Os EUA se depara com a possibilidade de perder
a sua condição hegemônica. Sua resistência se apresenta nos seus atos
agressivos pelo mundo. Se atritam em conspirações políticas, aportes bélicos e manipulações
de informações. As mídias mercenárias, que são parceiros estratégicos e fundamentais
neste processo, exercem seu papel como verdadeiras máquinas montadas para filtrar
verdades, criar mentiras e distorcer fatos. Os objetivos atende exclusivamente
as necessidades do mercado capitalista, principalmente o financeiro. Enfatizo que nesse processo de mídia mercenária existe um câncer perigoso - A infantilização de pessoas pelo mundo a fora, que é um processo muito cruel. A massa manipulada vota em quem o sistema neoliberal quer, mesmo que não defenda os interesses da sociedade, como os movimentos sociais, a educação, os empregos, a produção, distribuição de renda, enfim, o bem estar social. A massa manipulada entra nesse jogo capitalista como peça no xadrez, como uma força semelhante aos arsenais de guerra.
Diante do atual cenário mundial, observamos
diversas nações se afundarem com os impactos da crise neoliberal. Os malefícios
da política neoliberal ficaram escancarados pelos contratos subprime dos
Estados Unidos (precursor, ao lado da Inglaterra, das políticas liberais dos
últimos 30 anos, batizadas de revolução conservadora).
Em contraponto, observamos o ressurgimento econômico e político da Ásia
Oriental que, após o Japão, tem a China como centro dinâmico. Nesse particular,
deve-se levar em consideração a mudança ocorrida na China nas últimas décadas,
que caminha, a passos largos, para se tornar uma gigantesca economia de mercado
Reconhecidamente muito poderosa, acumula
riquezas baseada em desenvolvimento tecnológico e econômico. Modelo que
relembra os desenvolvimentos do Reino
Unido e os Estados Unidos dos séculos XIX e XX, respectivamente (ARRIGHI, 2007).
Além disso, mesmo diante do atual cenário recessivo global, a China continua
vertiginosamente liderando o quadro de crescimento mundial, em termos de
Produto Interno Bruto (PIB).
Produto
Interno Bruto (PIB) (bilhões $)
|
||||||||||||||||||||||||||
|
Sendo o
capitalismo um sistema cíclico, onde períodos de expansão e depressão
econômicos estão inseridos em seu contexto, a capacidade política, militar e
econômica de uma nação é que irá assegurar, diante desta realidade, as
condições para a acumulação de capital e para o crescimento sustentado ou para
o combate à referida depressão (ARRIGHI, 2007).
Dessa maneira, segundo a teoria keynesiana, políticas
anticíclicas devem ser executadas, inclusive com a política fiscal atuando em
conjunto com a política monetária e, em determinados momentos, como
protagonista da política econômica. Isto vem ocorrendo atualmente nos Estados
Unidos, mesmo que em desacordo com os princípios liberais, onde o Federal Reserve
(Fed, Banco Central norte-americano) tem atuado na abertura de linhas de
crédito que auxiliam os controladores do mercado a manter a liquidez, no caso
de dificuldades (CHESNAIS, 2005).
Na história observamos que as transições
hegemônicas ocorrem em um ambiente de convulsões sociais e/ou conflitos armados
entre potências rivais. Na última vez em que este processo ocorreu em
proporções globais foi com a Grande Depressão, em 1929 O centro econômico
mundial migrou de Londres para Nova York, sem romper, entretanto, com a
sinergia entre capitalismo e militarismo, apesar de um significativo
intervencionismo estatal, cujo ápice no território norte-americano ocorreu com
o lançamento do New Deal.
O New Deal foi
um programa de recuperação econômica, implementado nos Estados Unidos entre
1933 e 1937, durante o governo do presidente Franklin Roosevelt (1933-1945),
cujo objetivo era de recuperar e reformar a economia daquele país. Dentre suas
medidas, destacam-se o controle sobre bancos e instituições financeiras; a
construção de obras de infra estrutura para a geração de empregos e aumento do
mercado consumidor; a concessão de subsídios e crédito agrícola a pequenos
produtores familiares; criação de Previdência Social que estipulou um salário
mínimo, além de fornecer garantias a idosos, desempregados e inválidos; o
controle da corrupção no governo; e o incentivo à criação de sindicatos para
aumentar o poder de negociação dos trabalhadores e facilitar a defesa dos novos
direitos instituídos. No setor industrial, a principal medida foi a redução da
jornada de trabalho.
Após o
final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), houve a consolidação da hegemonia dos
Estados Unidos entre os países capitalistas.
