Políticos de 7 partidos na investigação
«Papéis do Panamá».
Nos arquivos vazados foram incluídos políticos de maior partido do Brasil, o PMDB, que se separou da coalizão com a presidente Dilma Rousseff em 2016. Figuras políticas do PSDB, o partido de oposição mais proeminente no país, também foram mencionado nos vazamentos, bem como outros do PDT, PP, PSB, PSD e os partidos PTB.
Nenhum político do partido de Dilma foram mencionados nos vazamentos .
O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI) divulgou documentos com nomes de personalidades e empresas alegadamente envolvidas em esquemas de evasão fiscal e branqueamento de capitais.
A comprometer os chamados «Papéis do Panamá», está desde logo a incerteza acerca da sua proveniência. A sociedade de advogados Mossack Fonseca diz ter sido alvo de um roubo dos dados correspondentes à atividade desenvolvida entre 1977 e 2015, e considera ilegal a sua divulgação, o que sugere a veracidade dos documentos mas não libera os documentos originais ao publico.
A forma como chegaram ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung as informações sobre dezenas de milhares de sociedades criadas com o objetivo de ocultar a proveniência e os proprietários de capital, bem como contornar a sua tributação, é um mistério. Isto é, ao contrário do que acontece no WikiLeaks, a origem dos «Papéis do Panamá» é ainda desconhecida.
O que se sabe é que o jornal alemão que teve acesso aos documentos, entregou-os ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI), o qual, por sua vez, envolveu na pesquisa de uma parte daqueles (desconhece-se que percentagem) mais de 350 jornalistas de cerca de uma centena de órgãos de comunicação social.
Segundo o jornal britânico, The Guardian, a prioridade adoptada pelo CIJI foi o apuramento dos movimentos de capital para territórios offshore por parte de países e titulares de cargos públicos alvo de sanções internacionais. O jornal admite, igualmente, que boa parte dos 11,5 milhões de folhas manter-se-á privada, ao contrário do que sucede no WikiLeaks.
Entre os alegadamente envolvidos estão, além da oposição política à Dilma, mais de100 políticos de relevo de 50 países, em exercício ou não, personalidades do desporto e da cultura, inclusive o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que pagou US$335.000 em dinheiro por seu apartamento em Miami. Figuras no concerto imperialista (os presidentes da Ucrânia e da Argentina), nações aliadas e suas próximas (a Arábia Saudita, por exemplo), indivíduos marginais (como aqueles de quem se fala da família real espanhola) e forças instrumentalizáveis (a Frente Nacional francesa) surgem expostas, é um fato.
Fala-se, igualmente, na revelação dos esquemas desenvolvidos por ou com o auxílio de 500 mil entidades bancárias, mas até agora só vieram a público com insistência a UBS, o Crédit Suisse e o HSBC, o que, não sendo novo, é europeu.
CURIOSO - Cade os milinarios?
Amplamente salientado, pelo contrário, é o pretenso envolvimento do presidente russo, da direção atual e pretérita da República Popular da China, da Síria e do seu presidente, Bachar al-Assad, de uma empresa fachada da Coreia do Norte, do Zimbabué, entre outros, numa curiosa concentração de atenções em algo que podendo ser verdadeiro, pode por outro lado não ser o mais estruturante no que diz respeito ao esquema dos paraísos fiscais, legais no capitalismo, o que não pressupõe que sejam legítimos.
David Cameron, supostamente através do seu pai, também teria usado os serviços da Mossack Fonseca, garante quem consultou os «Papéis do Panamá». O nome de Putin não surge nos «Papéis do Panamá», mas conjectura-se que a presença dos que lhe são próximos indica que o presidente da Federação Russa teria através daqueles ocultado do fisco e lavado a sua fortuna. O porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, reiterou que se trata de uma manobra de intoxicação pública tendo em conta as eleições legislativas (este ano) e as presidenciais (dentro de dois anos) no país.
Peskov também se atirou ao Consórcio de Jornalistas, com sede em Washington, assegurando que Moscou conhece «esta comunidade» e que «há muitos jornalistas cuja profissão principal é improvável que seja o jornalismo», bem como «muitos antigos membros do Departamento de Estado, da CIA e de outros serviços especiais». Aludiu, assim, aos financiamentos do CIJI por parte das fundações Ford, Kellog, Sociedade Aberta (de George Soros) ou Familia Rockefeller.
Pequim, por seu lado, nota a influência e manipulação dos EUA no caso dos «Papéis do Panamá». Até ao momento, os grandes magnatas e multinacionais escapam ao escrutínio. Isto apesar de, no passado mês de Janeiro, a Oxfam ter revelado que 62 pessoas detêm tanta riqueza como metade da população mundial, e que mais de metade destes super-ricos são norte-americanos, justamente com o património em paraísos fiscais, acusou a ONG britânica.
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