Espionagem ilegal em Luxemburgo
A queda de Juncker
Ministro há 30 anos e primeiro-ministro há 18, Jean-Claude Juncker apresentou a sua demissão, dia 10, na sequência de um relatório parlamentar sobre os serviços secretos.
Insistindo em negar qualquer responsabilidade pessoal nos fatos apurados, o primeiro-ministro democrata-cristão viu-se de repente isolado, perdendo o apoio do seu parceiro social-democrata de coligação, o que provocou a queda do governo.
As atividades suspeitas dos serviços de informações luxemburgueses remontam ao caso dos bombardeadores («bommeleeër») que, entre 1984 e 1986, semearam o pânico no pequeno país.
Na altura foram efetuados cerca de duas dezenas de atentados à bomba contra postes de alta tensão, gasodutos, instalações aeroportuárias, etc. Os seus autores não só revelavam elevada competência técnica como conseguiam sempre escapar incólumes.

Meses antes, em Novembro de 2012, o semanário Lëtzebuerger divulgou excertos de uma conversa, mantida em Janeiro de 2007, entre o primeiro-ministro, Jean-Claude Juncker, e Marco Mille, que foi até 2010 chefe dos Serviços de Informações.

Na conversa é ainda abordado o envolvimento de membros da família do Grão-Duque no caso dos «bombistas» e referidos contatos regulares do Chefe do Estado com os serviços secretos britânicos.

Várias testemunhas confirmam a participação dos serviços de segurança luxemburgueses nas células clandestinas da NATO, cujas acções em vários países europeus, em particular na Itália, tiveram como objectivo desacreditar as forças de esquerda, imputando-lhes a autoria dos atentados.
A Gladio terá sido oficialmente dissolvida em 1990, mas os serviços luxemburgueses continuaram com rédea solta para efetuar escutas ilegais em larga escala, tráfico de automóveis, abuso de fundos públicos, chegando a constituir uma empresa privada de espionagem.
A comissão parlamentar concluiu que Juncker estava ao corrente da maior parte destas irregularidades e nada fez para as impedir.
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