A Guerra do Vietnã (1959/30 de abril de
1975) foi uma luta prolongada entre as forças nacionalistas que tentam unificar
o país do Vietnã sob uma filosofia comunista e os Estados Unidos (com o auxílio
do Vietnã do Sul) na tentativa de barrar este movimento social e econômico. USA
desenvolvendo uma sangrenta guerra acabou perdendo o apoio do público Desde o
final da guerra, a Guerra do Vietnã se tornou uma referência para o que não
fazer em todos os conflitos futuros externa dos EUA.
Cerca de 40 anos após a implementação da
política desenvolvimentista do governo Roosevelt, os Estados Unidos encontravam-se
em dificuldades devido à derrota da sua incursão militar no Vietnã, que
redundou no fim do padrão-ouro e no rompimento definitivo do acordo de Bretton
Woods, durante o mandato do presidente
Richard Nixon (1969-1974).
As
conferências de Bretton Woods estabeleceram, em julho de 1944, regras entre os
países mais industrializados do mundo, para suas relações comerciais e
financeiras. O sistema lá idealizado foi o primeiro, na história mundial, que
impôs uma ordem monetária completamente negociada, sendo seu maior objetivo
governar as relações monetárias entre países independentes. Deste acordo,
nasceram o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Intercontinental de
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD, atual Banco Mundial).
Em 1971
(BRUNHOFF, 2005) à instabilidade
política desencadeada pela invasão da sede do Comitê Nacional do Partido
Democrata, em 1972, por ordem da Casa Branca (episódio conhecido como caso Watergate), e ao primeiro
choque mundial do petróleo (1973).
Primeiro choque mundial do petróleo- Em 1973- A OPEP aprovou uma drástica redução da
produção de petróleo, como resposta ao apoio dos Estados Unidos e da Europa a
Israel. Lembramos que nessa ocasião houve uma explosão de conflitos bélicos
entre Israel X Egito e Síria, notadamente desencadeado por disputas
territoriais. O preço do barril de petróleo quadriplicou em poucos meses,
saltando de US$ 3 para US$ 12.
A OPEP
é uma organização dos Países
Exportadores de Petróleo, intergovernamental, objetivando
unificar, coordenar e proteger as políticas dos países produtores de petróleo
Necessitando salvar as finanças, Ronald
Reagen (1981-1989) e seu parceiro presidente do FED Paul Volcker elaboraram e
programaram um forte ajuste fiscal, entre suas principais medidas, considerável
aumento da taxa básica de juros norte-americana, liberalização e
desregulamentação dos bancos. Paulatinamente estas medidas se ampliaram com o
fim do controle do movimento de capitais com o estrangeiro, abrindo, dessa
forma, os sistemas financeiros locais ao exterior. A conseqüência disto foi o
surgimento do denominado sistema mundial financeiro.
O
comportamento da economia norte-americana refletia – e em larga escala continua
refletindo – um padrão na economia mundial, dado que quem desejasse colocar
bônus do Tesouro nos mercados liberalizados, necessitava aceitar as diretrizes
do governo dos Estados Unidos, tanto em função da posição do dólar, como pelo tamanho
dos seus mercados de obrigações e ações (CHESNAIS, 2005).
Análise de
Arrighi (2007), a mudança intensificada a partir da década de 1980, com o
recrudescimento de políticas liberais, não pode ser entendida, caso não seja
avaliada a tentativa dos Estados Unidos de reverter o quadro de instabilidade
de sua hegemonia.
Portanto, a intenção das minhas palavras neste
texto é apresentar uma análise da crise da hegemonia norte-americana, bem como
da passagem do centro hegemônico para a Ásia Oriental. A China cumprirá a sua
vocação de centro hegemônico, pautada pelos processos produtivos econômicos em
curso, pela sua extensão territorial e pela enorme importância em termos do
volume populacional. Além disso, será objeto destas minhas análises o fracasso
do projeto neoconservador imperial, bem como a tentativa da manutenção da
condição hegemônica mundial, tanto pela
administração anterior, quanto pela atual equipe da Casa Branca.
CONQUISTA E DECLÍNIO DA HEGEMONIA AMERICANA
USA desde
sua independência da Inglaterra, oficialmente decretada em 04 de julho de 1776,
até o final da Guerra da Secessão (1861-1865), os Estados Unidos primeiro
estado nacional formado fora do território europeu, caracterizou-se por ser uma
nação agroexportadora, cujos principais produtos primários eram o tabaco e o
algodão.
A partir de 1870, porém, o país realizou
o que Fiori (2004, p. 71), classificou como: “... a revolução que criou o
mercado nacional americano...”, Braudel (1987, p. 85 apud FIORI, 2004, p. 71),
por: “... um espaço econômico coerente, unificado, cujas atividades passaram a se desenvolver em
conjunto na mesma direção”.
