Dados oficiais apontam que o conflito armado que envolve as guerrilhas de esquerda, paramilitares de direita e agente do Estado deixou aproximadamente 230 mil mortos e 5,3 milhões de deslocados em mais de 50 anos.
A arma secreta na guerra contra as FARC
Localizar os líderes das FARC mostrou-se mais fácil do que capturá-los ou matá-los. As forças colombianas obtiveram informação fiável umas 60 vezes, mas não conseguiam deter ou eliminar qualquer dirigente, segundo dois oficiais americanos e um alto-responsável colombiano. A história era sempre a mesma: os helicópteros Black Hawk americanos levavam as forças colombianas para a selva, a cerca de seis quilômetros do campo. Os homens penetravam na densa vegetação, mas quando chegavam os campos estes estavam sempre vazios. Mais tarde ficaram sabendo que as FARC tinham um sistema de alarme preventivo: campainhas de segurança a quilômetros dos campos onde estavam.
A nova estratégia
Em 2006, os fracos resultados atraíram a atenção do recém-chegado chefe da missão da Força Aérea americana. O coronel ficou perplexo. Por que é que o terceiro maior receptor de ajuda militar dos EUA (atrás do Egipto e de Israel) tinha feito tão poucos progressos? “Fiquei a pensar: ‘De que forma é que estamos a matar as FARC?’”, recorda o coronel, que não quis ser identificado.
O coronel, especialista em aviões de carga, afirmou ter começado a fazer “pesquisas no Google sobre bombas e combatentes”, à procura de ideias. Acabou por ir parar ao Enhanced Paveway II, um dispositivo relativamente barato capaz de orientar uma bomba de gravidade Mark82 de 226 quilos.
O coronel afirmou ter partilhado a sua ideia com o então ministro da Defesa, Juan Manuel Santos [actual Presidente], e escreveu um relatório de uma página para ele entregar a Uribe. Santos levou a sugestão ao secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld. Em Junho de 2006, Uribe visita Bush na Casa Branca. Refere a morte recente do chefe da Al-Qaeda no Iraque, Abu Musab al-Zarqawi. Um F16 enviara bombas inteligentes de 226 quilos para o seu esconderijo e matara-o. Ele queria o mesmo aparelho. “Isto era claramente muito importante” para Uribe, afirmou Michael Hayden, general reformado da Força Aérea, que alguns meses antes tinha assumido a direcção da CIA.
Primeiro, era preciso que as bombas inteligentes pudessem ser adaptadas a um aparelho aéreo colombiano. A Colômbia não tinha F16. A Raython, fabricante do dispositivo, enviou engenheiros para descobrirem como montar o equipamento num avião. Primeiro tentaram fazê-lo num Embraer A29 Super Tucano de fabrico brasileiro, um aparelho com turbo-hélice que voa a baixa altitude, criado para missões de contraguerrilha. Depois, adaptaram-na a um Cessna A37 Dragonfly mais antigo, um avião de ataque desenvolvido pelas operações especiais da Força Aérea americana para o Vietname, e mais tarde usado na guerra civil de El Salvador. Depois, os engenheiros e pilotos colombianos testaram munições de precisão num campo aéreo remoto junto à fronteira com a Venezuela. O avião lançou a bomba a seis mil metros. “Caiu a meio metro” do alvo, disse o coronel. As bombas inteligentes estavam prontas a ser usadas.
Mas os advogados da Casa Branca e os seus colegas da CIA e dos departamentos de Justiça, Defesa e Estado tinham as suas próprias dúvidas sobre o assunto. Uma coisa era usar uma PGM para derrotar um inimigo num campo de batalha — os Estados Unidos faziam isso há anos. Outra era usá-la contra um líder individual das FARC. Seria isso um assassínio, proibido pela lei americana? E “poderíamos nós ser acusados de assassínio, ainda que não fôssemos nós a fazê-lo?”, adiantou um dos advogados envolvidos.
O gabinete de aconselhamento jurídico da Casa Branca acabou por decidir que a mesma análise que foi aplicada à Al-Qaeda poderia ser aplicada às FARC. Matar um líder das FARC não seria assassínio porque a organização é uma ameaça à Colômbia. Para além disso, não era provável que nenhum dos comandantes das FARC se rendesse.
