Daniela Fernandes - De Paris para a BBC Brasil
Dilma é a segunda líder a ser recebida
em uma visita de Estado por Hollande
A presidente Dilma Roussef inicia uma visita de Estado de dois dias à França com um discurso afinado ao do presidente francês, François Hollande, sobre a necessidade de medidas de estímulo ao crescimento econômico para superar a crise.
Na tarde desta terça-feira, Dilma e Hollande farão em Paris o discurso de abertura do "Fórum pelo progresso social: o crescimento como saída da crise".
O evento, organizado pelo Instituto Lula e pela fundação francesa Jean Jaurès, reunirá durante dois dias na capital francesa intelectuais, políticos e ministros, como o da Fazenda, Guido Mantega, e o das Finanças da França, Pierre Moscovici.
O ex-presidente Lula fará o discurso de encerramento do evento na quarta-feira.
"Esse seminário é importante nesse momento marcado pela crise que vive sobretudo a zona do euro", disse na segunda-feira o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em frente ao hotel Bristol, onde Dilma está hospedada desde segunda-feira, a poucos metros do Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa.
A presidente brasileira vem criticando em discursos as políticas de austeridade adotadas na Europa, afirmando que o aperto fiscal pode agravar a recessão, e defendendo ações coordenadas dos países para estimular o crescimento econômico.
Com um discurso semelhante, o socialista Hollande, que tomou posse em maio, lançou o debate na Europa sobre medidas para retomar o crescimento no continente e criticou severamente as políticas de austeridade impostas pela Alemanha, embora sempre tenha ressaltado que as dívidas públicas dos países precisam ser reduzidas.
Mas apesar da "afinidade" com Dilma em relação às ações para combater a crise, Hollande, na prática, apresentou um projeto de orçamento para 2013 que prevê um ganho de 30 bilhões de euros, obtido com cortes de gastos e aumentos de impostos, considerado o aperto fiscal mais severo nos últimos 30 anos no país.
Reunião presidencial
Apesar do discurso, Hollande teve de adotar
severas medidas de austeridade
Outro evento importante da agenda de Dilma é a reunião com Hollande no palácio do Eliseu, no final desta tarde, seguida de um jantar oficial.
Dilma é a segunda líder a ser recebida em uma visita de Estado pelo novo presidente francês (o primeiro foi o premiê italiano, Mario Monti).
A visita de Estado, a maior na hierarquia de encontros de líderes, prevê uma série de eventos, como honras militares e visita ao parlamento.
Dilma participa de uma cerimônia militar nos Invalides, onde está o túmulo de Napoleão Bonaparte, e depois faz um desfile oficial de carro, escoltado pela cavalaria da Guarda Republicana, que passará pela avenida Champs-Elysées.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, que falou brevemente à imprensa na segunda-feira, esta visita de dois dias da presidente à França resultará na ampliação da Parceria Estratégica entre os dois países, iniciada em 2006.
Ela prevê cooperação nas áreas de defesa, educação e energia. Patriota, entretanto, não deu mais detalhes sobre o reforço da parceria nesta visita.
Entre os acordos bilaterais que deverão ser assinados, está a ampliação do programa Ciência sem Fronteiras na França, que atualmente é o segundo destino mais procurado por estudantes brasileiros (são mais de 2 mil no país).
De acordo com Mercadante, grandes empresas francesas vão anunciar vagas de estágios de três meses na França para estudantes desse programa.
Dilma passou a segunda-feira em Paris sem agenda oficial, "revisando discursos" no hotel e fazendo reuniões com assessores.
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