Mesmo com a
industrialização tardia, inspirada na revolução industrial oriunda da sua
ex-metrópole, os Estados Unidos ocuparam um papel de vanguarda neste processo,
seja pela criação de máquinas inovadoras como o automóvel, seja pela
inauguração de grandes conglomerados industriais como a companhia petrolífera Standard
Oil Company – de propriedade de John Davison Rockefeller –, bem como pela
empregabilidade de novos processos produtivos, como o taylorismo.
Frederick W. Taylor (1856-1915), o taylorismo
se caracterizou por organizar os trabalhadores de forma hierarquizada e
sistematizada, fazendo com que cada um desenvolvesse uma atividade específica
no sistema produtivo industrial.
De forma análoga, Henry
Ford (1863-1947),
pioneiro da indústria automobilística, desenvolveu um processo industrial
baseado na linha de montagem, com o intuito de baixar os custos de produção e
permitir o consumo em massa de seus produtos. Esses métodos produtivos
industriais foram extremamente importantes para a consolidação da supremacia
norte-americana no século XX , na exploração, na Mais Valia profeticamente
descrita por Marx.
Mais-Valia é um conceito econômico fundamental,
que consiste no valor do trabalho não pago ao trabalhador, isto é, na
exploração exercida pelos capitalistas sobre a massa trabalhadora. Marx,
assim como Adam Smith e David Ricardo, considerava que o valor de toda a
mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário
para produzi-la.
|
Sendo a força de trabalho uma mercadoria cujo
valor é determinado pelos meios de vida necessários à subsistência do
trabalhador (alimentos, roupas, moradia, transporte, etc.), se este
trabalhador trabalhar além de um determinado número de horas estará gerando
não apenas valor correspondente ao de sua força de trabalho (que lhe é pago
pelo capitalista na forma de salário), mas também um valor a mais, um valor
excedente sem contrapartida, denominado por Marx de Mais-Valia.
|
É desta fonte (de trabalho não pago)
que são tirados os possíveis lucros dos capitalistas (industriais,
comerciantes, agricultores, etc.), além da renda da terra, dos juros, etc.
Enquanto a taxa de lucro – a relação entre a mais-valia e o capital variável
( salários) – define o grau de exploração sobre o trabalhador.
|
Para Marx a mais-valia é dividida entre Absoluta
e Relativa. Produção de mais-valia absoluta é um modo de incrementar a
produção do excedente a ser apropriado pelo capitalista. Consiste na
intensificação do ritmo de trabalho, através de uma série de controles
impostos aos operários, que incluem da mais severa vigilância a todos os seus
atos na unidade produtiva até a cronometragem e determinação dos movimentos
necessários à realização das suas tarefas. O capitalista obriga o trabalhador
a trabalhar a um ritmo tal que, sem alterar a duração da jornada, produzem
mais mercadorias e mais valor.
|
Quando esse
método encontra os limites da extração da mais-valia absoluta: resistência da
classe operária e deterioração de suas condições físicas o segundo caminho, a
extração da mais-valia relativa, é que fez do capitalismo o modo de produção
mais dinâmico de todos os tempos, transformando continuamente seus métodos de
produção e introduzindo incessantemente inovações tecnológicas. Pois é apenas
através da mudança técnica que o tempo de trabalho socialmente necessário de
determinados bens pode ser reduzido. Aumentos na produtividade resultantes e
novos métodos de produção, nos quais o trabalho morto sob a forma de máquinas
assume o lugar do trabalho vivo, reduzem o valor dos bens individuais
produzidos.
|
O mecanismo econômico da mais valia é
determinante para a lucidez da análise expansiva imperialista de USA. Devido a
inserção geopolítica dos Estados Unidos e pelo fato de haver celebrado um novo
arranjo econômico com a Inglaterra após sua a sua independência, os avanços
estratégicos assistidos no decorrer da história se consolidaram.
FIORI ( 2004, p. 70) Do ponto de vista econômico ou
geopolítico, o ponto decisivo que diferencia a formação da economia americana,
durante as primeiras décadas de vida independente, é sua relação complementar,
funcional e privilegiada com a economia inglesa, naquele momento, a principal
economia capitalista do mundo, em pleno processo de revolução industrial.
