Imprensa apoiou golpe militar
O jornal "O Globo", publicou em seu editorial no dia 2 de abril de 1964, dois dias após o golpe militar
"Salvos da comunização que celeremente se preparava,os brasileiros devem agradecer aos militares que os salvaram de seus inimigos".
O governo de João Goulart não ia ao encontro dos interesses de grandes jornais do eixo Rio-São Paulo”, disse o jornalista e autor do livro “1964, Golpe Midiático-Civil-Militar”, Juremir Machado da Silva, se referindo aos jornais “Correio da Manhã”, “Folha de S. Paulo”, “Jornal do Brasil”, “O Estado de S. Paulo”, “O Globo”, “Tribuna da Imprensa”, e dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand.
O mundo vivia a chamada “Guerra Fria” – confronto sem armas entre Estados Unidos e União Soviética. O governo norte-americano cercava países da América Latina contra o seu “inimigo’”: o comunismo e suas supostas ameaças.
Para o historiador Thiago Rocha de Paula, o Brasil passava por um período econômico e social instável. “Grande parte da população imaginou que os militares seriam nossa solução imediata e, logo depois, iriam embora. O problema é que os militares ficaram”, comentou.
O discurso de ameaça comunista estava presente nos jornais e ajudou a criar um clima favorável para a intervenção militar.
Um dos jornais que estimularam o golpe militar foi o “Correio da Manhã”. Seus editoriais mais famosos são o “Basta” e “Fora”, publicados entre os dias 31 de março e 1º de abril. “Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia”, dizia um dos editoriais.
No entanto, a fúria do “Correio da Manhã” se tornou arrependimento. Três dias após o golpe, o jornal reconheceu o erro e passou a criticar a ação militar.
O apoio ao regime também ia além dos textos. O Grupo Folha, por meio da “Folha da Tarde”, emprestou suas caminhonetes para a Oban (Operação Bandeirantes), a fim de realizar o transporte de presos políticos, afirmou o jornalista Milton Saldanha.
Em 2009, o jornal da família Frias publicou um editorial em que admitia o erro de ter apoiado o golpe na época.
Segundo Saldanha, que trabalhou durante o regime militar em o “O Estado de S. Paulo”, Júlio de Mesquita Filho, dono do jornal, fez várias reuniões com militares e outros empresários para planejar o golpe, e se articulou também com o embaixador norte-americano no Brasil, Lincoln Gordon. Este lhe prometeu ajuda financeira, além do rápido reconhecimento pelos Estados Unidos de um novo governo.
“Algum tempo depois, o censor chegava lá na redação [Estadão], colocava o paletó na cadeira, como se fosse um funcionário, ocupando uma mesa, e recebia as provas de página do jornal. Fazia um risco grande, com um bastão preto, sobre cada texto que deveria ser suprimido”, explicou.
Em protesto, o Estadão trocava essas matérias por trechos dos poemas de Camões. E, o “Jornal da Tarde”, por receitas culinárias.
A Rede Globo, criada em 1965, um ano após o golpe, foi beneficiada pelo governo desde o começo. Saldanha disse que “a Globo aderiu à ditadura, o que permitiu sua expansão como rede. Isso foi parte do projeto de propaganda do regime, no governo Garrastazu Médici (1969-1974)”.
“O ditador queria TV em cores no Brasil e liberou o contrabando dos equipamentos, sem nenhum imposto ou taxa, como contou Walter Clark em seu livro de memórias. Ele era o principal diretor da emissora na época”, afirmou o jornalista, que também trabalhou na emissora na década de 80.
Na programação, tanto da Globo como também do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão, fundado em 1981), existiam programas que exaltavam os feitos dos militares como “Amaral Netto, o repórter”, e a “Semana do Presidente”, no SBT.
O governo de João Goulart não ia ao encontro dos interesses de grandes jornais do eixo Rio-São Paulo”, disse o jornalista e autor do livro “1964, Golpe Midiático-Civil-Militar”, Juremir Machado da Silva, se referindo aos jornais “Correio da Manhã”, “Folha de S. Paulo”, “Jornal do Brasil”, “O Estado de S. Paulo”, “O Globo”, “Tribuna da Imprensa”, e dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand.
O mundo vivia a chamada “Guerra Fria” – confronto sem armas entre Estados Unidos e União Soviética. O governo norte-americano cercava países da América Latina contra o seu “inimigo’”: o comunismo e suas supostas ameaças.
Para o historiador Thiago Rocha de Paula, o Brasil passava por um período econômico e social instável. “Grande parte da população imaginou que os militares seriam nossa solução imediata e, logo depois, iriam embora. O problema é que os militares ficaram”, comentou.
