DONA ROSINETE APROVOU!
Do alto do Morro da Baiana, a dona de casa Rosinete Augusto Nascimento da Silva, 39 anos, tem a sensação de ter a cidade do Rio de Janeiro a seus pés. Mas o “asfalto”, na realidade, fica a 30 minutos de caminhada até o ponto de ônibus ou até a estação ferroviária de Bonsucesso, subúrbio carioca. A partir da inauguração do teleférico do Complexo do Alemão – construído com recursos do PAC em parceria com o governo estadual -, a paisagem da Cidade Maravilhosa vai ficar de fato mais próxima para a família de Rosinete e de outras 85 mil pessoas que vivem em 13 comunidades da Zona Norte da capital fluminense.A dona de casa se surpreendeu ao ser citada pela presidenta Dilma Rousseff, durante o discurso na cerimônia de inauguração do teleférico – realizada no Morro do Adeus -, como exemplo de uma moradora que desejava deixar a comunidade para buscar uma vida melhor em outro local, realidade que começa a mudar. “Com certeza, a Rosinete terá muitos motivos para se orgulhar da comunidade dela”, declarou a presidenta Dilma.
“A realidade vai mudar muito. Já experimentei o teleférico e é muito bom”, diz Rosinete ao Blog do Planalto, que saiu há mais de 20 anos de Natal (RN) para morar no Rio, onde casou e teve filhos.
Imagens da visita da presidenta Dilma ao Complexo do Alemão, no Rio
O teleférico do Alemão é um símbolo do PAC
Presidenta Dilma Rousseff, junto com o governador Sérgio Cabral, o vice-governador Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o ministro Mário Negromonte ao descerrar a placa de inauguração do teleférico do Complexo do Alemão. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Após ter recebido alcunha de “Mãe do PAC”, ainda quando ocupava a Casa Civil no governo do presidente Lula, numa visita ao Rio, a presidenta Dilma Rousseff subiu nesta quinta-feira (7/7) o Complexo do Alemão para, de um palanque montado em frente a Estação do Morro de Adeus, inaugurar o teleférico -- um moderno meio de transporte -- junto com o governador Sérgio Cabral e o prefeito do Rio, Eduardo Paes. No discurso, a presidenta afirmou que “o teleférico do Alemão é um símbolo do PAC” e emendou: naquilo que esse programa tem de mais importante para o Brasil que vem a ser investir no cidadão.
“Não fazemos obras por causas materiais, mas para beneficiar a vida de cada um. Aqui nós temos pessoas anônimas que tiveram suas vidas modificadas.”
A presidenta Dilma iniciou o discurso lembrando o papel do presidente Lula para alavancar o projeto. Ela também destacou a parceria entre os governos federal, estadual e municipal, pois se isso não tivesse acontecido as obras na região do Alemão dificilmente sairiam do papel. “Quero reconhecer aqui um fato importantíssimo nessa obra. É uma obra de mãos dadas entre os governos do estado, da prefeitura e do governo federal. Vejam que uma obra deste tamanho, de mobilidade urbana, que faz parte… é fruto de uma parceria muito estreita. Uma parceria de interesse que é o povo do Rio de Janeiro, e também o povo aqui do Alemão”, destacou.
Ainda no discurso, a presidenta Dilma ressaltou a participação das Forças Armadas no processo de pacificação das cinco comunidades, bem como a integração com as forças policiais fluminenses “na construção de um ambiente de paz aqui no Alemão”. E enfatizou a importância do teleférico para a população do complexo de comunidades carentes da capital carioca.
“Essa linha em frente contou com a ajuda de vários companheiros. Todos tiveram grande empenho na construção do ambiente de paz. Tem tudo a ver com democracia e com ambiente de justiça social. Estamos vivenciando algo muito importante. O Brasil tinha hábito de que uma parte da população ficava condenada ao máximo abandono. Estamos fazendo com que o estado brasileiro assuma condição de gastar recursos com aqueles que mais precisam pois foram abandonados durante anos e anos.”
Dilma Rousseff enfatizou que a cerimônia de inauguração do teleférico representava a comemoração “a esse respeito à cidadania dos moradores do Alemão”. Ainda durante o discurso, a presidenta lembrou que nesta data inaugurou também uma agência dos Correios e um posto de atendimento do INSS. Os dois serviços a serem prestados à população, conforme ressaltou, permitirão as mesmas facilidades que são oferecidas em outros postos do país.
Ou seja, a partir de agora, em no máximo 30 minutos, um contribuinte da Previdência Social poderá se aposentar ou iniciar o processo para receber benefícios da previdência pública, como auxílio doença ou auxílio maternidade. Na agência dos Correios, segundo a presidenta, além de postar correspondências ou encomendas, o cidadão poderá pagar suas contas ou receber recursos por meio do Banco Postal.
“Hoje vocês viram que o INSS inaugurou aqui um posto de atendimento. Ia ser pequeno. Mas nos deram um espaço maior. Vamos prestar aqui serviços que prestamos em qualquer posto do INSS. Aposentadoria, auxílio maternidade… Outro serviço que inauguramos aqui é o dos Correios. Poderão ser feitos pagamento e recebimento de contas junto ao Banco Postal. É o verdadeiro milagre social”, disse a presidenta ao ser aclamada por um morador que encontrava-se entre as pessoas que assistiam a cerimônia.
O teleférico do Complexo do Alemão
As gôndolas do teleférico do Complexo da Alemão ficam em período de testes por mais algumas semanas, mas a população já pode ser transportada pelas cinco comunidades. Foto: Edezio Patriota Junior/PR
O teleférico do Alemão facilitará o deslocamento dos moradores em áreas de difícil acesso, como no alto do morro. Aproximadamente 70% da população do Complexo, que possui 85 mil habitantes, utilizará o novo meio de transporte. Com ele, a comunidade reduzirá para 15 minutos o trajeto até a sua entrada. Atualmente, o transporte é feito por Kombi ou a pé e leva uma hora.
Para a construção do teleférico, foram investidos R$ 210 milhões do PAC, com contrapartida do governo do estado. O total de investimento pelo Programa na comunidade é de R$ 939,4 milhões.
A extensão do teleférico é de 3,5 quilômetros, com 152 gôndolas -- os chamados bondinhos, com capacidade para transportar até dez pessoas, permitindo atender 30 mil passageiros por dia. Ao todo, são seis estações: Bonsucesso, Adeus, Baiana, Alemão, Itararé e Palmeira, sendo uma com integração. O Brasil será o segundo país da América do Sul a utilizar esse tipo de transporte em comunidade carente. A cidade colombiana de Medellín foi pioneira.
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