Durante quase todo o século XIX, os Estados
Unidos direcionou sua ação militar para dentro de seu território, exceto quando
foram apoiados pela Inglaterra ou contaram com sua neutralidade. Todavia, isto
não impediu que o país celebrasse acordos com outras nações, como o Tratado de
Wanghia com a China –que abriu os portos de Canton, Amoy, Foochow, Ningpo e
Shangai para os navios norte-americanos – e o tratado com o Japão, de 1854, que
permitiu o comércio entre os dois países. Mesmo assim, a economia nacional
continuava primário exportadora e
dependente do capital inglês
A Guerra da Secessão teve um efeito
paradoxal, visto que a mesma redistribuiu e ao mesmo tempo centralizou o poder,
colocando a nação de “cabeça para cima”, de forma semelhante ao que acontecera
na formação e no desenvolvimento dos estados e das economias nacionais européias.
Por isso, a despeito da destruição física e das perdas de vida que causou, a
mesma exerceu o papel de reorganizar o Estado e o capitalismo nacional, sob o
ponto de vista monetário, financeiro e creditício. A dívida pública da União se
transformou no lastro do sistema bancário e financeiro, fazendo surgir os
primeiros financistas norte-americanos, devido à queda do investimento inglês,
bem como à multiplicação do número de banqueiros. Formou-se nos Estados Unidos
a “memorável aliança”, descrita por Max Weber, entre o estado e o capital
financeiro nacional, tal como no século XVII ocorrera na Inglaterra. Neste
momento histórico observamos a consolidação da hegemonia norte-americana.
Através da Guerra Hispano-Americana (1898),
conquistaram Cuba, Porto Rico, Guam e Filipinas.
Depois intervieram no Haiti (1902), no Panamá
(1903), na República Dominicana (1905) e novamente em Cuba e no Haiti,
respectivamente em 1906 e 1912.
A política norte-americana frente à maior
parte destes territórios além-mar deu-se na forma de protetorados militares e
financeiros, com os mesmos mantendo sua soberania interna, porém sem direito à
política externa e à execução de políticas econômicas que não estivessem em consonância
com as exigências de pagamento de suas dívidas frente aos bancos
norte-americanos.
Quando USA conquistou estrategicamente seus
objetivos capitalistas no Continente Americano, iniciou-se o processo de luta
pela hegemonia asiática, determinadamente explicada pelo seu ingresso e poder na Primeira Guerra
Mundial (1914-1918), em 1917, conquistando uma posição privilegiada na Ásia. Feito
isto, USA inicia sua escalada em busca da hegemonia européia.
Paradoxalmente, mesmo que a Grande Depressão,
em 1929, tenha sido originada no país – devido a uma crise de superprodução,
onde havia mais mercadorias que consumidores (oferta maior que a demanda), que
ocasionou uma queda nos preços, na produção, nos postos de trabalho e nos
lucros, resultando na paralisação da produção industrial, do comércio e na
quebra da bolsa de valores –, contribui para tornar os Estados Unidos
hegemônicos no mundo capitalista, pois o crash tomou tamanha proporção que, com
exceção de algumas economias fechadas existentes ao redor do globo naquela
época, como a União Soviética, arrasou toda a economia mundial. Entretanto, através de políticas
intervencionistas, como o já citado New Deal e a busca ao Welfare State, a partir
da aplicação da teoria keynesiana , os Estados Unidos foram uma das primeiras
nações no mundo a se recuperar da crise, praticamente dez anos depois, em 1939,
as portas da Segunda Guerra Mundial.
Com a rendição do Japão – último país do eixo
a desistir da guerra, em agosto de 1945, após as bombas atômicas lançadas nas
cidades de Hiroshima e Nagasaki – marcou o fim da segunda guerra mundial. Os
bancos norte-americanos tornaram-se os principais credores dos países europeus
que participaram do confronto.
Em termos de disputas territoriais
capitalistas, a Europa pós guerra perdeu territórios: Vietnã, sob a liderança
de Ho-Chi-Min, torno-se independente da França. Após 1945, a descolonização
africana acelerou, perdendo colônias
africanas a França, Inglaterra, Portugal, Bélgica e Itália.
Devido à falta de condições capitalistas da
França e da Inglaterra competir com USA, os mesmos impuseram sua hegemonia no
oeste europeu, último degrau para a conquista do poder dentro do mundo
capitalista. Salientamos que USA deixou de ser uma nação devedora, passando a
exercer uma forte influência sobre as demais potências ocidentais
O capitalismo imperialista norte-americana
começou a se confrontar com os obstáculos do avanço do sistema socialista (político/
social/econômico/militar bélico/tecnológico), notadamente com a União
Soviética. Os países socialistas se agruparam no Pacto de Varsóvia – União
Soviética, Alemanha Oriental, Bulgária, Hungria, Polônia, Checoslováquia,
Romênia e Albânia.
Guerra Fria – Disputa estratégica, com
conflitos entre Estados Unidos e Rússia, compreendendo o período entre o fim da
segunda guerra mundial e o término da União Soviética (Bloco dos Países
Socialistas) em 1991.
