Haddad destacou a importância do trecho recém-inaugurado: “Isso aqui não é uma política partidária, não é uma política de governo. É uma política que deveria ser abraçada por todos os partidos, por todos os governos, para que pedestres e ciclistas tivessem o seu espaço garantido, além do transporte público. É importante para a cidade também pelo simbolismo. O principal cartão postal da América Latina agora tem um marco, que é a malha cicloviária”
A ciclovia da Avenida Paulista, na região central, foi entregue à população de São Paulo na manhã deste domingo (28), pelo prefeito Fernando Haddad. A nova via exclusiva para bicicletas tem 2,7 quilômetros de extensão, da Praça Oswaldo Cruz à Avenida Angélica, e custou R$ 12,2 milhões, provenientes do Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, vinculado à Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.
David Santos Sousa, que em 2013 perdeu o braço esquerdo após ser atropelado enquanto pedalava na Paulista, comemorou a inauguração do novo espaço. “Vários colegas morreram devido à falta de proteção e à imprudência de alguns motoristas. Não é só uma ciclovia, é proteção à vida. Essa não é uma vitória só minha, é uma vitória de São Paulo. Espero que ocorra em outros Estados do Brasil, se tornando uma revolução”, disse. O ciclista aprendeu a andar de biblicleta usando apenas um braço – mesmo tendo ganhado uma prótese – e há cerca de dois anos voltou a pedalar pela cidade.
Segundo o prefeito, outra ciclovia importante para a capital, localizada sob o Elevado Presidente Costa e Silva (Minhocão), tem previsão de entrega para o final do mês de julho, ainda sem data definida. Devido ao aumento das vias destinadas à circulação exclusiva de bicicletas, a administração municipal estuda a possibilidade de intensificar suas ações educativas. “A observância das regras é fundamental para a segurança, não apenas dos ciclistas, mas [também] dos pedestres. Nós fizemos uma campanha de proteção ao ciclista antes da malha cicloviária. Talvez tenha chegado o momento de fazer uma campanha para o ciclista observar as regras, que são pouco conhecidas. O poder público vai ter que atuar nessa direção também”, afirmou o prefeito.
Com o grande número de pessoas que passaram pela Paulista ao longo do dia – para usufruir da avenida sem carros, da nova ciclovia e da ciclofaixa de lazer, que funcionou normalmente das 7h às 16h –, o secretário municipal Jilmar Tatto (Transportes) voltou a falar sobre a possibilidade de interdição total da via aos domingos.
“Seria bom fazer da Paulista, aos domingos, um grande parque, onde as pessoas pudessem passear com traDE nquilidade, com segurança. Do ponto de vista da circulação viária, não há dificuldade nenhuma. Eu conversei com a área técnica da CET [Companhia de Engenharia de Tráfego] e eles conseguem montar uma operação especial para acesso aos hospitais. Para os moradores, a gente consegue dar uma autorização especial e o mesmo para a área de comércio, os hotéis. Para os shoppings, tem alternativas nas vias paralelas. Nós estamos estudando tecnicamente. Não estaríamos reinventando a roda, em todos os lugares do mundo isso acontece. Está em teste”, destacou.
A Prefeitura também entregou hoje a ciclovia da Rua Itápolis, no Pacaembu, zona oeste. O trajeto passa ao lado do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho (Estádio do Pacaembu) e faz conexão com as ciclovias das avenidas Paulista e Pacaembu.
Com as inaugurações deste domingo, a cidade passa a ter 334,9 quilômetros de malha cicloviária, incluindo 31,9 quilômetros de ciclorrotas. Aos domingos e feriados, a cidade conta ainda com 140 quilômetros de ciclofaixas de lazer. A atual gestão inaugurou 238,3 quilômetros de ciclovias desde junho de 2014. Antes, São Paulo possuía apenas 64,7 quilômetros. Para alcançar a meta 97 do Programa de Metas do Município, que prevê a implantação de 400 quilômetros de vias cicláveis, a administração municipal prevê o investimento de R$ 80 milhões.
Estiveram presentes na inauguração da ciclovia da Avenida Paulista a vice-prefeita Nádia Campeão, que também coordena o Comitê Integrado de Subprefeituras (CIS), e os secretários municipais Celso Jatene (Esportes, Lazer e Recreação), Tadeu Candelária (Verde e Meio Ambiente), Eduardo Suplicy (Direitos Humanos e Cidadania), Gabriel Chalita (Educação), Luiz Antonio de Medeiros (Coordenação das Subprefeituras), Nunzio Briguglio (Comunicação) e Chico Macena (Governo).
Estrutura
Com 2,7 quilômetros de extensão, a ciclovia da Paulista foi construída com concreto pigmentado, método que confere maior durabilidade, regularidade e resistência ao piso. Alguns trechos, próximos a semáforos, ganharam grades para a proteção dos ciclistas. A fim de garantir maior segurança nas travessias, a sinalização semafórica existente foi sincronizada para o fluxo de bicicletas.
Entre a Praça Oswaldo Cruz (no Paraíso) e a Rua Haddock Lobo (Consolação), o percurso é bidirecional e está no canteiro central da Avenida, que foi alargado e tem agora 4 metros, além de uma elevação de 18 centímetros em relação às pistas, com nivelamento apenas nos cruzamentos. Quando o canteiro central termina e dá lugar ao Túnel José Roberto Fanganiello Melhem (Complexo Viário Paulista), a ciclovia continua bidirecional na faixa da esquerda, até a Rua da Consolação, e segue à direita entre a Consolação e a Avenida Angélica.
O espaço destinado aos pedestres não foi alterado. As oito faixas de rolamento foram redimensionadas e mantidas, sendo seis delas para veículos em geral e duas exclusivas para os ônibus, divididas em ambos os sentidos. Uma ligação entre as ciclovias da Paulista e da Rua Treze de Maio foi implantada na Praça Oswaldo Cruz, onde houve troca do piso, reforma das jardineiras e das muretas em volta das árvores e instalação de nova iluminação.
A implantação de dutos para passagem de fibra ótica e cabeamento sob o canteiro central também foi contemplada no eixo Avenida Paulista - Avenida Bernardino de Campos. A Bernardino de Campos está passando por uma requalificação urbanística, o que permitirá enterramento de fiação, iluminação reforçada no canteiro central, implantação de totens de sinalização e de informações e reforma das calçadas, tudo isso com a preservação das árvores existentes.
Prêmio Transporte Sustentável
Em janeiro deste ano, a cidade de São Paulo foi uma das vencedoras da 10ª edição do Sustainable Transportation Award (Prêmio Transporte Sustentável), por conta da implantação de 150 quilômetros de ciclovias e de mais de 460 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus. O prêmio, organizado pelo Institute for Transportation e Development Policy (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento), foi entregue em Washington, nos Estados Unidos.
Criado em 2005, o prêmio é concedido a cidades que executam projetos de transporte inovadores e sustentáveis. Além de melhorar a mobilidade urbana, o projeto de transporte deve reduzir o efeito estufa e as emissões de poluição do ar, além de melhorar a segurança e o acesso para ciclistas e pedestres. Os finalistas são selecionados por um comitê internacional de especialistas em desenvolvimento e por organizações que trabalham no transporte sustentável.
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