Os pretextos para sanções, segundo sublinharam os diplomatas russos, são inventados: Washington e seus aliados afirmam sem ter provas que a Rússia está armando os rebeldes ucranianos e que está envolvida na perda do Boeing malaio.
A União Europeia alargou mais uma vez a chamada “lista negra” de pessoas físicas e jurídicas que alegadamente estão envolvidas na “desestabilização” do Sudeste da Ucrânia. Nessas listas foram incluídos mais 15 cidadãos da Rússia e da Ucrânia, no total são já 87 nomes. Além disso, ela inclui pela primeira vez 18 empresas e organizações. Como dizem os políticos europeus, essas medidas deverão obrigar Moscou a “rever seus atos” na Ucrânia.
As sanções não são um fim em si mesmas, declarou o chefe da representação da União Europeia na Rússia Vygaudas Usackas:
“Na vida tudo é temporário e as sanções também. Pois quando elas são aprovadas, são-no por um determinado período, mas elas poderão ser prorrogadas ou levantadas. O objetivo é fazer pressão sobre os atos dos nossos parceiros. O próprio fato de nós aprovarmos sanções contra a Rússia no século XXI é de admirar. Que mais podemos fazer?”
Os autores morais das pressões sobre Moscou, os EUA, já antes tinham introduzido sanções contra grandes estruturas comerciais russas, incluindo o Gazprombank e o Vnesheconombank, a Rosneft e algumas empresas da indústria de defesa. Agora a Washington se junta Ottawa. Segundo as autoridades canadenses, as sanções pressupõem a suspensão de créditos a empresas, entre as quais, por exemplo, está o famoso consórcio Kalashnikov. A seguir ao Canadá, o governo do Japão declarou que iria rever a possibilidade de alargar as sanções contra a Rússia, segundo especificam, “na sequência da queda do Boeing na Ucrânia”. Tóquio pretende pressionar Paris relativamente à venda à Rússia dos porta-helicópteros Mistral.
A Europa é obrigada a tomar medidas contra a Rússia sob uma pressão sem precedentes dos EUA. À maioria dos países europeus as sanções não irão resultar em nada, exceto em prejuízos. O exemplo mais evidente é o caso dos Mistral, refere o perito nesse sector Vladimir Rozhankovsky:
“Imaginam o que irá acontecer se os franceses não cumprirem o contrato, qual será a ressonância não apenas na Rússia, mas nos outros países? Por isso as sanções retrocedem decididamente para segundo plano. Eu penso que é difícil convencer a Europa a avançar com as sanções. Não apenas no que se refere a fornecimentos de armamentos, mas em todas as outras áreas da cooperação.”
Hoje a imagem da União Europeia como uma formação homogênea já não corresponde à realidade. Cada país europeu tem sua própria posição, inclusivamente nas suas relações com a Rússia, diz o perito Vladislav Belov:
“Se falarmos dos países que mantêm uma posição moderada, eles são os nossos maiores parceiros tanto econômicos, como políticos: a Alemanha, a França e a Itália. No outro extremo se encontram o Reino Unido e a Polônia. O Reino Unido é um país anglo-saxônico tradicionalmente bastante próximo dos EUA, a Polônia também se orienta pelo vetor anglo-saxônico. Entre esses dois extremos, se estamos falando das relações com a Rússia, estão os outros países.”
Ao introduzir sanções contra Moscou, podemos dizer que os EUA não perdem nada. Já os europeus podem perder muito, sublinha a diretora do Centro de Estudos Britânicos Elena Ananieva:
“A retórica é dura, mas ninguém quer perder dinheiro e postos de trabalho. O volume das relações econômicas entre a Rússia e os países da União Europeia é de 400 bilhões de dólares.Com os EUA esse valor é dez vezes inferior. Por isso, para a União Europeia essa questão é muito séria: quais as sanções a introduzir e se elas devem ser aplicadas.”
Temos de referir que nem todas as empresas norte-americanas estão radiantes com as decisões da Casa Branca. Já se formaram lóbis que se manifestam contra as pressões econômicas sobre Moscou. Os primeiros a fazer soar o alarme são os representantes da indústria espacial: sem os motores russos para foguetes nenhum satélite estadunidense será colocado em órbita.
Os canadenses, aliás, já tiveram prejuízos com isso: a empresa espacial COMDEV perdeu milhões de dólares devido ao cancelamento do lançamento de um satélite militar em um foguete russo. Agora a companhia exige ao governo uma indemnização. Portanto, a Europa tem matéria para tirar suas conclusões. É melhor se orientarem por interesses econômicos saudáveis que fazer jogos políticos programados em Washington.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_07_25/Russia-nao-deixar-sancoes-da-Uniao-Europeia-sem-resposta-3105/
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