Em diversas ocasiões, a Guerra Fria deixou o
campo político e ingressou no conflito armado, como no episódio que ficou
conhecido como invasão da Baía dos Porcos , em 1961.
Porém, em nenhum outro momento da história
isto ficou tão claro, como durante a Guerra do Vietnã (1959-1975), que colocou
frente a frente o Vietnã do Sul capitalista, atendente das estratégias made in
USA, que envio tropas entre 1964 e 1972 – e o Vietnã do Norte – que além do
apoio logístico e econômico da União Soviética, que ao contrário dos
norte-americanos não participaram diretamente no front, contou com a
colaboração, entre diversas pequenas milícias, da sul-vietnamita Frente
Nacional para a Libertação do Vietnã (FNL), conhecida como Vietcong. Caracterizada
como uma guerrilha, por ter ocorrido predominantemente na selva, a guerra do
Vietnã estendeu-se para os dois outros países da Indochina, Laos e Camboja, e
acabou com a vitória do Vietnã do Norte, em 1975.
Esta derrota, além dos problemas econômicos
causados à economia norte-americana, como um considerável déficit fiscal, criou
a chamada “síndrome do Vietnã”, com reflexos na Indochina, na África e na
América Central, culminando com uma, até então improvável, aliança com a China
de Mao Tsé-Tung (1943-1976). A perda da guerra, aliada à ascensão econômica da
Alemanha e do Japão, do avanço tecnológico-militar da União Soviética, bem como
sua invasão ao Afeganistão, em 1979, além da revolução islâmica no Irã,
responsável pelo Segundo Choque Mundial do Petróleo, também em 1979, colocou a
condição hegemônica do país em xeque. Porém, além destes fatores, se a questão
for analisada no longo prazo, na opinião de Fiori
(2004, p.80): “... a crise dos 70 foi produto da compulsão expansiva e da
tendência destrutiva das potências hegemônicas na busca do poder global”.
A questão para os Estados Unidos era o que
fazer para manter a posição hegemônica no mundo e, se possível, ampliá-la
através de um projeto neoconservador imperial. (após queda do presidente Nixon
devido ao escândalo de Watergate, em 1974).
Segundo
Fiori (2004, p. 92): “... a chamada ‘crise do dólar’ não foi um acidente nem
uma surpresa, nem muito menos uma derrota; foi um objetivo buscado de forma
consciente e estratégica pela política econômica internacional do governo
norte-americano”. Para
sustentar seus argumentos, cita o Relatório Econômico Presidencial ao Congresso
Americano, de 1973, em que o então presidente Richard Nixon defendeu o livre
movimento de capitais, como forma de
promoção de corretas políticas econômicas, bem como a desvalorização do dólar,
pois buscava a expansão do capital norte-americano e o crescimento da autonomia
norte-americana em sua política interna.
OBS.: Após a
rápida passagem de Gerald Ford pela presidência (1974- 1977), e da não
reeleição do presidente Carter (1977-1981) devido ao fracasso de seu governo na
condução da política externa, a oportunidade surgiu com a posse do republicano
Ronald Reagen e sua revolução conservadora.
A retomada, a tentativa imperialista e a nova
crise da hegemonia norte-americana (1980-2008) - Na tentativa de reafirmar sua condição
hegemônica, após a implementação da política de ajuste fiscal do final da
década de 1970 – que lograva recuperar a
economia após o fim do sistema monetário internacional celebrado em Bretton
Woods e do Primeiro Choque Mundial do
Petróleo (1973) – iniciou-se um novo período de propagação de ideais liberais,
em consonância com as políticas inglesas em curso, implantadas pela
primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1979-1990), a partir da eleição
do presidente Ronald Reagen. Nesse momento, segundo Chesnais (2005, p. 40):
Nos Estados
Unidos e no Rei e no Reino Unido foram reunidos, pela primeira vez, as
condições políticas e sociais que permitiram aos investidores institucionais
aproveitar uma política monetária favorável aos interesses dos credores e se
beneficiar da liberalização e da desregulamentação das operações de aplicação e
do movimento dos capitais
.
A partir daí, sob a direção do Fundo
Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BIRD) e sob pressão dos
Estados Unidos, os demais países capitalistas, industrializados ou em
desenvolvimento, passaram a liberar e desregular suas economias.
Com a
hegemonia do mundo capitalista novamente consolidada, onde a crença na
desregulação dos mercados financeiros passou a ser o maestro dominante (celebrando o fim da chamada
“Síntese Neoclássica”, bem como a diminuição do foco de tensão com o leste
europeu, através da abertura de um canal de diálogo com os soviéticos, os
Estados Unidos retomaram seu projeto imperialista, principalmente após a queda
do Muro de Berlim.
