PCdoB analisa governo Lula e Dilma
Da herança maldita ao novo projeto
O Partido Comunista do Brasil vê nas manifestações de rua um sinal de que «as conquistas não podem parar» e que 10 anos de mudanças ainda não superaram séculos de desigualdade social.

Um decénio que começa em 2003 com a chegada de Lula da Silva à Presidência de um Brasil até então talhado pela política neoliberalista de Fernando Color de Melo e Fernando Henrique Cardoso. Deste legado destaca o documento do PCdoB uma governação que entre 1989 a 2002 extinguiu «12 milhões de empregos», transferiu para o privado setores-chave da sua economia através de «processos contaminados de ilicitudes e corrupção», e sempre com o propósito de reduzir a dívida pública.
Um país em mudança
É esta a herança do Brasil neoliberal de Fernando Henrique Cardoso e é esse o cenário económico e social quando em 2003
Luís Inácio da Silva chega ao Palácio do Planalto e começa a implementar o chamado Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento que tiraria da situação de extrema pobreza mais de 30 milhões de pessoas, alavancando dessa forma «microeconomias regionais a partir do incremento do comércio e do consumo».

O documento do PCdoB sublinha a criação de «20 milhões de empregos formais entre 2003 e 2012», um aumento do salário mínimo de «68,25% entre Abril de 2003 a Janeiro de 2013» e o seu alargamento aos trabalhadores rurais, o que atingiu «20 milhões de pessoas», e a «maior redução do desemprego desde 2008, segundo dados do FMI».
Neste processo de desenvolvimento o documento destaca os Programas de Aceleração do Crescimento que começaram por fortalecer o sistema financeiro público, proporcionando o alargamento da oferta de crédito e da capacidade de consumo.
É referido o aumento da capacidade de empréstimo à economia por parte do Banco Nacional do Desenvolvimento (de 37,4 mil milhões de reais em 2002 passou para os 168,4 mil milhões em 2010). O investimento público cresceu de 2,6% do PIB em 2003, para 4,7% em 2010 e a Banca pública foi de extrema importância no financiamento da economia quando o governo de Dilma decidiu baixar as taxas de juro impondo «ao setor financeiro privado uma ampla concorrência no mercado de crédito».
É referido o aumento da capacidade de empréstimo à economia por parte do Banco Nacional do Desenvolvimento (de 37,4 mil milhões de reais em 2002 passou para os 168,4 mil milhões em 2010). O investimento público cresceu de 2,6% do PIB em 2003, para 4,7% em 2010 e a Banca pública foi de extrema importância no financiamento da economia quando o governo de Dilma decidiu baixar as taxas de juro impondo «ao setor financeiro privado uma ampla concorrência no mercado de crédito».
Ainda assim, as teses que os comunistas brasileiros vão debater referem a subsistência de um Brasil «muito desigual», com dificuldades de mobilidade urbana, de segurança, de habitação, saneamento, violência, criminalidade, um Sistema Único de Saúde «precário», uma educação pública de «fraco nível» e não universal. Estão pois explicadas as tensões sociais crescentes que, na perspectiva dos comunistas brasileiros justificam as recentes manifestações de rua por todo o Brasil.
Os pontos do pacto de Dilma
Em resposta às manifestações de rua, a presidente Dilma Rousseff estabeleceu um pacto com governadores, prefeitos, movimentos sociais e instituições da República no qual constam aumentos no investimento para melhorar a mobilidade urbana, em especial o transporte público; na educação pública, ao qual se destinam 100% dos royalties do petróleo, e na melhoria da Saúde.
Estas propostas coincidem com o caderno reivindicativo das populações que se manifestaram nas ruas, mas também eram medidas «há muito reclamadas pelas forças progressistas, designadamente pelos comunistas», refere a direcção do PCdoB.
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