E, como organização dedicada ao tráfico de droga, o estatuto das FARC como ameaça à segurança interna dos EUA já tinha sido estabelecido há anos pelo departamento de combate aos narcóticos da Administração Reagan. Na altura, a epidemia da cocaína estava no auge e o Governo decidiu que as organizações que levavam droga para as ruas americanas eram uma ameaça à segurança nacional.
Havia outra preocupação. Alguns altos-responsáveis temiam que as forças colombianas pudessem usar as PGM para matar possíveis inimigos políticos. “As preocupações eram enormes dados os seus problemas com os direitos humanos”, afirma um antigo oficial militar.
Para garantir que os colombianos não usariam erradamente as bombas, os responsáveis americanos inventaram uma nova solução. A CIA manteria o controlo sobre o código que era preciso inserir nas bombas, que permite uma comunicação com os satélites GPS que as dirigem. A bomba não poderia atingir o seu alvo sem a chave. Os colombianos teriam de pedir autorização para alguns alvos e, se usassem erradamente as bombas, a CIA poderia negar a recepção GPS em futuras utilizações. “Queríamos um acordo”, disse um responsável envolvido.
As primeiras 20 bombas inteligentes — sem os respectivos códigos — chegaram através da CIA. A conta foi inferior a um milhão de dólares (720 mil euros). Depois disso, a Colômbia foi autorizada a comprá-las directamente através do programa de Vendas Militares Estrangeiras.
Os primeiros resultados
Tomas Media Caracas, também conhecido como Negro Acacio, o chefe do tráfico de droga das FARC e comandante da sua 16.ª frente, foi o primeiro homem que a US Embassy Intelligence Fusion Cell colocou na fila dos ataques PGM. Às 4h30 do dia 1 de Setembro de 2007, pilotos com óculos de visão nocturna lançaram várias bombas Enhanced Paveway II contra o seu campo, no Leste da Colômbia, com os responsáveis das duas capitais a aguardar. Os soldados só recuperaram uma perna. Pela sua pele escura, seria de Acacio, um dos poucos líderes negros das FARC. Testes de ADN confirmaram a sua morte.
“Houve um grande entusiasmo”, recorda William Scoggins, director do programa de combate ao narcotráfico do Comando Sul do Exército americano. “Não sabíamos que impacto teria, mas achámos que iria alterar o jogo.”
Seis semanas mais tarde, bombas inteligentes matavam Gustavo Rueda Diaz, conhecido como Martin Caballero, líder da 37.ª frente, enquanto falava ao telemóvel. As mortes de Acacio e Caballero levam ao colapso das suas respectivas frentes. Também levaram a deserções em massa, segundo um telex secreto do Departamento de Estado de 6 de Março de 2008, dado a conhecer pelo grupo anti-secretismo WikiLeaks, em 2010. Este foi apenas o início da desintegração das FARC.
Para esconder do público o uso de PGM e para garantir o máximo de danos aos campos dos líderes das FARC, a Força Aérea e os conselheiros americanos desenvolveram novas tácticas de ataque. Numa missão típica, vários Dragonflys A37, voando a seis mil metros, transportavam bombas inteligentes; assim que se aproximavam do alvo, era automaticamente ligado o GPS da bomba. Seguiam-se vários Super Tucanos A29, a menor altitude. Primeiro, deixavam cair uma série de bombas convencionais num local próximo; a sua explosão mataria qualquer pessoa que estivesse por perto e arrasaria a floresta, escondendo o facto de terem sido utilizadas bombas inteligentes. Depois, vinham os AC47 da era do Vietname, voando a baixa altitude (chamados “Puff the Magic Dragon”) para varrer a zona com metralhadoras, “disparando sobre os feridos que tentavam esconder-se”, diz um dos vários responsáveis militares que descreveram o mesmo cenário.
Só nessa altura é que as forças terrestres colombianas chegavam para fazer prisioneiros, recolher os mortos, os telemóveis, computadores e discos rígidos. A CIA passou três anos a treinar equipas de apoio aéreo colombianas no uso de lasers para conduzir secretamente os pilotos e as bombas inteligentes aos seus alvos.
Quase todas as operações se baseavam nos sinais interceptados pela NSA, que passava a informação a soldados no terreno ou pilotos antes e durante as operações. A natureza ininterrupta do trabalho da NSA foi captada por um telex do Departamento de Estado publicado pelo WikiLeaks. Na Primavera de 2009, o alvo era o traficante de droga Daniel Rendon Herrera, conhecido como Don Mario, na altura o homem mais procurado da Colômbia, responsável por três mil homicídios num período de 18 meses.