As mudanças
no cenário geopolítico da Europa Oriental no final da década
de 1980-Com o fim do Muro de Berlim que dividia a Alemanha em duas entidades
estatais: a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã
(RDA), que simbolizava a divisão do mundo em dois blocos: o dos países
capitalistas, encabeçados pelos Estados Unidos, e o bloco dos países
socialistas, sob o regime de desenvolvimento soviético. A queda do Muro de
Berlim ocorreu no dia 09 de novembro de 1989, (que tinha sido erguido em agosto
de 1961) marcou o início da reunificação da Alemanha, bem como o fim da Guerra
Fria. Com a queda dos governos socialistas, o fim do Muro de Berlim, o
fim da Guerra Fria e a crise na URSS foram determinantes para
a extinção do Pacto de Varsóvia em 31 de Março de 1991.
Em 1992
assistimos a dissolução da União Soviética.
Neste momento, os norte-americanos tinham
acordos militares com 130 dos 194 países do mundo e cerca de 300 mil soldados
em terras estrangeiras, além de controlarem todos os oceanos. Este foi o ápice
do movimento iniciado com a posse do presidente Nixon, definido por Fiori
(2004, p. 93-94), como: [...] o
sistema mundial (...) se movendo na direção de uma nova ordem mundial com
características mais imperiais do que hegemônicas (...) sem limites militares e
sem colônias, que se apóia apenas no controle de estruturas transnacionais,
militares, financeiras, produtivas e ideológicas de alcance global, mas
nãosuprime os estados nacionais.
Todavia, já durante o mandato de George Bush
(1989-1993), a economia do país começou a dar sinais de desaceleração. Aliando
este problema, com a já mencionada “síndrome do Vietnã”, sob a alegação de
defender o Kuwait, invadido pelo Iraque de Saddam Hussein em agosto de 1990, os
Estados Unidos lideraram um grupo de 29 países e deram início à chamada Guerra
do Golfo (1991), cuja ação militar durou pouco mais de dois meses. Decidido a
não invadir Bagdá, o presidente Bush (Pai) declarou cessar fogo e proclamou seu
país vencedor do conflito, o que a veio a ser a primeira vitória
norte-americana em um confronto externo declarado, após a Guerra do Vietnã .
Com a posse do democrata Bill Clinton
(1993-2001), os Estados Unidos voltou a apresentar significativo crescimento
econômico e diminuição do déficit fiscal, porém dentro de um processo conhecido
como bolha especulativa, que mais tarde se revelaria nocivo, a partir dos
contratos subprime do setor imobiliário. Porém, mesmo gozando de um cenário
econômico positivo, a administração Clinton enfrentou momentos de turbulência,
seja pela falta de decoro do presidente
– envolvido em escândalos sexuais, como nos casos Paula Jones e Monica
Lewinsky, que quase o levaram a perder o mandato – ou por problemas na política
externa, como nos atentados às embaixadas norte-americanas no Quênia e na
Tanzânia, em 1998, e no primeiro atentado ao World Trace Center, e A Era Bill
Clinton Fiori (2004) durante os oito anos
de mandato, esta administração manteve “um ativismo militar sem precedentes” ao
redor do globo, a despeito de sua proposta de convivência pacífica pelo
mercado.
Entre 1993 e 2001, os Estados Unidos realizaram 48 intervenções
militares (durante todo o período da Guerra Fria foram 16), como nos ataques à
Somália (1992-1993), Bósnia Herzegovina (1995), Sudão (1998), Kosovo (1999) e
Iraque (1993-2003). Isto demonstra como o projeto imperialista norte-americano
não foi engessado pela alternância de poder, independente do partido político a
qual pertencesse o presidente da nação.
Em 2001, ano da conturbada eleição do
republicano George W. Bush (2001-2009), em que o candidato derrotado e o
ex-vice-presidente Albert Gore (1993-2001),recebeu o maior número de votos
populares, porém através de fórmulas de
eleição presidencial do país, ocorreu um divisor de águas na história mais grave
ainda que o ataque japonês a Pearl Harbour,em 1941, que foi a desculpa que os
Estados Unidos precisava para entrar estrategicamente na Segunda Guerra
Mundial. O episódio 11 de setembro/2001.
Nenhum governo norte-americano seja democrata ou republicano ousou
frear a indústria bélica. A gestão do republicano George W. Bush, o seu
comércio de armas foi o que mais cresceu com o aumento dos orçamentos
militares. Depois do 11 de setembro, quando Bush intensificou os conflitos. Com
o ataque às torres gêmeas de Nova York, Bush mergulhou os Estados Unidos em
duas guerras - Afeganistão e Iraque. Os números bélicos são impressionantes.
