar com os credores do país "uma nova solução viável, que beneficie todos "O novo governo estará disposto a negociar pela primeira vez com nossos sócios uma solução justa, viável, duradoura, que beneficie todos", declarou Tsipras, diante de uma multidão reunida na praça da Universidade de Atenas.
"A Grécia avança com otimismo, em uma Europa que muda", afirmou, em seu primeiro discurso após a vitória eleitoral. "Temos consciência de que os gregos nos deram um cheque em branco. Temos, diante de nós, uma oportunidade importante para a Grécia e Europa", afirmou.
Sobre as negociações cruciais com os credores do país, a União Europeia e o FMI, o líder do Syriza ressaltou a disposição do futuro governo grego de participar de um diálogo sincero e abordar um plano nacional e um plano sobre a dívida.
Entre seus principais pontos, o programa econômico do Syriza compreende o fim das medidas de austeridade e a renegociação da dívida pública do país, que representa 175% do PIB.
"Não há nem vencedores, nem vencidos. Nossa prioridade é curar as feridas da crise, fazer justiça, romper com as oligarquias, o 'establishment' e a corrupção", afirmou. "A Grécia deixou para trás a austeridade desastrosa e acabou a 'troika'", assinalou.
A Grécia aguarda até o fim de fevereiro o desbloqueio da última parcela dos empréstimos acertados com o país com a condição de que sejam respeitados os compromissos firmados com os credores em relação à aplicação das reformas. Desde 2010, os credores acertaram 240 bilhões de euros em empréstimos ao país.
Premiê reconheceu derrota
O conservador Antonis Samaras, atual premiê, reconheceu a derrota e felicitou Tsipras em um telefonema. "Os gregos falaram, e respeitamos sua decisão", disse, na noite deste domingo, após a divulgação dos primeiros resultados parciais.
"Deixo um país que está saindo da crise e é membro da União Europeia e da zona do euro. Pelo bem deste país, espero que o próximo governo mantenha estas conquistas", assinalou o líder do partido conservador Nova Democracia.
Sete partidos no parlamento
Sete partidos entrarão no parlamento, entre eles, com 6% o partido neonazista Amanhecer Dourado com 17 cadeiras, à frente do To Potami, novo partido de centro-esquerda, que tinha 5,77% dos votos e 16 cadeiras. Syriza obteve 149 cadeiras, praticamente 50% das cadeiras do parlamento que tem 300 lugares. Syriza conseguiu ganhar apoio chave para formar um novo governo com a maioria absoluta do parlamento após a reunião com Panos Kammenos, líder do partido anti-austeridade gregos Independentes, que também se opõe a acordo de resgate da Grécia.
"A partir deste momento, não há um governo no país. Os gregos Independentes deram voto de confiança no primeiro-ministro Alexis Tsipras. Existe um acordo de princípio", disse Panos Kammenos.
A eleição grega também dá esperanças aos partidos da esquerda radical na Europa, especialmente na Espanha, onde o partido Podemos, surgido a partir do movimento Occupy, tem crescido.
Esperança para esquerda
O líder do partido, Pablo Iglesias, disse neste domingo que a vitória de seu aliado Alexis Tsipras nas eleições legislativas permitirá à Grécia emancipar-se da política de austeridade ditada, segundo ele, pela Alemanha.
"Os gregos terão um presidente de verdade, não um delegado de Angela Merkel, que irá priorizar os interesses de seu país e de seu povo", declarou ao canal de TV La Sexta.
Premiê britânico faz crítica
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, escreveu neste domingo em sua conta da rede social Twitter que a vitória nas eleições gregas da coalização de esquerda radical Syriza "aumentará a incerteza econômica na Europa".
Cameron acrescentou que esse é o motivo pelo qual o Reino Unido deve "acreditar" em seu plano para manter "a segurança" no país.
A chanceler alemã Angela Merkel já sinalizou que preferia ver o Reino Unido deixar a UE do que comprometer a livre circulação dos imigrantes.
"Ponto de não retorno": Merkel adverte Reino Unido que pode ser expulso da UE se manter política de anti-imigração
Um porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, disse que a Alemanha não está considerando "hipotéticas"cenários e quer que a Grã-Bretanha continue a ser um "ativo e comprometido" membro da União Europeia, mas insiste no princípio da livre circulação de trabalhadores dentro do bloco porque isto não é negociável. Ela acrescentou que Berlim tem interesse em lutar pelo "possível abuso" da livre circulação de trabalhadores, mas o princípio geral não deve ser questionado.
No início de outubro, o ex-Comissão Europeia (CE) presidente José Manuel Durão Barroso, afirmou que a liberdade de movimento é um princípio essencial da UE, e qualquer plano pela Grã-Bretanha para limitar o número de migrantes através da limitação do número de seguros nacionais seria ilegal sob legislação da UE.
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