“Durante sete dias, usando informações técnicas e humanas”, a NSA “trabalhou dia e noite” para posicionar 250 comandos treinados pelos EUA perto de Herrera quando este tentou fugir, adianta um telex de Abril de 2009 e um alto-responsável do Governo que confirmou o papel da NSA na missão.
A CIA também treinou interrogadores colombianos para interrogar mais eficazmente milhares de desertores das FARC sem usar as técnicas de “interrogatório avançado” aprovadas no caso da Al-Qaeda e mais tarde consideradas abusivas pelo Congresso. A agência criou ainda bases de dados para manter o registo dos relatórios para que pudesse ser construída uma imagem mais completa da organização.
O Governo colombiano ofereceu um pagamento aos desertores e permitiu-lhes serem reintegrados na vida civil. Em troca, alguns forneceram informações preciosas sobre a cadeia de comando das FARC, as rotas que normalmente usavam para viajar, campos, linhas de abastecimento, fontes de droga e dinheiro. Ajudavam a interpretar as conversas interceptadas pela NSA, que frequentemente utilizam códigos. Às vezes, eram também usados como infiltrados nos campos das FARC para colocar aparelhos de escuta ou transmissores de coordenadas GPS para as bombas inteligentes.
“Aprendemos com a CIA”, diz um alto-oficial da segurança nacional colombiana. “Antes, não prestávamos muita atenção aos detalhes.”
Ataque ou autodefesa?
Em Fevereiro de 2008, a equipa américo-colombiana teve o primeiro vislumbre dos três reféns americanos. Depois de cinco anos de espera, a sede do Comando das Operações Especiais dos EUA em Tampa, na Florida, não demorou a enviar comandos JSOC, refere um alto-responsável americano que estava na Colômbia quando eles chegaram.
A equipa JSOC era chefiada por um comandante da Sexta Equipa da Navy SEAL. Foram criadas três áreas operacionais perto dos reféns. A NSA intensificou a sua vigilância. Todos os olhos estavam naquele local remoto da selva. Mas enquanto as acções iniciais eram lançadas, outras operações estavam a ganhar forma noutro local.
Mesmo do outro lado do rio Putumayo, 1,6 quilómetros dentro do Equador, informações secretas americanas e um informador colombiano permitiam confirmar o esconderijo de Luis Edgar Devia Silva, também conhecido como Raul Reyes, considerado o número dois do secretariado das FARC, de sete membros.
Era uma descoberta estranha para a Colômbia e para os EUA. Lançar um ataque aéreo significava que um piloto colombiano conduziria um avião colombiano para atacar o campo com bombas americanas cujo sistema era controlado pela CIA. O coronel da Força Aérea tinha uma mensagem sucinta para entregar ao comandante das operações aéreas colombianas encarregue da missão: “Eu disse-lhe: ‘Olhe, todos sabemos onde este tipo está. Não lixe isto tudo’.”
Os advogados da Segurança Nacional dos EUA encararam a operação como um acto de autodefesa. No rescaldo do 11 de Setembro, apareceram com uma nova interpretação sobre a autorização para o uso da força contra actores não estatais, como a Al-Qaeda e as FARC. Era algo como isto: se um grupo terrorista opera a partir de um país que não quer ou não pode detê-lo, então o país que está a ser atacada — neste caso, a Colômbia — tem o direito a defender-se através da força, mesmo que isso signifique entrar noutro país soberano.
Esta era a justificação legal para os ataques com drones da CIA e outras operações legais no Paquistão, Iémen, Somália e, muito mais tarde, para o raide no Paquistão que matou Osama bin Laden.
Assim, minutos depois da meia-noite de 1 de Março, três Dragonflys A37 descolaram da Colômbia, seguidos por cinco Super Tucanos. O sistema de orientação das bombas inteligentes foi ligado quando os aviões estavam a seis quilómetros do local onde estava Reyes.
Tal como fora imposto, os pilotos colombianos mantiveram-se no espaço aéreo colombiano. As bombas aterraram como programado, arrasando o campo e matando Reyes, que, de acordo com as notícias na Colômbia, estava a dormir em pijama.
