NÍVEL HÍDRICO DO SISTEMA CANTAREIRA
Variação Anual/Semestral 2014 do SISTEMA CANTAREIRA
2010 | 94,6 |
2011 | 86,1 |
2013 | 40,1 |
mar/14 | 15,3 |
abr/14 | 12 |
mai/14 | 8,2 |
01/06/2014 Com Volume Morto | 22,4 |
jul/14 | 17,3 |
ago/14 | 13,1 |
set/14 | 9,1 |
16/10/2014 | 4,1 |
Variação Diária
09/10/2014
|
5,3
|
10/10/2014 | 5,1 |
11/10/2014 | 5 |
12/10/2014 | 4,9 |
13/10/2014 | 4,7 |
14/10/2014 | 4,5 |
15/10/2014 | 4,3 |
16/10/2014 | 4,1 |
A fala de Alckmin é importante, em um primeiro contexto, porque ela já contradiz fundamentalmente a tão reiterada promessa de que teríamos abastecimento pleno até Março de 2015, independentemente do que ocorresse.
O Governador, que discursou enquanto que já está tendo seu volume morto aduzido, comentou, em tom de “torcida racional”, que “é evidente que vem chuva”. Triste pensar que a medida mais consistente do Estado mais rico e tecnicamente preparado da federação para lidar com a adversidade seja esse ato de fé. Difícil fazer um paralelo com outra área de política pública em que se pudesse transferir o fator fundamental de seu sucesso para uma variável tão “independente”: talvez, na Educação, seria algo como esperar a melhoria global do desempenho escolar dos alunos com base no bom humor diário de cada um como o fator-chave.
O problema do discurso de Alckmin é que ele, simplesmente, não é verdadeiro. Por sinal, como há muito já se coloca, o fim dessa primeira cota de volume morto coincide com o segundo turno das eleições. Já imaginamos o perigo social, humanitário, econômico (e político) de colossais proporções caso não venha o referendo da Agência Reguladora para a extração de mais água ou se os técnicos do governo de São Paulo não forem capazes de concluir a nova improvisação.
Impressiona, então, o modo como a imprensa produz notícias, uma atrás da outra, sem conectá-las entre si minimamente para que venham a elaborar juízos críticos razoáveis sobre a situação. Não seria preciso, sequer, a convocação de especialistas: bastaria recuperar as próprias matérias para que se confrontasse o que diz o governador em um momento e o que afirma em outro, ou o que a SABESP noticia em um documento e o que publica em outro.
Digo que esse modo de produção jornalística – para além de toda a sua dimensão ideológica – acaba por se configurar como uma espécie de fordismo por se basear uma elaboração de informações e fatos como fins em si mesmos, como pequenas peças desconectadas de uma engrenagem muito maior – que, em razão desse afastamento, impedem com que o cidadão leia a matéria e seja capaz de compreender a gravidade do que está ocorrendo. Não importa, nesse modelo, se há alguma relação entre a peça anterior e a próxima, se são diferentes, se há contradição entre elas, se elas se suplementam. É irrelevante. Noticia-se um dado solto no ar, como uma mera obrigação jornalística, como um evento encerrado em si mesmo, sem vocação sistêmica. Não me parece difícil de defender o quanto isso inviabiliza o senso crítico do leitor e da sociedade de modo amplo, e o quanto isso cria barreiras para se intervir adequadamente no problema e para que identifiquemos com clareza os responsáveis – da cidade dos homens, e não da cidade de deus – pela crise. No final, quem se torna o operário do conhecimento, sem consciência hermenêutica e alienado da realidade material, não é ninguém menos do que eu e você.
Colaboração: BLOG DE SERGIORGREIS
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