Durante a administração Bush, em 2002 foram gastos 453 bilhões de dólares no
custeio do aparato militar. Em 2004, foram gastos 537 bilhões.
Utilizando os ataques às torres gêmeas como
pretexto, a administração W. Bush promoveu pesadas incursões militares tanto no
Afeganistão – país governado até 2001 sob Talibã, que se suspeitava abrigar o
terrorista Osama Bin Laden, número um da rede Al-Qaeda – como no Iraque – neste
caso, sob a alegação do país estar produzindo armas químicas, algo que até hoje
não foi provado. Na verdade a opinião
pública advertiu que o principal objetivo da Guerra do Iraque não era conter as
“armas de destruição em massa”, nem a conexão de Bagdá com a AlQaeda, mas sim
pôr em prática uma política de dominação imperialista, pois o Iraque, até então
o segundo maior produtor de petróleo do mundo, situa-se em uma posição
estratégica na Eurásia (ARRIGHI, 2007).
As duas nações árabes, logo após o
desembarque das tropas norte-americanas, passaram por troca de poder, com os
governantes recém-conduzidos em sintonia com os Estados Unidos. No Afeganistão,
boa parte da população pareceu aceitar a presença das tropas estrangeiras em
seu território, tendo sido registrados conflitos pontuais contra a resistência
apoiadora do antigo regime. Todavia, a ocorrência de tais conflitos vem
aumentando, o que levou o atual presidente norte americano, Barack Obama, a
enviar um contingente maior de soldados a este país asiático, para se juntar
aos que lá já se encontravam.
No Iraque, a situação ficou complexa, pois o
W. Bush declarou vitória no conflito e posteriormente, teve de admitir novos
conflitos regionais que se estendem até os dias de hoje Mesmo após a captura e o enforcamento do
presidente iraquiano Saddam Hussein, (em 2003 e 2006), respectivamente, estes
conflitos custam milhares de mortes de soldados americanos.
Os Estados Unidos tentam reproduzir no Iraque
o padrão do Vietnã, porém com armas e equipamentos de última geração, profundamente
superiores aos países atacados. Mesmo alegando legitimidade jurídica na
ocupação iraquiana, a oposição interna à mesma chegou a tal ponto, que a
administração W. Bush pode ser assim resumida no pensamento de Friedman (2004 apud ARRIGHI, 2007, p. 186-187): Corremos o risco de
perder mais do que a guerra no Iraque. Corremos o risco de perder a América
como um instrumento de autoridade moral e de inspiração no mundo. Nunca havia
ocorrido na minha vida, um período onde a América e seu presidente fossem mais
odiados no mundo todo do que hoje.
Apesar de diferenciar-se de seu antecessor,
Bill Clinton, ao menos no discurso, ao explicitar o uso da força e classificar
os inimigos como internos e externos, justificando assim a intervenção militar
em qualquer parte do mundo, W. Bush permaneceu alinhado ao status quo
econômico, ao defender explicitamente a continuidade da abertura – porém não
sem alterar o quadro protecionista dos Estados Unidos em relação ao subsídio
agrícola e a salvaguarda do aço e a desregulamentação dos mercados, avançando
sobre o mundo globalizado.
A expansão do dólar sem lastro produtivo, que
faz parte da engenharia da política neoliberal, provoca enormes descompassos econômicos
e essa crise mundial com uma dimensão nunca vista antes. Salientando a importância
da moeda dólar como a moeda universal para os negócios no mundo.
Antes da
explosão da crise econômica mundial, o capital financeiro norte-americano
tornou-se quase um “império financeiro global” (FIORI, 2004).
Contraditoriamente, porém, durante o
acirramento da citada crise econômica, em seu último ano de mandato, W. Bush
aceitou passivamente a intervenção do FED na economia do país, pois, de forma mais
contraditória ainda, revelou que tal intervenção era necessária para a defesa
do liberalismo.
Dentro desse contexto de equívocos e
contradições, o governo George W. Bush elaborou um projeto de sustentação da
hegemonia norte-americana que ambicionava domínios imperialistas, seja no campo
político, seja no campo econômico.
A primeiro idéia
era instalar um regime amigável no Iraque. Depois estendê-lo ao Irã, para
consolidar sua presença na Ásia Central e dominar as reservas de petróleo na
bacia do mar Cáspio. Imaginava que assim manteria o controle da economia
global, ao menos, pelos próximos 50 anos (novo imperialismo) (ARRIGHI, 2007).