As forças colombianas atravessaram de rompante a fronteira do Equador para retirar o cadáver de Reyes e também apanhar um grande tesouro: equipamento informático que acabou por revelar-se a mais valiosa fonte de informação sobre as FARC de sempre.
O ataque desencadeou uma crise diplomática séria. O então líder venezuelano, Hugo Chávez, disse que a Colômbia era “um estado terrorista” e enviou soldados para a fronteira, tal como fez o Equador. A Nicarágua rompeu relações. Uribe, pressionado, pediu perdão ao Equador.
O pedido de desculpas amaciou as relações na América Latina, mas enfureceu um pequeno círculo de responsáveis americanos que conheciam os meandros da história, afirma um deles. “Lembro-me de pensar: ‘Não acredito que eles estão a dizer isto.’ Foi uma loucura eles terem abdicado de um argumento legal importante.”
Mas isto não foi suficiente para prejudicar os estreitos laços entre os Estados Unidos e as forças colombianas, ou travar a missão de resgatar os reféns. Na verdade, o número de soldados da JSOC continuou a subir, ultrapassando os 1000, de acordo com um alto-responsável colombiano. Os dirigentes tinham a certeza de que eles seriam localizados. Um exercício americano-colombiano serviu de cobertura quando o Comité Internacional da Cruz Vermelha apareceu em bases isoladas e se deparou com americanos encorpados, dizem dois responsáveis americanos.
Depois de seis semanas de espera para encontrar os reféns, a maioria das tropas da JSOC deixou o país para outras missões. Ficou uma unidade. A 2 de Julho de 2008, teve um papel na invulgar e dramática, e ainda pouco estudada, Operação Xeque-mate, na qual forças colombianas que fingiam pertencer a um grupo humanitário levaram as FARC a entregar os três sequestrados americanos e outros 12 sem disparar um único tiro. A equipa JSOC, e uma frota aérea americana, estava posicionada para um plano B, no caso de a operação colombiana correr mal.
Os resultados do Presidente Santos
Como sinal de confiança, no início de 2010, o Governo americano deu à Colômbia o controlo sobre os códigos do GPS. Não tinha havido notícias de má utilização, disparo ou danos colaterais das bombas inteligentes. A transferência foi precedida de negociações rápidas sobre as regras para o uso das bombas. Incluindo a de que apenas podem ser lançadas contra campos isolados na selva.
O Presidente Santos, sucessor de Uribe, aumentou enormemente o ritmo das operações contra as FARC. Quase três vezes mais líderes das FARC — 47 contra 16 — foram mortos no Governo de Santos do que no de Uribe. Entrevistas e análises a sites do governo e notícias da imprensa mostram que pelo menos 23 ataques sob o regime de Santos foram operações aéreas. As bombas inteligentes foram usadas apenas contra líderes importantes das FARC, dizem os responsáveis colombianos. Nos outros casos, foram utilizadas bombas de gravidade.
A Colômbia continua a aumentar as suas capacidades militares. Em 2013, a Força Aérea fortaleceu a sua frota com bombardeiros Kfir israelitas, adaptando-os às bombas de orientação por laser Griffin, também israelitas. Para além disso, adaptou bombas inteligentes a alguns dos seus Super Tucanos.
Tendo dizimado o topo da liderança das FARC e muitos dos seus comandantes, o Exército, com ajuda continuada da CIA e de outras agências de espionagem, parece estar a orientar-se para os elementos médios da hierarquia, incluindo comandantes de telecomunicações, os combatentes mais duros e experimentados que restam. Um terço destes foram mortos ou capturados, segundo responsáveis da Colômbia.
Santos também procurou atingir as redes de financiamento e armamento que apoiam as FARC. Alguns críticos acusam o Governo de estar demasiado focado em matar os líderes e não o suficiente na utilização do Exército e da polícia na ocupação e controlo do território rebelde.
Matar um indivíduo nunca foi uma forma de medir o sucesso numa guerra, dizem os especialistas em insurreições. É o caos e a disfunção que a morte da liderança causa à organização que importa. As operações aéreas contra a liderança das FARC “viraram a organização do avesso”, diz um oficial sénior do Pentágono que estudou a história ainda secreta da guerra na Colômbia.