O discurso de ameaça comunista estava presente nos jornais e ajudou a criar um clima favorável para a intervenção militar.
Um dos jornais que estimularam o golpe militar foi o “Correio da Manhã”. Seus editoriais mais famosos são o “Basta” e “Fora”, publicados entre os dias 31 de março e 1º de abril. “Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia”, dizia um dos editoriais.
No entanto, a fúria do “Correio da Manhã” se tornou arrependimento. Três dias após o golpe, o jornal reconheceu o erro e passou a criticar a ação militar.
O apoio ao regime também ia além dos textos. O Grupo Folha, por meio da “Folha da Tarde”, emprestou suas caminhonetes para a Oban (Operação Bandeirantes), a fim de realizar o transporte de presos políticos, afirmou o jornalista Milton Saldanha.
Em 2009, o jornal da família Frias publicou um editorial em que admitia o erro de ter apoiado o golpe na época.
Segundo Saldanha, que trabalhou durante o regime militar em o “O Estado de S. Paulo”, Júlio de Mesquita Filho, dono do jornal, fez várias reuniões com militares e outros empresários para planejar o golpe, e se articulou também com o embaixador norte-americano no Brasil, Lincoln Gordon. Este lhe prometeu ajuda financeira, além do rápido reconhecimento pelos Estados Unidos de um novo governo.
“Algum tempo depois, o censor chegava lá na redação [Estadão], colocava o paletó na cadeira, como se fosse um funcionário, ocupando uma mesa, e recebia as provas de página do jornal. Fazia um risco grande, com um bastão preto, sobre cada texto que deveria ser suprimido”, explicou.
Em protesto, o Estadão trocava essas matérias por trechos dos poemas de Camões. E, o “Jornal da Tarde”, por receitas culinárias.
A Rede Globo, criada em 1965, um ano após o golpe, foi beneficiada pelo governo desde o começo. Saldanha disse que “a Globo aderiu à ditadura, o que permitiu sua expansão como rede. Isso foi parte do projeto de propaganda do regime, no governo Garrastazu Médici (1969-1974)”.
“O ditador queria TV em cores no Brasil e liberou o contrabando dos equipamentos, sem nenhum imposto ou taxa, como contou Walter Clark em seu livro de memórias. Ele era o principal diretor da emissora na época”, afirmou o jornalista, que também trabalhou na emissora na década de 80.
Na programação, tanto da Globo como também do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão, fundado em 1981), existiam programas que exaltavam os feitos dos militares como “Amaral Netto, o repórter”, e a “Semana do Presidente”, no SBT.
Comissão da Verdade desmascara a Folha
Por Altamiro Borges
Os barões da mídia agem como as famiglias mafiosas. Disputam o mercado, mas se unem na defesa da instituição criminosa. Nesta quarta-feira (10), todos os principais sites de notícias deram destaque para a entrega do relatório final da Comissão da Verdade, que aponta os responsáveis pelas torturas, mortes e desaparecimentos durante o sombrio período da ditadura militar no Brasil. Nos telejornais, até houve uma postura respeitosa diante da emoção da presidenta Dilma Rousseff, vítima de torturas, que chorou ao receber o relatório. Mas nenhum veículo da mídia monopolista citou uma importante conclusão da Comissão da Verdade: a de que o Grupo Folha apoiou a ditadura militar!
Segundo o relatório, o império midiático da famiglia Frias não deu apenas apoio ideológico ao golpe militar e ao regime facínora dos generais. Ele também deu apoio financeiro e logístico aos golpistas - inclusive cedeu suas caminhonetes para a ação repressiva. No item sobre a colaboração de civis com o regime militar, elaborado por 11 pesquisadores do grupo de trabalho sobre o Estado Ditatorial-Militar, a Comissão Nacional da Verdade menciona o livro "Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988", da pesquisadora Beatriz Kushnir.
Na página 320, o texto aponta os grupos empresariais que colaboraram com a famigerada Operação Bandeirantes e afirma que "constatou a presença ativa do Grupo Folha no apoio à Oban, seja no apoio editorial explícito no noticiário do jornal Folha da Tarde, seja no uso de caminhonetes da Folha para o cerco e a captura de opositores do regime". A ação fascista da famiglia Frias sempre foi denunciada pelas vítimas da ditadura militar. Em 1971, três caminhonetes da Folha inclusive foram queimadas por militantes de esquerda como forma de protesto. Mas os barões da mídia, como as famiglias mafiosas, preferem esconder este fato histórico.
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