Segundo
Arrighi (2007), no entanto, se a atual crise da hegemonia norte-americana se
revelar terminal, a aventura no Iraque poderá representar o último ato do
primeiro e único século norte-americano, o “longo século XX”.
Uma nova
hegemonia mundial?
A Belle
Époque norte-americana da década de 1990 pode ser atribuída a duas condições: a
capacidade de desempenhar as funções de mercado mundial e de poder militar, e a
capacidade de mobilizar o resto do mundo – com destaque ao Japão e a China – para financiar essas duas
funções . Juntas, as referidas capacidades formam o chamado círculo virtuoso
(ARRIGHI, 2007).
Entretanto,
isto não elimina o fato que as intervenções militares norte-americanas não
expandiram a democracia nem tampouco o livre mercado pois, apesar da conquista
territorial, os Estados Unidos não conseguiram realizar a reconstrução das
nações derrotadas e sua reinserção no contexto global (FIORI, 2004).
Se por um
lado a compra de títulos norte-americanos
pelo governo chinês pode ser vista pelas autoridades locais como
positiva, pois financia o déficit fiscal, ao mesmo tempo é motivo de
preocupação, dada a ascensão do país asiático – até recentemente uma das
economias mais fechadas do mundo – no cenário internacional, aliada à perda de
competitividade dos produtos dos Estados Unidos, devido à negativa chinesa de
abandonar o regime de câmbio fixo e desvalorizado do iene em relação ao dólar,
o que favorece artificialmente suas exportações, ao mesmo tempo em que
contribui para a manutenção do déficit comercial norte-americano, além da
contínua desvalorização do dólar frente a moedas como o euro e o iene japonês
(ARRIGHI, 2007; BRUNHOFF, 2005).
Sendo os
Estados Unidos o líder do mundo devedor, tendo sua moeda apresentado uma
considerável desvalorização nos últimos anos – a despeito de alguma recuperação
no último trimestre de 2008, com o acirramento da crise, dado seu caráter de
hedge global – diversos países estudam passar (como no caso chinês)a
diversificar suas reservas cambias, compondo-as, além de dólares, com euros e ienes.
Por tudo isto, a cooperação e a interação com os chineses tornaram-se uma
necessidade (ARRIGHI, 2007).
Devido ao
elevado nível de financiamento público norte-americano por parte dos europeus e
asiáticos, gerou-se uma grande influência da China e do Japão nos Estados
Unidos, principalmente pela participação destes países no tesouro
norte-americano. No ano de 2006, cerca de US$ 664 bilhões do tesouro eram
oriundos do Japão, US$ 339 bilhões da China e US$ 300 bilhões da Inglaterra, da
Alemanha e do Canadá (ARRIGHI, 2007).
A
globalização do capitalismo foi obra de estados e economias nacionais
(principalmente os Estados Unidos e a Inglaterra) que tentaram impor às demais
nações sua moeda, sua dívida pública e seu sistema de tributação, fixando-se
como lastro de um sistema monetário internacional (FIORI, 2004).
A exemplo de
muitos países asiáticos seguidores do capitalismo, a China aplica seus
excedentes em dólares, em títulos do tesouro norte-americano (BRUNHOFF, 2005).
Neste contexto mundial e em contra ponto a
política vigente, a China vem se apresentando ao planeta com a política de forte
expansão de produtiva. Segundo Harvey (2004), para que isto realmente se efetive, o país vermelho terá de superar
alguns entraves, como melhorar a alocação de sua população de mais de 1,3
bilhão de habitantes – dado que o capitalismo necessita da produção de espaço
como condição para sua consolidação como sistema social histórico –, bem como
resolver seu problema de deficiência em infraestrutura (portos, estradas,
aeroportos, hospitais e escolas), e de bens de capital (navios, caminhões e
aviões), além de mudanças estruturais, como o fim de privilégios monopolísticos
e de barreiras à entrada de capital.
Como forma de enfrentar a atual turbulência
econômica, surge a opção de empregar um processo em que os capitalistas
individuais podem auferir excesso de lucros não somente pela adoção de
tecnologias superiores, mas também pela busca de locações superiores.
Harvey (2004)
foca a China como a mais promissora nação para exercer este papel, tanto pela
possibilidade de atração de Investimento Estrangeiro Direto (IED) – a despeito
de sua queda em 2009, em termos globais –como pelo seu mercado interno, apesar
da já referida deficiência em infraestrutura. Se tal situação vier a se
confirmar, qual seja, da China passar a condição de líder mundial, haverá uma
mudança no mainstream dominante, pois a mesma exercerá uma hegemonia ancorada
em uma economia de mercado com supervisão do Estado, ou seja, com regulação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gratos por sua Contribuição. Foi muito gratificante saber sua opinião.