Alguns fugiram para a Venezuela. Um membro do secretariado esconde-se intermitentemente no Equador, de acordo com altos-responsáveis colombianos, quebrando a ligação que é psicologicamente importante com as forças no terreno e debilitando o recrutamento.
Com medo de serem localizadas e atacadas, as unidades já não dormem dois dias seguidos no mesmo local, por isso os campos têm de ser dispersos. “Sabem que agora o Governo tem muita informação sobre eles e vigilância secreta em tempo real”, comenta German Espejo, conselheiro para a segurança e defesa na embaixada da Colômbia. Temendo os espiões infiltrados, as execuções são frequentes.
As FARC ainda lançam ataques — um carro armadilhado contra uma esquadra da polícia no dia 7 de Dezembro matou seis polícias e dois civis —, mas já não se desloca em grupos grandes e limita a maioria das unidades a menos de 20 elementos. Não sendo já capaz de lançar atentados em grande escala, o grupo recorre a tácticas de “ataca e foge” com atiradores furtivos e explosivos.
Os 50 anos de vida na selva também atingiram os negociadores das FARC. Os que viveram no exílio parecem mais dispostos a continuar a combater do que aqueles que têm lutado, dizem fontes colombianas. As negociações, diz Santos numa entrevista, são o resultado de uma campanha militar bem sucedida, “a cereja em cima do bolo”.
A 15 de Dezembro, as FARC anunciaram que iriam dar início a um cessar-fogo unilateral de 30 dias, como sinal de boa vontade na época das festas. O Governo Santos desvalorizou o gesto e garantiu que iria continuar a sua operação militar. No final desse mesmo dia, as forças de segurança mataram um guerrilheiro das FARC envolvido num ataque bombista contra um antigo ministro. Três dias depois, o Exército matou outros cinco.
As conversações com as Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo (Farc - EP) foram suspensas
unilateralmente, na segunda-feira (17).
Colômbia suspende negociações de paz com as Farc após o general
Rubén Darío Alzate ter sido levado por guerrilheiros. - O general Alzate desapareceu vestido de
civil junto com uma advogada do exército e um suboficial, quando se encontravam
no povoado de Las Mercedes, junto ao rio Atrato, localidade considerada pelos
comandos militares como zona vermelha. A
presença do oficial superior naquela localidade foi criticada pelo próprio
Santos e pelo ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzon.
Enquanto Santos culpa os
guerrilheiros pelo desaparecimento do general, ele também está querendo saber
por que um dos soldados mais ilustres da Colômbia aparentemente violou o
protocolo militar e partiu para uma viagem a uma região isolada vestido como
civil e sem seus guarda-costas.
Além de definir um enorme
esquema de buscas, o governo também entrou em contato com a Cruz Vermelha
internacional para facilitar uma eventual libertação dos cativos.
Escolarizado nos EUA, Alzate
assumiu como comandante da recém criada Força Tarefa Titã, formada por 2.500
combatentes do Exército e Marinha enviados para combater os rebeldes e
traficantes de drogas nas remotas selvas colombianas.
O anúncio da suspensão das negociações gerou de
imediato diversas reações para respaldar a continuidade das conversações com as
Farc – EP, com a finalidade de terminar a confrontação interna na Colômbia.
Ontem: Para presidente da Colômbia, será difícil manter
negociação de paz com as Farc. Segundo declarações de Santos, o
general Rubén DarÍo Alzate examinava um projeto de energia rural ao longo de um
rio no oeste da Colômbia no domingo quando ele e outros dois homens foram
capturados por homens armados. Um soldado conseguiu fugir em um barco a motor e
informou que os sequestradores eram membros da frente 34 das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia, as Farc. A imprensa colombiana informou que é a
primeira vez em meio século de luta que os guerrilheiros sequestraram um
general do Exército.
Dia 12: Índios punem guerrilheiros com chicotadas e prisões que dividem a
Colômbia - Justiça indígena impõe penas de até 60 anos a combatentes das Farc por assassinatos. Índios recebem apoio e elogios de setores da sociedade. Em um auditório, com muito mais de mil pessoas, aconteceu a partir de voto direto, levantando as mãos, todas as pessoas tomavam decisões sobre a sentença que deveria ser aplicada aos guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) acusados de matar dois guardas indígenas da tribo Nasa, na região de Cauca, no sudoeste do país. A primeira decisão foi sentenciar a 60 anos de prisão Carlos Silva Yatacué, suspeito de liderar o assassinato dos dois guardas, atingidos quando tentavam remover um pôster das Farc para celebrar o terceiro aniversário da morte de seu ex-comandante, Alfonso Cano. Outros quatro suspeitos - Arcenio Vitonas, Robert Pequi, Emilio Ilyo e Freiman Dagua - receberam penas de 40 anos por atirar nos guardas.
