Forças de elite israelitas participaram na operação militar de resgate de reféns capturados por um comando islamita somali num centro comercial em Nairobi.

O ataque ao luxuoso «Westgate Mall» foi desencadeado no sábado à tarde e só foi dado como reprimido na terça-feira. Provocou dezenas de mortos e centenas de feridos quenianos e estrangeiros.
Trata-se do atentado mais mortífero em Nairobi desde a acção suicida, em 1998, contra a embaixada dos Estados Unidos, reivindicada pela Al Qaeda e que causou mais de 200 vítimas.

Quanto à Al Shabab, que controla uma parte do território somali e já tinha levado a cabo ações contra interesses quenianos, é considerada pela CIA uma organização terrorista e com ligações à Al Qaeda.

Na Somália, a Al Shabab e outras milícias dos senhores da guerra são financiadas pelo tráfico de droga, pelos resgates obtidos com raptos de estrangeiros, pela pirataria marítima (desencadeada pela chegada à costa somali de frotas pesqueiras ocidentais) e até pela «gestão», em parceria com a camorra napolitana, do negócio de resíduos tóxicos lançados nessa zona do Índico…

Não surpreende porque o «Westgate Mall» é propriedade de um homem de negócios judeu, Alex Trachtenberg, radicado na capital queniana há décadas.
E não surpreende pela vasta «experiência» de Telavive em operações militares no estrangeiro e pelos laços políticos e económicos que mantém com dezenas de governos africanos.
Desde há muito que Nairobi e Telavive estabeleceram relações diplomáticas, económicas e de segurança. O Quénia é um velho aliado de Israel na África Oriental e, por exemplo, em 1976, apoiou a ação israelita contra os palestinianos, no aeroporto de Entebe, no Uganda. Atualmente, os dois países cooperam nas áreas militar, de segurança e agrícola.
Um artigo de Gilles Munier publicado em finais de Agosto na edição on-line da revista «Afrique-Asie» desvenda a evolução da política africana do Estado hebraico.
Na década de 70, depois das guerras de agressão de Israel contra os palestinos e outros povos árabes (1967 e 1973) e quando as Nações Unidas aprovaram que «o sionismo é uma forma de racismo e discriminação racial», apenas alguns países em África mantinham relações diplomáticas com Israel. Após os acordos de Camp David (1978) e de Oslo (1993), coroados pelo aperto de mão entre Yasser Arafat e Yitzhak Rabin na Casa Branca, muitos estados africanos estabeleceram ligações com Telavive. Justificaram então que «não tinham que ser mais árabes do que os árabes».

Desde então, e de forma discreta e paciente, Israel multiplicou as formas de «cooperação» com os países africanos. Acolhe estudantes, forma técnicos na área agrícola, treina militares – o que lhe permitiu implantar redes de influência e de informações em boa parte do continente.
A venda de armas (em 2012, Israel era o 8.º exportador mundial de armas) e, sobretudo, a formação de agentes dos serviços de segurança e de corpos policiais de elite, ocupam hoje um lugar privilegiado nas relações entre Israel e cerca de 40 países africanos – entre os quais os mais ricos, como a África do Sul e a Nigéria.
Assim, Israel não só desempenha o papel de polícia dos Estados Unidos no Médio Oriente como é um dos longos braços do imperialismo norte-americano em África.
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