Chamando o aparente sequestro de
“totalmente inaceitável”, Santos ordenou que os negociadores de paz do governo
que viajariam nesta segunda-feira para Cuba para a próxima rodada de
negociações voltassem até que Alzate e os outros sequestrados – um capitão do
Exército e um advogado do governo – sejam liberados.
“As Farc são responsáveis pela
vida e segurança dessas três pessoas”, disse Santos aos jornalistas já na
madrugada desta segunda, após reunião com seus principais comandantes
militares. Todos eles estão indo para a capital ocidental da Quibdo para
supervisionar os esforços de resgate.
Dia 6: Guerrilheiros das Farc matam indígenas e “atacam
oleoduto na Colômbia”. Guerrilheiros das
Farc mataram dois indígenas de uma comunidade no sudoeste da Colômbia aparentemente
por terem removido um cartaz em homenagem ao ex-líder da guerrilha Alfonso Cano,
que foi morto na região há três anos por uma
operação do Exército, informou a polícia.
Apesar de as Farc terem acabado com os sequestros em busca de resgate, até dia
6/11, que eram amplamente utilizados pelo grupo, a guerrilha prometeu continuar
atacando tropas do governo mesmo durante as negociações de paz até que seu pedido
por um cessar-fogo bilateral seja atendido, o que foi descartado pelo governo.
Separadamente, o Exército da Colômbia disse que um trabalhador
foi morto ao pisar em uma mina terrestre enquanto tentava consertar o oleoduto
Transandino, na província vizinha de Narino, que foi alvo de operação das Farc na
quarta-feira, provocando a interrupção no fluxo de petróleo.
O sequestro
surpresa foi feito sob a frustração dos colombianos sobre as negociações de paz
que já duram dois anos.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, em
novembro/2013, iniciou seus acordos na Espanha, e deu um giro
por Alemanha, Portugal, França e Reino Unido, objetivando que os líderes
europeus a contribuam para um “fundo de pós-conflito” com cerca de US$
45 bilhões a fim de financiamento dos próximos passos na consolidação do processo com as Farc. No encontro em Bruxelas com o presidente do
Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, Juan Manuel Santos disse que o
apoio do organismo "é muito importante neste momento crucial das
negociações".
Desde o início das negociações de paz, em novembro de 2012, as
partes chegaram ao consenso sobre três dos seis pontos da agenda: reforma rural
(maio de 2013), participação política (novembro de 2013) e drogas ilícitas
(maio de 2014).
Além da atenção às
vítimas, atualmente em discussão, estão pendentes os temas de abandono das
armas pelas Farc e o mecanismo para referendar um eventual acordo de paz.
Mobilização popular na
Colômbia em apoio ao processo de paz
Uma marcha pela principal artéria da capital
colombiana, Bogotá, em apoio ao processo de paz que está sendo negociado em
Cuba, será protagonizada na quarta-feira (19), por organizações sociais que
acentuam sua exigência de que o conflito chegue ao fim.
Os organizadores explicaram que a manifestação
popular terminará na Praça Bolívar, no centro da cidade.
A ex-senadora e porta-voz da organização
Colombianos pela Paz, Piedad Córdoba, declarou que se somará à manifestação,
que ocorre no transcurso do segundo aniversário das conversações de paz de
Havana, para exigir que a mesa de negociações não seja suspensa e que se
produza desde já o cessar-fogo bilateral.
A Piedad Córdoba conclamou o presidente Juan Manuel
Santos e seus negociadores a que tomem medidas para sair do impasse após o
desaparecimento do general Ruben Dario Alzate, que levou à suspensão do diálogo
por parte do governo.
Igualmente, Córdoba acrescentou que se trata de una
circunstância muito desafortunada, mas que não se deve exagerar, porque
realmente se discute em meio à guerra, e que o desaparecimento do general é
parte das consequências.
A ex-senadora Piedade Córdoba declarou que vai
se somar à manifestação.
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